Opinião GP: Com poder nas mãos das equipes, regulamento da F1 vira item de barganha para Red Bull
A FIA deu o poder às equipes na confecção do regulamento do Mundial de F1, e isso agora se apresenta na mais cruel de suas facetas: a aprovação de regras virou item de barganha
Hoje, no entanto, a entidade mais supervisiona o processo de confecção das regras do que efetivamente legisla. Com a criação do Grupo de Estratégia da F1, tudo precisa ser votado pelas equipes, e é aí que começa um perigoso jogo de interesses que contamina o campeonato.
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A F1 sempre teve tais jogos de interesses, brigas políticas, negociações nos bastidores, e isso é impossível evitar. Até porque ocorriam casos em que era necessária a aprovação de todos os times. Mas quando começou a se falar em entregar o poder sobre as regras às escuderias, era óbvio que, mais dia, menos dia, um grande dilema ocorreria.
Foi o que mencionou, na semana passada, a versão norte-americana do site 'Motorsport'. A Red Bull, sem motores para o próximo ano, pode fazer valer sua posição dentro do Grupo de Estratégia e bater de frente com a Ferrari para garantir as tão almejadas unidades de força fabricadas em Maranello para 2016.
Os italianos gostariam de ter o desenvolvimento liberado durante a temporada para poder correr atrás do terreno perdido em relação à Mercedes. O apoio rubro-taurino cairia bem. Por outro lado, também gostariam que fosse mudado um item do regulamento que permitiria o fornecimento de versões antigas dos motores para outras equipes, tema que já foi debatido nas reuniões do Grupo de Estratégia. E os rubro-taurinos podem vetar.
As equipes sempre vão puxar a sardinha para o seu lado, e dificlmente vão conseguir entrar em um consenso. Isso vem ficando evidente nas reuniões do Grupo de Estratégia, o qual demora para apresentar resultados. Na verdade, praticamente não apresentou nada de concreto desde que foi criado.
Mas o pior é aparecer justamente uma situação dessas: as regras viraram um item de barganha. No passado, já houve casos em que um ou outro ime fez pressão, é verdade. Desta vez, no entanto, trata-se de uma estrutura oficial sendo usada para mediar uma negociação entre equipes.
Bernie Ecclestone costuma sempre deixar claro que é contra o processo democrático que se instaurou na F1 atual. O fato de ter muita gente dando opinião é considerado positivo por um lado, mas o octogenário britânico entende que tudo ficaria melhor gerido nas mãos de apenas uma única pessoa com poder para decidir. No caso, ele próprio. Éric Boullier, diretor-esportivo da McLaren, também partilha da ideia e se mostra contra a dita 'democracia' na categoria.
A F1, com a competição ferrenha que tem, precisa de uma estrutura mais vertical, para agilizar o processo, e imparcial. É preciso rever o atual conceito antes que consequências mais graves sejam alcançadas.
O Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.
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