Opinião GP: Ferrari acusa golpe durante e após corrida em Singapura. E praticamente entrega campeonato

Desta vez, o erro foi no pit-wall. A Ferrari decidiu por uma estratégia agressiva e não conseguiu colocar Sebastian Vettel em posição de lutar pela vitória. Diante de um cenário de novo desolador, a equipe italiana acusou o golpe, mas optou pelo papel de má perdedora. Agora, o campeonato se encaminha para um cada vez mais perfeito Lewis Hamilton

UMA ESTRATÉGIA TÃO mal feita quanto à da Itália. Uma cara de derrota no pódio. Um tweet de péssima perdedora. A trinca de fatores do domingo (16) em Singapura já acusa, por si só, o quanto a Ferrari sentiu a derrota em um local onde deveria se impor sobre a Mercedes. Mas ela vem envolta em mais um fim de semana primoroso de Lewis Hamilton. E é por isso que qualquer fio de esperança nas seis provas que restam praticamente se esvai: não dá para pensar que o inglês, guiando da forma que está, vai entregar 40 pontos de bandeja para uma equipe que, mesmo tendo melhor equipamento, tem um piloto que está longe do seu melhor.
 
A Ferrari foi para a corrida deste domingo sabendo que tinha de buscar o tudo ou nada. Já na largada, Sebastian Vettel até conseguiu superar Max Verstappen, mas em nenhum momento acoçou Hamilton na luta pela vitória. A coisa tinha de partir dos boxes: a estratégia de paradas. Foi na volta 15, então, que o alemão foi chamado. A surpresa: os pneus hipermacios foram trocados pelos ultra. Era algo similar ao que haviam feito com Kimi Räikkönen em Monza: se chegasse até o fim, os pneus estariam no bagaço.
 
Dito e feito: Vettel não parou mais, mas terminou quase 40s atrás de Hamilton. Em terceiro. Depois de ter sido ultrapassado nas paradas por Verstappen. 
 
Não à toa, a cara de Sebastian no pódio era esta:
Vettel admitiu que a estratégia da Ferrari não deu certo nesta noite (Foto: Reprodução)
Quer dizer, a equipe italiana foi para uma estratégia de desespero quando se viu atrás de novo. E a Vettel faltou confiança. De cara, percebeu o erro e se conformou. Talvez pensando em como o time chegou a situação em que se encontra. Não fossem os erros seguidos e derrotas em pistas em que deveriam mandar, certamente o campeonato teria outra cara. É possível que o #5 até liderasse. Mas Singapura representava a chance de redenção da Ferrari e de Seb depois do aconteceu em Monza. A pista era mais favorável, a performance estava lá, mas o fim de semana se mostrou traiçoeiro. E os italianos caíram na armadilha.
 
Tudo começou na sexta-feira, quando Vettel cometeu um erro em um momento importante do TL2. Aquela batida no muro o impediu de simular o ritmo de corrida e reduziu o tempo de pista. O trabalho, então, tinha de ser realizado no sábado. O alemão até mostrou do que era capaz no terceiro treino, mas pouco antes da classificação, a Ferrari precisou mexer no carro, havia uma falha em uma das baterias. Na disputa da pole, Seb não conseguiu tirar tudo do carro, cometeu pequenos erros e acabou vendo Hamilton triunfar com uma volta mágica e quase perfeita. Outro golpe duro. 
 
Aí veio a corrida. E Hamilton não só se mostrou forte, mas como também soube manter um ritmo consistente, tanto com os pneus hipermacios, quanto com os macios que colocou mais tarde. Já a Ferrari tentou algo diferente, também por ter entendido mal a mensagem dada por Lewis pelo rádio, ainda no início da corrida. O inglês relatou que ainda tinha muito pneu – tanto que vinha virando tempos melhores -, mas a equipe vermelha entendeu o contrário. Trouxe Vettel muito cedo, mudou para os ultramacios, na tentativa de pegar Hamilton. Mas acabou subestimando o cenário. 
 
O alemão perdeu tempo demais no tráfego, foi superado pelo holandês da Red Bull e precisou mudar de tática, poupando pneu para garantir o último lugar do pódio. Como se não bastasse, a Mercedes ainda marcou em cima a estratégia ferrarista e também chamou cedo Lewis. Mas a segura escolha de pneus (macios e duráveis) e o rendimento apresentado pelo britânico foram determinantes. 

O campeonato ainda não acabou, embora a diferença agora não pareça tão frágil quanto antes. Só que a balança está pendendo cada vez mais para o lado de Hamilton, pela excelência com que pilota e pelas decisões sábias de sua Mercedes. O inglês tem muito crédito nas recentes vitórias em pistas que não favoreciam, e a equipe trabalhou muito bem depois da derrota em Spa-Francorchamps.

À Ferrari cabe aprender a lição. Ainda há espaço para se recuperar. A próxima corrida acontece na Rússia, onde Lewis não tem sido tão forte nos últimos anos. Só que a esquadra vermelha terá de fazer mais. 

Lewis Hamilton vem em uma fase quase imbatível e sem erros (Foto: Mercedes)
Só que para completar o domingo de derrota, a Ferrari jogou nas redes sociais um resumo daquilo que achou ser a prova. Disse, em tradução livre, que "Chatice foi a vencedora em Singapura". Ainda que houvesse um quê de realidade, pareceu, no fim das contas, uma desfeita para esconder quem de fato havia ganhado — quem, de fato, foi maior que a chatice em Singapura.

O Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana.

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