Opinião GP: Hamilton é mais do que o carro: recorde absoluto reflete resiliência e trabalho

Lewis Hamilton se tornou o maior vencedor da história da Fórmula 1. O recorde veio em uma corrida inédita no calendário e que exigiu calma e frieza para administrar todas as adversidades. Uma vez mais, o inglês provou que é mais do que a máquina de pilota e que merece toda a reverência deste esporte

Da mesma forma que a vitória 91 tinha de acontecer em um palco reconhecido para a Fórmula 1, o recorde absoluto também precisava ser em um cenário verdadeiramente desafiador. Por isso, a vitória 92, que agora faz de Lewis Hamilton o maior vencedor da história deste esporte, não poderia ter sido em lugar melhor. A espetacular pista de Portimão e toda a sua singularidade ofereceram todo o tipo de condição para que o inglês, uma vez mais, ratificasse sua posição de referência. O trabalho que Hamilton conduz dentro da Mercedes e nas pistas pelo mundo é único. E precisa ser valorizado como tal.

Metódico, Hamilton obedece a um sistema muito particular a cada fim de semana. Ainda que tenha no currículo seis títulos mundiais e agora 92 vitórias, Lewis não se acomoda. Estuda cada trecho de um novo circuito, aprende a observar o comportamento dos pneus e interpreta como ninguém os dados. Quase decora a telemetria. A verdade é que se tornou quase um engenheiro, tendo na parceria estreita com Peter Bonnington uma fonte de informações valiosas e de confiança. E a etapa portuguesa deixou isso muito claro: o britânico foi superado pelo companheiro Valtteri Bottas em todas as sessões de treinos, exceto naquela que valia.

A largada do GP de Portugal foi tumultuada (Foto: Mercedes)

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Quando a Mercedes entregou nas mãos dos pilotos a decisão de que tipo de pneus escolher e do momento de ir à pista, Hamilton adotou os médios e entendeu antes que eram necessárias mais voltas para aquecer corretamente a borracha amarela. A pole surgiu desse trabalho minucioso. Na corrida, vieram outros exemplos dessa compreensão maior que Hamilton demonstra ter. A largada foi particularmente difícil por conta da temperatura baixa dos pneus, aliada aos pingos que deixaram o piso ainda mais escorregadio. Apesar de partir bem do posto de honra, o dono do carro #44 se viu perdendo posições, mas teve frieza para esperar o melhor momento.

Sem cometer erros, esperou até entrar na janela de temperatura ideal para ir jantando os adversários, incluindo o cara que tem o mesmo carro. A partir de então, Hamilton entrou em sua zona de conforto. Enquanto Bottas tentava lidar com os problemas de desempenho dos pneus, chegou a cogitar os compostos mais macios, que não eram os melhores, e acabou tendo de acatar a decisão da equipe, a mesma de Lewis, em trocar para os duros. O finlandês se descolou totalmente do líder da corrida e chegou a sentir uma pequena ameaça de Max Verstappen. Lá na frente, Hamilton deu outra demonstração de força.

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“Este é um esporte incrivelmente físico, mas eu tive uma câimbra na minha panturrilha direita. Estava tirando o pé na reta porque estava repuxando. Foi muito doloroso, mas eu tive de passar por isso de alguma forma porque é o que é”, contou aos jornalistas.

E acrescentou algo que é bem seu: “Só poderia ter sonhado em estar onde estou hoje e não tinha uma bola de cristal quando escolhi vir para este time e fazer parceria com essas pessoas incríveis, mas aqui estou, e o que posso dizer é que estou tentando aproveitar ao máximo todos os dias. Tudo o que fazemos juntos, estamos todos remando na mesma direção, e é por isso que estão vendo o sucesso que estamos tendo”.

Afinal, a Mercedes tem muito de Hamilton nela: o trabalho resiliente e preciso, a busca pela perfeição e, acima de tudo, a união. Talvez esse seja o ponto mais forte de toda essa estrutura. Lá no começo dos anos 2000, Michael Schumacher construiu um grupo coeso ao redor de si, com o único objetivo de vencer. Agora, Hamilton molda um grupo a seu comando. Não foi ele quem escolheu as pessoas que estão ao seu redor, mas foi ele quem as transformou no que são neste momento. Portanto, o inglês é, sim, mais do que o excelente carro que pilota. Ele É a diferença.

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