Opinião GP: Norris brilha e faz o que tem de fazer, mas é preciso mexer com Verstappen
Lando Norris brilhou na noite de Singapura. Executou talvez a melhor largada da carreira no apagar das luzes e venceu de ponta a ponta. Vitória maiúscula, sem dúvida. No entanto, o esforço ainda esbarra das chances perdidas ao longo da temporada e não se mostra o bastante para golpear mais firme o adversário. Porque Max Verstappen, mesmo sem o melhor dos carros, soube como controlar os prejuízos ao cruzar a linha de chegada em uma forte segunda colocação. Há ainda um campeonato em aberto, só que a McLaren terá de fazer bem mais
LANDO NORRIS NÃO DEPENDE MAIS dos próprios resultados para conquistar o Mundial de Pilotos da Fórmula 1 2024. Parece insano dizer isso, especialmente após a avassaladora vitória conquistada neste domingo (22) em Singapura. É a realidade dos fatos. Todas as diversas chances perdidas neste campeonato agora cobram um preço alto, e ainda há esse desaforado Max Verstappen. O incansável piloto da Red Bull foi capaz de minimizar o prejuízo e segue à espreita, líder do campeonato e com uma vantagem significativa. No entanto, ainda que o triunfo pareça pouco, e realmente é o caso, há sinais encorajadores do brilho na noite da cidade-estado asiática. Porque Lando fez o que se esperava dele, o que tinha de fazer, enfim. É o tipo de performance que pode mudar os rumos da história, se passar a contá-la de um modo um pouco diferente.
No apagar das luzes e tendo o rival tricampeão ao lado como uma sombra, o inglês executou, certamente, uma de suas melhores largadas na F1. Partiu firme e não deu margem, contornando a primeira curva à frente. Depois, ditou o ritmo e até esnobou. Quando o engenheiro Will Joseph lhe pediu para acelerar e abrir uma vantagem segura para o pit-stop, Norris se distanciou facilmente e sumiu. Antes mesmo do chamado ao pit-lane, o piloto #4 já tinha o bastante para visitar os boxes e ainda voltar na liderança, independente do que faria a Red Bull. E mesmo parando depois, voltou com folga à ponta e por lá ficou até a bandeirada, somando importantes 25 pontos. Teriam sido 26, não fosse a astúcia taurina — Daniel Ricciardo, da RB, trocou os pneus no fim e roubou a melhor volta da corrida.
Ainda assim e apesar de dois grandes descuidos, quando chegou a resvalar no muro — fruto de uma perigosa perda de concentração —, Lando levou a McLaren a um triunfo que deve ter mais um efeito psicológico do que propriamente em números na tabela de classificação. Isso porque o britânico foi capaz, talvez pela primeira vez em 2024, de driblar a tensão do favoritismo, os vacilos e o teste que, de certa forma, o neerlandês lhe impôs em Singapura. Não foi fácil, o rosto exausto ao fim da corrida falou mais do que o extremo esforço físico da prova em si. Será fascinante — e talvez determinante — entender como esse Norris de Singapura vai voltar após a pausa que o campeonato terá até a etapa nos Estados Unidos.
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É esse cenário que realmente interessa. Por um lado, a McLaren segue favorita e líder entre os construtores, mas há o Mundial de Pilotos e não se pode desprezá-lo. Ainda que a vitória em Marina Bay pareça uma gota no oceano, uma vez que Norris descontou o mínimo de pontos para Verstappen, há uma forma de alcançar a taça. Por isso, será necessário fazer mais.
Lando terá de apresentar a mesma preparação, foco e performance de Singapura daqui em diante. E será imperativo também que a McLaren tenha uma abordagem mais agressiva. Da mesma maneira como a Red Bull lançou mão da equipe caçula, a esquadra de Andrea Stella também terá de reunir tudo que tem para tirar pontos do adversário e mantê-lo longe não só do degrau mais alto do pódio, como da segunda posição. É aí que entra também Oscar Piastri. O australiano viveu uma corrida em Marina Bay muito aquém do potencial do carro laranja, e isso se deve e muito aos erros na classificação do sábado. Agora, qualquer pequeno equívoco vai custar caro.
Ainda, a McLaren tem a seu favor esse extraordinário carro que se adapta a todo tipo de pista. É claro que há traçados melhores, como esse de Singapura, Hungria e Zandvoort, mas a equipe não pode duvidar de si, pois venceu em circuitos muito diferentes. Essa é a grande sacada em relação à Red Bull, que ainda oscila. E não há certeza de como será a partir de Austin.
E por último, mas não menos importante. É preciso mexer com Verstappen. O confronto direto, a ameaça, são situações que mais atiçam o neerlandês. Às vezes, você tem de cutucar a onça com vara curta.
A Fórmula 1 agora faz longa pausa e retorna de 18 a 20 de outubro em Austin, Estados Unidos, início da perna americana da temporada 2024.
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