Prancheta GP: Acerto menos conservador faz Mercedes vencer no México

O autódromo Hermanos Rodríguez exige uma configuração especial dos carros devido a alta altitude. Por isso, as equipes recorrem a ajustes muito específicos. No último fim de semana, a Mercedes foi quem mais ousou, e isso foi determinante para a vitória, como explica Paolo Filisetti no Prancheta GP

Neste ponto da temporada, o desenvolvimento dos carros está limitado às características de cada pista, uma vez que o departamento de design das equipes há muito tempo já concentra toda a sua capacidade e operação na definição e nos detalhes do carro de 2020. Quanto ao GP mexicano, na realidade, os requisitos específicos da pista da Cidade do México impuseram a todas as equipes um ajuste geral dos monopostos. E o que queremos dizer com isso? A rarefação do ar a uma altitude de 2.250 m é igual a cerca de 40% e envolve a implementação de contramedidas direcionadas tanto para reduzir o efeito aerodinâmico, em termos do menor downforce produzido, como também com relação ao sistema de resfriamento dos componentes da unidade de potência e dos freios. Tudo isso para compensar adequadamente a perda de potência dos motores. 
 
A Mercedes estava entre as equipes mais ativas, trabalhando em uma configuração do W10, que integrava um aumento maciço das entradas de ar para a dissipação de calor e um enorme aumento na passagem do fluxo de ar que saía dos radiadores, na parte da traseira. De fato, a seção do orifício de passagem do triângulo superior da suspensão foi aumentada para garantir a troca de calor adequada, especialmente na área onde a turbina está localizada. 
Observe nos detalhes circulares (1) as grades de dissipação de calor colocadas na lateral do cockpit. Na parte traseira (2), em vez disso, a seção do orifício de passagem do triângulo superior da suspensão foi aumentada. Dessa maneira, o fluxo que passa por ele aumentou sua função de 'rebocar' em direção à parte traseira, saindo a parte inferior do fluxo dos radiadores (Ilustração: Paolo Filisetti)
Paralelamente, foram adotadas fendas nas laterais do cockpit, como já aconteceu em GPs de clima quente, como no Bahrein. O desempenho do motor projetado e construído em Brixworth, na verdade, não parece ser excelente em suas duas últimas versões (fase 2 e fase 3), apresentando uma significativa lacuna na comparação com a Ferrari. Por isso, tentando preencher essa diferença, e gerenciando adequadamente os fatores ambientais descritos acima, os engenheiros da Mercedes se concentraram em adotar modos menos conservadores do que os usados nos GPs anteriores.
 
E isso foi confirmado na parte final da corrida mexicana, quando foi dito a Lewis Hamilton que havia a seu dispor a potência máxima fornecida pelo motor, como forma de manter Sebastian Vettel a uma distância segura.
Entre as medidas adotadas pelas equipes para garantir a troca de calor suficiente, houve um aumento na seção do chassi na parte traseira do carro. No caso da Red Bull, isso foi acompanhado pela integração de "chaminés" no nível do triângulo superior da suspensão, seguindo de fato, mesmo que de maneira visualmente diferente, o mesmo princípio adotado pela Mercedes (Ilustração: Paolo Filisetti)
O grande esforço da turbina e o aumento da temperatura interna foram os fatores mais controlados pelos engenheiros da Mercedes durante toda a corrida. A otimização do resfriamento também orientou a configuração da adotada pela Red Bull.

A seção traseira do RB15, de fato, foi consideravelmente melhorada ao apresentar uma espécie de 'megafone'. Na parte superior, no nível do orifício de passagem do triângulo superior da suspensão, o chassi ainda tinha, embora bem conectado, uma 'chaminé' para melhorar significativamente a saída de calor. 

 
Quanto à Ferrari, a SF90 de Vettel e Charles Leclerc apresentou um aumento nas entradas de ar muito menos evidente do que nos carros rivais. Nas extremidades da parte traseira do carro austríaco, a borda traseira do chassi tinha um perfil modificado, cortando parte dela e aumentando, assim, a seção de passagem do ar que saía dos radiadores. 
 
Mais interessante, por outro lado, foi a adoção, durante o terceiro treino livre, de uma faixa de sensores de pressão colocados na parte inferior, em frente ao 'cotovelo' da conexão do difusor. Foi um teste funcional para o projeto 2020, para medir o fluxo e a pressão do fluxo de ar nesta seção do carro, com a versão recente do assoalho – introduzida em Singapura.
Mesmo a Ferrari, embora menos claramente que suas rivais, aumentou a ventilação traseira para garantir um resfriamento eficiente. Por outro lado, é interessante a adoção no TL3 de uma faixa de 8 sensores de pressão localizados na base do difusor. Os dados coletados serão usados no design do carro do próximo ano (Ilustração: Paolo Filisetti)
Os dados vão servir de base para comparação no túnel de vento e para a definição dos detalhes dessa área do carro do próximo ano. É correto salientar que esse tipo de avalição realizada durante os treinos livres não representa uma novidade, mas é uma prática consolidada, herdada da Mercedes, que a adotou diversas vezes nas duas últimas temporadas. A precisão dos dados coletados na pista ainda representa, apesar do desenvolvimento de ferramentas de simulação, uma ferramenta fundamental, não em conflito com as novas tecnologias, mas em sua integração.
 

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