Prancheta GP: Como a Red Bull conseguiu se tornar séria rival da Mercedes em 2019

O Prancheta GP desta semana aproveita a volta das férias da Fórmula 1 para explicar como a Red Bull se transformou em uma séria rival da Mercedes na temporada 2019. O jornalista italiano Paolo Filisetti joga luz sobre todas as pequenas e grandes melhorias feitas pela equipe austríaca na primeira metade de temporada e que a levaram a vencer dois GPs

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As recentes vitórias de Max Verstappen na Áustria e na Alemanha, além de seu segundo lugar na Hungria, nos levam a explicar como o RB15 conseguiu aumentar sua competitividade desde o início da temporada, tornando-se um sério rival para W10 da Mercedes. É importante ressaltar que um carro de F1 é um sistema complexo, e é impossível, acima de tudo, não tecnicamente correto, pegar um único elemento e considerá-lo apenas determinante para a melhoria de desempenho. 

 
Explicar como a Red Bull foi capaz de conquistar o sucesso na Áustria, dando à Honda a primeira vitória na era híbrida, é uma tarefa um pouco mais complicada. Claro que foi uma questão totalmente diferente na Alemanha. Em primeiro lugar, digamos que as características da pista austríaca se adequassem ao DNA deste carro, que podemos situar entre o conceito da Mercedes e o da Ferrari. O RB15, na verdade, apesar de ser um desenvolvimento profundo do RB14, ainda apresentando um ‘rake’ alto como configuração básica, inclui em seus projetos alguns pontos de inspiração das outras duas equipes rivais, não só em termos de eficiência em reta, mas também em relação ao downforce gerado nas curvas médias e rápidas.

Poderíamos dizer que, de certa forma, poderia ser a mistura perfeita dos dois, graças também a uma suspensão dianteira evoluída que funciona em conjunto com a traseira, imitando de uma forma legal uma espécie de sistema FRIC que fornece ao carro sempre a aderência perfeita em todos os pneus. 

 
O desenvolvimento enfatiza a direção que Adrian Newey e sua equipe tomaram para melhorar o desempenho geral e, principalmente, para encontrar o equilíbrio certo, de forma dinâmica e aerodinâmica. Foi de fato interessante ver em Mônaco o buraco fechado do nariz, e tal versão foi mantida nas duas corridas seguintes. Ficou claro que era uma solução que o aerodinamicista de Milton Keynes considerou útil em termos de gerenciamento do fluxo de ar na parte dianteira inferior do carro no Canadá e na França, graças a algumas longas retas, mas na Áustria, com uma configuração diferente da asa traseira e do difusor, foi mais útil ainda para alimentar o duto-S.
 
Mas isso não significa que esta mudança vista em Spielberg poderia explicar o desempenho geral do carro. O Red Bull Ring é uma espécie de pista freia-acelera, freia-acelera, onde a unidade de potência desempenha um papel relevante. É claro que a última evolução da Honda foi capaz de suportar as necessidades deste circuito: não só demonstrou não sofrer sob aquele forte calor de mais de 30ºC, e esta qualidade foi recentemente confirmada na Hungria, mas também se mostrou incomparável em termos de aceleração, um elemento crucial tanto na Áustria quanto na Hungria.

O saldo do carro, permitiu que a equipe adotasse uma estratégia que levou Verstappen a ter pneus mais novos no último trecho da corrida na Áustria em comparação com Charles Leclerc, que tinha parado antes do holandês. Por outro lado, essa qualidade na Hungria deu à equipe a confiança de que os pneus durariam mais do que eles realmente conseguiriam. 

 
As peças e os detalhes minúsculos mudados a partir da Espanha, onde a grande atenção estava voltada para os bargeboards, e depois as asinhas superiores para gerar o downwash – a passagem de vento por baixo – no Canadá, além dos espelhos retrovisores atualizados na França, podem ser considerados apenas ajustes para um equilíbrio de um chassi perfeitamente balanceado no geral. A constante tendência positiva mostrada pelo RB15 antes das férias de verão pode ser um ingrediente fundamental para apimentar as corridas e, quem sabe, até a disputa pelo título na segunda parte da temporada.

As atualizações da Red Bull em destalhes:

VISÃO LATERAL | A distância entre eixos em torno de 3625 mm é certamente menor que as de Mercedes e Ferrari. No entanto, o equilíbrio entre a frente e a traseira é espécie de obra-prima, não apenas aerodinamicamente , mas também pela interação da suspensão (Ilustração: Paolo Filisetti)
 
DETALHE DA SUSPENSÃO | O sistema é radicalmente diferente ao de Ferrari e Mercedes. Não só o terceiro elemento 1) pode ser mecânico ou hidráulico, como vimos em várias mudanças nesta temporada, mas é interessante o inerter transversal; 2) proporciona enorme estabilidade e controle e 3) padroniza as barras de torção visíveis do anteparo frontal (Ilustração: Paolo Filisetti)
ASA TRASEIRA | A asa traseira foi desenvolvida principalmente nas placas laterais (os endplates), com adição ou remoção daquelas franjas verticais traseiras. Foi interessante ver em Baku a versão de baixo downforce com uma altura reduzida da aba e da peça do perfil principal. Isto mostrou o quanto é alto o downforce gerado pela parte inferior do carro (Ilustração: Paolo Filisetti)

ASA DIANTEIRA E BICO | Desde a China, a asa dianteira mudou em termos de perfil principal e curvatura das placas laterais. Pequenas mudanças aconteceram, sendo a mais visível em Mônaco, com a ponta do bico fechada. Na Áustria, adotaram a versão original com a entrada de alimentação frontal do duto-S (Ilustração: Paolo Filisetti)

BARGEBOARDS | Na Espanha, essas ‘barcaças’ passaram por um desenvolvimento maciço, que visava claramente melhorar a eficiência e, principalmente, aumentar o downforce gerado pela parte inferior do carro (Ilustração: Paolo Filisetti)

CHASSIS | No Canadá, a introdução de asinhas no chassi para gerar o fluxo de ar, então auxiliada pela atualização dos retrovisores na França, visava melhorar o gerenciamento do fluxo de ar em direção às entradas dos sidepods para melhorar a eficiência do sistema de resfriamento (Ilustração: Paolo Filisetti)

A próxima etapa do Mundial de F1 acontece já no próximo fim de semana com a disputa do GP da Itália, no icônico circuito de Monza. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e em TEMPO REAL.

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