Red Bull alcança hexa na F1 em temporada sublime e liderada por mágico Verstappen

A vitória de Max Verstappen no GP do Japão foi um retrato da temporada dominante da Red Bull em 2023, que agora celebra o sexto título mundial entre os construtores da F1. A equipe taurina foi impulsionada pelo bem-sucedido RB19, mas também por um Verstappen mágico e competente, que não deu brechas a ninguém. E o ano foi tão supremo que, até o momento, o time soma 15 triunfos em 16 etapas

A Fórmula 1 presenciou em 2023 um dos domínios mais acachapantes da história. É bem verdade que a maior das categorias do esporte a motor está acostumada a hegemonias. Não faz muito tempo, por exemplo, a Mercedes foi capaz de empilhar oito taças do mundo. No entanto, o que a Red Bull faz nesta temporada vai além. Diante de um regulamento ainda complexo e cheio de armadilhas, os taurinos construíram uma máquina quase perfeita. Talvez o melhor projeto que já tenha sido feito em Milton Keynes, mas toda essa performance também tem um nome importante: Max Verstappen. O holandês incorporou esse modelo e se tornou quase invencível. E é essa combinação mágica que agora celebra o Mundial de Construtores por antecipação.

A vitória no Japão — sublime como tem sido o campeonato — também é o retrato exato da superioridade e da competência taurina, que comemora ainda o sexto título de sua história na F1. Uma taça merecida e em um ano de acúmulo de troféus, de números nunca antes alcançados e algumas doses generosas de humilhação impostas aos adversários. Até o momento, são incríveis 15 triunfos em 16 etapas. Verstappen somou 13 conquistas contra duas do colega Sergio Pérez. Não à toa, o dono carro #1 está também prestes a celebrar o tricampeonato com antecedência — deve acontecer no Catar, na próxima prova do calendário.

Mas o primeiro passo para tudo isso veio da prancheta do gênio Adrian Newey. Inventivo, o projetista soube como aprimorar esse RB19. O modelo é um passo largo à frente em relação ao seu ótimo antecessor, pois surgiu com soluções mais avançadas, especialmente no desenho dos sidepods, lateral, asas e difusor. Ao longo da temporada, a Red Bull foi comedida em suas atualizações, mas todas os novos elementos surtiram o efeito esperado. O único revés aconteceu mesmo em Singapura, na semana passada, quando os engenheiros encontraram inesperadas dificuldades para colocar o carro no caminho da vitória. Ainda assim, Verstappen foi capaz de garantir um quinto lugar. Aqui é essencial lembrar: as rivais precisaram de 15 provas para bater os taurinos.

Por isso, é importante pontuar aqui também a monstruosa primeira parte de temporada da equipe dos energéticos. É certo reiterar que a concorrência jamais ofereceu qualquer resistência, mas isso nada tem a ver com a extrema competência da Red Bull. Muito embora a Aston Martin tenha tido alguma força nas primeiras provas, sequer foi capaz de tirar o sono de Verstappen e dos austríacos. Depois, Ferrari, Mercedes e McLaren se aproximaram da esquadra de Lawrence Stroll e, eventualmente, a superaram. E passaram também a viver em uma esquisita troca de forças — mas sempre entre elas, porque o time de Christian Horner nunca mesmo precisou se preocupar com quem era o melhor do resto.

Verstappen venceu a primeira prova do ano com uma diferença de 38s para o primeiro carro não taurino. Fernando Alonso completou aquele pódio. Depois, Pérez garantiu a vitória na Arábia Saudita, tendo cruzado a linha de chegada 5s5 à frente do holandês, que dominava o fim de semana até que uma falha da transmissão levou à perda de potência, abandono e eliminação no Q2. O piloto partiu apenas de 15º, mas impôs o costumeiro domínio para escalar o pelotão. Aí Max levou o tumultuado GP da Austrália, mas acabou derrotado pelo colega de equipe no Azerbaijão.

Sergio Pérez deixou a desejar na temporada 2023, mesmo tendo nas mãos o melhor carro do grid (Foto: Reprodução/F1)

Naquele fim de semana, que viu a estreia de um novo formato de corrida sprint, o dono do carro #11 esteve impecável. Apesar da inesperada pole de Charles Leclerc, Pérez se impôs e não deu chances a Verstappen. A diferença entre ambos era de apenas 6 pontos. Pareceu naquele momento que, com um carro tão superior, a briga poderia realmente se concentrar entre os dois companheiros de Red Bull.

Porém, Max não permitiu. E anulou o colega de garagem. Inclusive, também poucas vezes na história se viu um massacre como o que Verstappen impôs a Pérez. Nesse sentido, o GP de Miami se tornou um marco. Foi lá que o holandês restabeleceu a história e tratou de findar qualquer esperança de disputa. Foi impactante, porque o bicampeão largou apenas de nono, enquanto o rival saíra da pole. O piloto #1 abriu caminho rapidamente, enfrentou até alguma resistência de Pérez, mas foi soberano para voltar a vencer. A partir daí, o líder do campeonato se tornou absoluto e passou a viver um Mundial à parte.

O mexicano, por sua vez, sucumbiu à pressão e não soube aproveitar sequer seus pontos fortes, como os circuitos de rua. Cometeu erros aos montes, enfrentou eliminações frequentes em classificação e só foi capaz de retornar a um ponto mais competitivo na Bélgica, sete corridas após a derrota na Flórida. E seguiu muito abaixo do que Max entrega — inclusive, o GP do Japão deixou claro que o piloto #11 é o ponto fora da curva da Red Bull, o elo mais fraco que, em uma situação de disputa mais dura, talvez não sobrevivesse mais tempo dentro das garagens austríacas.

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Alheio a isso, Verstappen emplacou impressionantes oito vitórias em sequência (Miami, Mônaco, Espanha, Canadá, Áustria, Inglaterra, Hungria e Bélgica, incluindo as sprints nesse período, que foram realizadas no Red Bull Ring e em Spa-Francorchamps. E foram triunfos em todo o tipo de situação. Largando da pole, longe dela, no piso molhado, em diferentes estratégias, temperaturas, pneus e até mesmo encarando potenciais rivais. A performance rendeu recordes importantes, número que nem mesmo a poderosa Mercedes foi capaz em seus anos de hegemonia. A marca que mais chamou a atenção foi mesmo o registro de vitórias consecutivas: os taurinos bateram as conquistas da icônica McLaren de 1988. Tudo graças não só a um carro excepcional, mas também a um piloto fora de série.

Portanto, ao fim da primeira metade, a sensação era de que a Red Bull poderia vencer todas as provas da temporada, superando o feito dessa mesma McLaren. Não aconteceu, por conta de Singapura. Mas Verstappen foi capaz de bater marcas importantes: atualmente, detém o registro de maior sequência de triunfos da F1. E já tem o mesmo número de poles de Juan Manuel Fangio.

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Max Verstappen celebra vitória no GP do Japão em dia de hexa para a Red Bull (Foto: Red Bull Content Pool)

Nesta segunda parte de campeonato, foram três conquistas em quatro etapas. A diferença agora é que a Red Bull e Verstappen se depararam com desafios diferentes. Na Holanda, o caos e a chuva testaram Max e perderam miseravelmente. Na Itália, foi a Ferrari que deu dor de cabeça, ampliando para Singapura, onde saiu vitoriosa. No Japão, a McLaren tentou assumir esse posto, mas o holandês não permitiu, ao voltar ao normal — ainda que esse normal seja, na verdade, excepcional. E não há qualquer sinal de que, mesmo com o Mundial de Construtores já assegurado, esse conjunto vá tirar o pé.

Por fim, é na frieza dos números que o feito da Red Bull se torna mais real. A esquadra taurina fecha a disputa dos construtores neste domingo com incríveis 623 pontos, contra 305 da Mercedes e 285 da Ferrari, restando ainda seis corridas para o fim do campeonato.

Fórmula 1 volta daqui a duas semanas, entre os dias 6 e 8 de outubro, para a disputa do GP do Catar, e o GRANDE PRÊMIO acompanha tudo.

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