Red Bull tenta impor novo desafio a Mercedes em enigmático GP da Toscana

Apesar do ineditismo do circuito de Mugello, a Mercedes não deu espaço para surpresas, e Lewis Hamilton tratou de fazer a lição de casa para garantir a pole. Só que a Red Bull surgiu particularmente forte e foi capaz de se colocar bem perto. Além do movimento de ameaça energética, o GP da Toscana também reserva outros fatores interessantes, como a estratégia e a previsão de um desgaste grande dos pneus

As equipes da Fórmula 1 estão diante de um enigma. Mugello entrou para o campeonato de última hora, sem que o Mundial tenha pisado por lá uma única vez para um GP. Portanto, não há dados suficientes, históricos de acerto ou qualquer coisa que represente alguma vantagem. Só mesmo o simulador e olhe lá. Pole do GP da Toscana, Lewis Hamilton chegou a tentar o recurso, mas acabou mesmo se rendendo à planilha dos engenheiros e ao próprio do talento para bater o colega Valtteri Bottas, que vinha dominado o fim de semana. Mas o fato é que o lindo circuito italiano guarda alguns segredos que podem tornar a corrida deste domingo (12) uma das mais interessantes da temporada. Além da singularidade de suas 15 curvas, do asfalto abrasivo e da pista estreita e de pouco espaço para erros, há ainda o elemento surpresa. E isso começa com a Red Bull.

Depois de uma etapa fora da curva em Monza, os energéticos resgataram em Mugello a boa forma, mas um passo à frente daquilo que estavam mostrando até agora. O grid para a nona etapa do campeonato é o mais forte dos taurinos até aqui, pois Max Verstappen e Alex Albon dominaram a segunda fila, sendo que o holandês se posicionou o tempo todo na cola dos carros pretos. E isso desde a sexta-feira de treinos livres. A verdade é que o RB16 parece gostar desse tipo de traçado mais desafiador, com curvas de raio longo e mudanças de direção. É certo dizer também que o anglo-tailandês não ficou tão próximo assim do colega de equipe, mas é igualmente correto afirmar que a quarta colocação é uma boa resposta do jovem, que tem a chance agora de ajudar propriamente a equipe a encarar a Mercedes, uma vez que Max já tem ritmo para tal.

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Dessa forma, a largada e a estratégia serão fundamentais. O circuito da Toscana tem uma reta imensa, e isso quer dizer que a freada no fim dela tem potencial para o tudo ou nada, porque vem de um espaço razoável para o estreitamento da primeira curva. Essa pode ser a jogada inicial dos austríacos: tentar pegar ao menos um carro alemão – para quem não se lembra, Bottas perdeu diversas posições em Monza, sete dias atrás, e o começo de corrida não tem sido o forte do finlandês. Esse, inclusive, é um temor dos hexacampeões.

“O desempenho de hoje foi o mais próximo que a Red Bull ficou de nós em classificação neste ano, e isso normalmente se traduz em uma corrida apertada. Eles também têm dois carros à frente, o que lhes dá mais algumas opções”, disse Andrew Shovlin, engenheiro de pista da Mercedes.

“Tenho a esperança de que será uma corrida interessante. Será difícil com relação aos pneus e há algumas estratégias diferentes que acabam quase com o mesmo tempo de corrida, então acho que veremos uma variedade de decisões e de pit-stops”, completou.

De fato, a tática de prova será quase um capítulo à parte. Depois dos treinos desta sexta, havia uma expectativa de que Mercedes e Red Bull, ao menos com Verstappen, optassem pelos pneus médios para o início da corrida, mas não foi o que aconteceu. A diferença de 0s9 entre os compostos macios e os amarelos foi grande demais para o risco. Assim, todos os dez primeiros do grid vão começar a prova com a borracha vermelha, que já apresentou uma degradação acentuada durante as sessões livres.

Lewis Hamilton conquistou a 95ª pole position na carreira, mas terá a Red Bull no encalço amanhã (Foto: Mercedes)

É claro que a tendência é arriscar uma estratégia de uma única parada, mas a Pirelli entende diferente. “Como Mugello é um circuito totalmente novo e não é tão fácil de ultrapassar, com trechos de alta velocidade e setores mais técnicos, a estratégia será muito importante: especialmente porque o desgaste dos pneus deve ser elevado. Essa degradação, em particular do pneu macio, será a chave para a estratégia”, disse Mario Isola, o chefão da fornecedora única de pneus da F1.

“Controlar a degradação do composto macio no início da corrida será crucial, e isso vai determinar se a corrida terá um ou mais pit-stops. Ou seja, são várias estratégias diferentes possíveis. Os pneus macios foram usados ​​do início ao fim da classificação de hoje, mas os compostos mais duros certamente terão seu valor amanhã, especialmente para os pilotos que contemplam uma estratégia de parada única”, acrescentou.

A possibilidade de um desgaste maior também faz a Red Bull sorrir. O RB16 é um carro que consome menos borracha que o W11. Corridas como as de Silverstone são exemplos. Aliado a isso, há a previsão de muito calor para o horário da corrida. Sem dúvida, é algo com que a Mercedes se preocupa, muito embora Hamilton seja um mestre na arte de cuidar dos pneus.

“Pela primeira vez, temos uma velocidade máxima decente. Não será fácil passar, mas as últimas curvas são largas e longas, então você pode fazer algumas linhas diferentes. Vai depender do ritmo e do desgaste. Mas os pneus estão durante mais do que esperávamos, então será uma questão de administrar tudo”, disse Max.

Max Verstappen foi o competidor mais próximo da Mercedes em Mugello (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

Outro ponto é o pelotão intermediário, que surgiu compacto e puxado por um excelente Charles Leclerc. Apesar das muitas deficiências da Ferrari, o monegasco conseguiu tirar tudo do carro e aproveitou as características mais técnicas do traçado italiano para cravar o quinto melhor tempo do Q3. Com toda a certeza, a performance se mostrou um alento diante da grave crise pela qual a equipe vermelha atravessa, prestes a festejar seu GP de número 1.000 na Fórmula 1.

E para se ter uma ideia de quão apertado está esse bloco, o tempo de Leclerc foi apenas 0s273 melhor que o de Daniel Ricciardo, o oitavo, com uma Renault que prometia mais. De toda a forma, o ritmo de corrida é mais forte, e isso deve apimentar o jogo. Quem larga em vantagem são os pilotos que ficaram fora do Q3, pois terão a chance de escolher calçados melhores. E aí destacam-se Lando Norris, Daniil Kvyat e Pierre Gasly – mesmo tendo caído no Q1.

A Fórmula 1 se prepara, então, para uma prova em que há, potencialmente, a possibilidade de uma briga mais equilibrada entre as duas ponteiras do campeonato, considerando ainda que o GP da Toscana deve reservar também algum agito, dada as corridas movimentadas da Fórmula 3 e da Fórmula 2. Intervenções do safety-car e erros de pilotagem não estão descartados, assim como uma procissão. Portanto, Mugello já ganhou o coração antes mesmo de as luzes se apagarem no retão.

A largada do primeiro GP da Toscana, o 1.000º GP da história da Ferrari na Fórmula 1, está marcada para 10h10 (de Brasília) deste domingo. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e em TEMPO REAL.

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