Refém do próprio nível, Pérez fica na Red Bull. Mas futuro segue como grande incógnita
Sergio Pérez foi confirmado pela Red Bull no retorno das férias da F1, mas a dúvida sobre o futuro do mexicano persiste. Em uma temporada que apresenta muito equilíbrio entre os ponteiros, Checo não acompanhou o ritmo e sofre para brigar com outras equipes grandes. O que será do futuro se a vaga no time austríaco for a única possível?
Questionado ao longo de toda a temporada 2023 pelo abismo em comparação ao tricampeão mundial Max Verstappen, Sergio Pérez foi mantido pela Red Bull para 2024 e entrou na temporada dando indícios de que enfim se tornaria aquilo que os taurinos esperavam: um marcador consistente de pontos. A expectativa sobre o mexicano nunca foi sobre superar o neerlandês, mas levar o segundo carro austríaco ao pódio de forma constante. As corridas se passaram, o sarrafo subiu, e o nível voltou a despencar. Mesmo assim, foi assegurado no cargo na saída para as férias — o que, curiosamente, torna o futuro ainda mais incerto.
Primeiro, porém, relembremos o 2024 de Pérez até aqui. Segundo colocado nas duas primeiras etapas, Bahrein e Arábia Saudita, o mexicano terminou atrás apenas de Verstappen e deixou uma boa impressão até a Austrália. No Albert Park, teve o primeiro momento sem brilho e foi quinto no dia da primeira vitória fora da Red Bull — alcançada por Carlos Sainz, da Ferrari.
Em seguida, entretanto, Checo voltou a emendar pódios em Japão e China, com um segundo lugar em Suzuka e um terceiro em Xangai, o que reforçou mais uma vez a impressão de que a caminhada pelo vice seria menos tortuosa. Ledo engano: o quarto lugar do GP de Miami foi o primeiro passo em uma derrocada não apenas do mexicano, mas também da Red Bull. E o piloto de menor nível na equipe, é claro, sofreu muito mais.
O grande problema de Pérez em 2024 não foi uma suposta perda de ritmo. Este é o mesmo de sempre, mas com um problema a mais: os rivais melhoraram. A McLaren deu a primeira estocada na Red Bull com a vitória de Lando Norris em Miami, já que o triunfo de Sainz veio na esteira de um abandono de Verstappen, e a competitividade subiu muito a partir de performances fortes de Mercedes e Ferrari — esta em menor grau. Checo, então, sofreu demais e não conseguiu mais se recuperar.
Na Emília-Romanha, Verstappen venceu, mas de forma suada. Pérez foi apenas oitavo. Dois abandonos em Mônaco e Canadá, depois de duas péssimas classificações, acenderam o sinal de alerta de vez. Até o fim das férias, novas participações opacas em Espanha [sétimo], Áustria [oitavo], Inglaterra [17º], Hungria [sétimo] e Bélgica [sétimo].
Em Spa, a corrida de Pérez foi uma síntese da temporada. Mesmo com o segundo lugar no grid de largada, enquanto Verstappen foi apenas 11º devido a uma punição por trocar o motor, Checo foi ultrapassado por absolutamente todos os pilotos das quatro maiores equipes e cruzou a linha de chegada em oitavo. Só ganhou uma posição porque George Russell foi desclassificado depois de vencer.
Entre todos os titulares de Red Bull, McLaren, Mercedes e Ferrari, o único que ainda não venceu uma corrida sequer em 2024 foi o próprio Pérez. Não é coincidência. O mexicano, ótimo piloto para o pelotão intermediário, não está no mesmo nível dos concorrentes e sofre bem mais do que os outros quando o carro não tem uma vantagem significativa. Some a isso o fato de ser massacrado internamente pelo companheiro, e o resultado é uma tremenda falta de confiança.
Contra todos os prognósticos, porém, a Red Bull garantiu que Pérez vai voltar das férias de verão ainda como companheiro de Verstappen. Ainda que isso se encaixe nos planos do mexicano, surge uma dúvida: como será a partir de 2025? O contrato de Checo vai até o fim de 2026, mas com o clássico formato ‘1+1’, o que significa que o piloto precisa performar — ou corre o risco de ver a passagem se encerrar em breve. Além disso, Helmut Marko fez questão de colocar a permanência em xeque para o ano que vem.
Caso isso aconteça, qual será o futuro de Pérez na categoria? Está claro que o mexicano tem nível para estar lá, mesmo que em um time de potencial menor, mas o fato é que as equipes estão se mexendo e as vagas estão sendo preenchidas a cada semana. Sainz fechou com a Williams, Esteban Ocon vai para a Haas — que já confirmou Oliver Bearman —, Nico Hülkenberg está a caminho da Sauber. Será que restará uma vaga para o mexicano?
A Audi ainda não confirmou quem será o companheiro do alemão no momento em que entrar na categoria, em 2026, mas o projeto nem atraiu Sainz, que preferiu fechar com a Williams. Na Alpine, Jack Doohan surge como um sopro de juventude para formar par com Pierre Gasly. Não seria inédito ver Pérez sem vaga por um ano, antes de retornar na temporada seguinte, mas o fato é que o mexicano completará 35 anos de idade no próximo mês de janeiro. Não é pouco na Fórmula 1.
Por enquanto, no entanto, tudo não passa de especulação. A versão oficial da Red Bull é de que Pérez fica e tem contrato. O mexicano, por motivos óbvios, não vai abrir mão de uma das vagas mais cobiçadas do grid. A questão, porém, é que o piloto é refém do próprio nível — suficiente para correr na Fórmula 1, mas não para sonhar com grandes objetivos em equipes de ponta. E os energéticos claramente querem — e agora precisam — de mais. A novela ainda vai se arrastar por bastante tempo, e o final pode não ser feliz para a carreira do atleta.
A Fórmula 1 agora faz a tradicional pausa para as férias de verão na Europa e volta de 23 a 25 de agosto em Zandvoort, para a disputa do GP dos Países Baixos.
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