Retrospectiva 2024: McLaren quebra jejum de títulos, mas sai com gosto de ‘quero mais’

McLaren deu a volta por cima em 24 meses e terminou 2024 encerrando jejum de títulos na Fórmula 1. Porém, sentimento é de que muito mais poderia ser feito, especialmente com Lando Norris

Nem o torcedor mais entusiasta da McLaren esperava que o time estaria estourando champanhe no GP de Abu Dhabi. Em uma campanha curiosa, o time de Woking coroou a longa reconstrução com o título mundial de Construtores da Fórmula 1. Foi o primeiro em 26 anos. E apesar de uma grande arrancada que encerrou o jejum, o gostinho de ‘quero mais’ ficou bastante evidente pelo Mundial de Pilotos perdido.

Após terminar 2023 como a segunda força em termos de ritmo, mas só no quarto lugar entre os Construtores, o início da McLaren foi bastante modesto. Nem Lando Norris, nem Oscar Piastri foram ao pódio nas primeiras quatro corridas do ano, que além do domínio de Max Verstappen, com a Red Bull, viu a Ferrari roubar a cena com a surpreendente vitória de Carlos Sainz no GP da Austrália.

Relacionadas

A situação começou a ter contornos na China, mas com um equilíbrio que ditaria o restante do ano: a competitividade e melhora do ritmo, mas o sentimento de que poderia mais. Apesar de Norris ir ao pódio com o segundo lugar, a péssima largada na sprint ficou marcada para o britânico, que conseguiu dar a volta por cima no GP seguinte: com um tico de sorte e uma grande performance, venceu em Miami, encerrando uma espera de 110 corridas pela primeira vitória, e em cima de Verstappen.

Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
LEIA TAMBÉM: Red Bull chega a acordo com Pérez e prepara anúncio de demissão na F1

F1 2024, GP DE MIAMI, ESTADOS UNIDOS, DOMINGO, CORRIDA, VENCEDOR, LANDO NORRIS, McLAREN, AFP
Lando Norris celebra com equipe McLaren a primeira vitória na F1 em Miami (Foto: AFP)

Lando voltaria a ser derrotado por Max na corrida seguinte, em Ímola. Piastri finalmente deu as caras no campeonato na prova seguinte. Com uma pintura especial em homenagem a Ayrton Senna, fez o primeiro pódio do ano, em Mônaco. Norris acabou sofrendo duas derrotas amargas na sequência: no Canadá, quando tinha o melhor ritmo, mas perdeu por conta dos erros estratégicos da McLaren, e na Espanha, onde teve largada péssima. Duas vitórias para o rival neerlandês.

Neste estágio do campeonato, com 10 provas concluídas, a McLaren ainda era a terceira no Mundial de Construtores, quase 100 pontos atrás da Red Bull. Porém, o cenário começou a mudar, mesmo que lentamente. Na Áustria, Norris abandonou após um polêmico acidente com Verstappen, e Piastri foi ao segundo posto. Na Inglaterra, Lando foi só terceiro depois de outro erro estratégico, enquanto Oscar, de corrida comprometida, foi o quarto. Com Sergio Pérez despencando de performance, a vantagem para os taurinos era reduzida pouco a pouco.

Já o GP da Hungria trouxe o melhor e pior da temporada no mesmo dia. O ritmo da McLaren foi absolutamente imbatível, mas Norris gerou polêmica ao se recusar a cumprir ordens de equipe para dar a vitória a Piastri. Apesar do climão, o inglês cedeu, e o australiano também escreveu o nome na história da Fórmula 1 como um vencedor. Oscar, por sinal, manteve o momento de alta com o segundo lugar na Bélgica.

Lando Norris e Oscar Piastri (Foto: McLaren)

No GP dos Países Baixos, Lando voltou a vencer com uma grande performance e justamente na casa de Verstappen. Neste ponto do campeonato, Max sofria um jejum completamente incompatível com os anos recentes de Red Bull. A McLaren já tinha deixado a Ferrari para trás e agora aparecia apenas 30 pontos atrás dos taurinos, que vivam crise.

O GP da Itália trouxe outra síntese do que foi o 2024 da McLaren. O ritmo, de fato, foi o melhor, mas a incapacidade de priorizar um dos pilotos deixou Norris e Piastri em uma batalha própria, gastando os próprios pneus e abrindo espaço para Charles Leclerc, de Ferrari, vencer. Lando estava 62 pontos atrás de Verstappen, mas outra vez com o sentimento de que poderia estar mais próximo.

Entre os Construtores, estava claro que ultrapassar a Red Bull era questão de tempo, e foi o que aconteceu no Azerbaijão. Uma vitória certeira de Piastri. Porém, o sentimento ainda ficou amargo pela oportunidade desperdiçada por Norris, que eliminado no Q1, foi apenas quarto. O inglês deu uma boa volta por cima em Singapura, com outro triunfo dominante. O australiano foi terceiro, marcando o último pódio duplo do time em 2024.

Na tentativa de focar no Mundial de Pilotos, Norris perdeu o pódio nos Estados Unidos com uma controversa punição, mas cortou uma boa vantagem para Verstappen no México e ainda colocou o neerlandês em apuros. Porém, veio o GP de São Paulo. Na sprint, ordem de equipe para Piastri ceder a vitória ao inglês, que largou da pole no domingo, mas errou muito e foi apenas sexto colocado. Verstappen, largando de 17º, venceu e praticamente encerrou a briga pelo título.

Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
LEIA TAMBÉM: Red Bull chega a acordo com Pérez e prepara anúncio de demissão na F1

Lando Norris viveu um domingo melancólico em Interlagos (Foto: AFP)

No frio de Las Vegas, Lando e Oscar pouco fizeram e viram Max erguer a taça. De foco apenas nos Construtores, precisaram lidar também com o crescimento da Ferrari, que além da crescente nas corridas recentes, se aproximou de forma perigosa para a decisão em Abu Dhabi depois que Lando foi apenas o 10º colocado no Catar.

E o título que parecia tranquilo depois do 1-2 no grid também teve drama. Lando atropelou a concorrência para vencer em Yas Marina, mas Oscar levou um toque de Verstappen na largada e caiu para as últimas posições, precisando se recuperar. Se Carlos Sainz conseguisse a vitória com Charles Leclerc em terceiro, os italianos levariam a taça, mas não aconteceu. Fim de uma espera de 26 anos e com uma distância só de 14 pontos para a rival.

A taça de Construtores significa muito para a McLaren, mostrando que a equipe conseguiu se reconstruir sem Ron Dennis, e que tem em Zak Brown alguém apaixonado e disposto a fazer o time funcionar. Porém, tendo o melhor carro em basicamente metade da temporada, é difícil não reconhecer que há um gosto agridoce pela falta de maturidade e de nível de Lando Norris para buscar o Mundial de Pilotos. Ele já afirmou que 2025 é o ‘ano dele’. E resta saber se aprendeu com 2024.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.