Vettel se diz “chocado” com invasão da Ucrânia e já descarta correr GP da Rússia

Além do tetracampeão mundial, Max Verstappen afirmou que "se um país está em guerra, não seria certo correr lá". Charles Leclerc e Fernando Alonso também abordaram o assunto

COMO FOI O PRIMEIRO DIA DA PRÉ-TEMPORADA DA FÓRMULA 1 2022 EM BARCELONA | Briefing

Os pilotos da Fórmula 1 manifestaram, nesta quinta-feira (24), o desejo de não disputar o GP da Rússia previsto no calendário. O motivo é a invasão do território da Ucrânia por parte da Rússia na última madrugada e que, agora, constitui a mais grave crise militar da Europa envolvendo uma potência nuclear e a uma das maiores desde a Segunda Guerra Mundial. As declarações foram dadas em entrevista coletiva oficial da FIA, concedida após a primeira parte do segundo dia de testes coletivos em Barcelona, pela pré-temporada da F1. O mais contundente foi Sebastian Vettel, que deixou claro: não vai correr mesmo que haja o evento em Sóchi.

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F1 promete “monitorar” conflito na Ucrânia antes de definir sobre GP da Rússia

O tetracampeão mundial se disse “chocado” pela invasão russa e deixou claro o posicionamento em relação ao GP local, marcado para o dia 25 de setembro deste ano.

“É horrível ver o que está acontecendo. Se você olhar para o calendário, temos uma corrida marcada na Rússia. Falo por mim: eu não devo ir e eu não irei. É errado correr lá. Pessoas estão sendo mortas por razões estúpidas. Uma liderança muito estranha e raivosa”, revelou Vettel, ao se referir a Vladimir Putin, presidente da Rússia.

“Isso é algo sobre o qual ainda vamos conversar, mas a GPDA [Associação de Pilotos] ainda não se reuniu. Pessoalmente, estou chocado e triste com o que está acontecendo. Nós vamos ver o que acontece daqui para frente. Já tomei minha decisão”, continuou.

Alemão já descartou correr em Sochi, no mês de setembro (Foto: Aston Martin)

Na mesma entrevista coletiva, Max Verstappen – atual campeão mundial – concordou com a visão de Vettel. É a primeira vez desde que chegou à F1 que o holandês toma uma posição mais firme com relação a questões de cunho político.

“Se um país está em guerra, não seria certo correr lá”, resumiu o holandês. “Mas não é só o que eu acho. O paddock todo tem de decidir o que faremos em seguida”, declarou.

Outros pilotos presentes na entrevista falaram sobre o assunto, mas não com a contundência de Vettel e Verstappen. Charles Leclerc afirmou estar “triste de ver algo assim acontecer em 2022”, mas evitou dar uma opinião sobre conflito no leste europeu.

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“Não tenho todas as informações do que está acontecendo. Nós tomaremos uma decisão, penso que a Fórmula 1 irá provavelmente tomar uma decisão logo. Não posso me manifestar além disso, honestamente não tenho todas as informações sobre o assunto”, disse.

Fernando Alonso seguiu a mesma linha de declaração do monegasco da Ferrari, mas ressaltou o poder de decisão dos pilotos – independentemente da postura a ser adotada pela administração da Fórmula 1.

“Eventualmente, vai ser uma decisão tomada pela Fórmula 1 [se corre ou não]. Acho que todos nós temos opiniões e elas são as mesmas de todos os outros, mas não temos o poder de decidir. Nós conseguimos tomar nossas próprias decisões individuais, com certeza, mas penso que a F1 irá fazer o melhor”, afirmou o espanhol.

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Verstappen também se posicionou (Foto: Red Bull Content Pool)

Entenda o conflito entre Rússia e Ucrânia (e os motivos para o posicionamento contundente de Sebastian Vettel):

A tensão entre Rússia e Ucrânia coloca todo o continente europeu em alerta e respinga também no ambiente esportivo. Por isso, mais cedo pela manhã desta quarta-feira (24), a Fórmula 1 emitiu um curto e pouco aprofundado comunicado sobre a situação do GP da Rússia.

“A Fórmula 1 está acompanhando de perto os constantes desenvolvimentos e, neste momento, não possui comentários sobre a corrida marcada para setembro. Vamos continuar monitorando a situação”, afirmou a nota enviada pela F1 aos jornalistas presentes em Montmeló-Barcelona.

Na última segunda-feira (21), o presidente russo Vladimir Putin reconheceu, em decreto, a independência das províncias separatistas de Donetsk e Luhansk. O movimento gerou sanções da União Europeia e dos Estados Unidos ao governo e a empresas do país, aumentando também o medo de um confronto na região.

GP da Rússia é disputado em Sochi desde 2014 (Foto: Reprodução/F2)

Nesta quinta-feira (24), a tensão escalou de vez no leste europeu, já que a Rússia atacou a Ucrânia em um movimento classificado por Kiev como uma “invasão total”. Às 5h45 [23h45 de quarta-feira, no horário de Brasília], Vladimir Putin, presidente da Rússia, anunciou em um pronunciamento uma “operação militar especial” para “proteger a população do Donbass”, uma área de maioria étnica russa no leste ucraniano.

O comando militar russo alega que “armas de precisão estão degradando a infraestrutura militar, bases aéreas e aviação das Forças Armadas da Ucrânia”. De acordo com a rede britânica BBC, há relatos de tropas cruzando diversos pontos da fronteira e explosões perto das principais cidades do país ― não só em Donbass, onde grupos separatistas foram reconhecidos pela Rússia.

FÓRMULA 1; SÓCHI; GP DA RÚSSIA; TREINOS LIVRES; SEXTA-FEIRA;
Sochi recebe a F1 desde 2014 e faz sua última aparição em 2022 (Foto: Bryn Lennon/Getty Images/Red Bull Content Pool)

Na TV, Putin afirmou que a Rússia não planeja uma ocupação da Ucrânia, mas ameaçou com uma resposta “imediata” qualquer um que tente interromper a operação atual. O mandatário russo recomendou que os soldados ucranianos se rendam e voltem para casa. “Do contrário, a própria Ucrânia seria culpada pelo derramamento de sangue”, considerou Putin.

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky decretou lei marcial em todo o país, instaurando regime de guerra e convocando grande parte dos reservistas das forças armadas. Nas últimas horas, são inúmeras imagens de cidadãos ucranianos tentando fugir da capital Kiev de carro ou utilizando transporte público, mas o trânsito está bastante engarrafado. Há filas em caixas eletrônicos e supermercados. Segundo autoridades ucranianas, há ao menos sete mortos e 19 desaparecidos até agora.

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