“Todo mundo odeia a F1”: caos no trânsito e desordem irritam moradores de Las Vegas

Segundo relatos de moradores e até turistas, o trânsito em Las Vegas virou um pesadelo desde que a Fórmula 1 deu início às obras para a corrida deste fim de semana. Bloqueio de acesso a pontos turísticos ainda causam enormes deslocamentos a pé, enfurecendo a população de modo geral

Se o marketing em torno do GP de Las Vegas de Fórmula 1 promete um dos maiores eventos esportivos da história, a categoria ainda terá de lidar por algum tempo com a insatisfação generalizada que tomou conta da população local desde que as obras na região começaram. E por mais que o próprio Liberty Media, detentor dos direitos comerciais da F1, tenha pedido publicamente desculpas pelo transtorno, tudo o que os moradores da ‘Cidade do Pecado’ querem é que o próximo domingo chegue ao fim.

“A vida como eu conhecia acabou quando a construção começou”, disse Lisa Lindell, residente local, ao site especializado em carros Jalopnik. A publicação, aliás, falou com diferentes perfis de moradores de Las Vegas para entender que tipo de mudança a F1 causou na rotina da cidade. E as declarações não foram nada polidas.

“A frustração, a inconveniência e o desdém flagrante pelos residentes que vivem em Las Vegas são evidentes pela falta de informação e coordenação com todos, exceto os promotores desta exibição”, disparou uma residente chamada Celeste. Em outras conversas com funcionários de resorts da região, descobriu-se que ainda não havia um plano de ação para que eles conseguissem chegar ao trabalho durante o fim de semana da corrida. A única recomendação foi para que “considerassem um tempo de deslocamento de três horas”.

Fala semelhante também partiu de Evan, outro trabalhador de Las Vegas. Em seu depoimento, explicou que “a preparação” recebida da parte dos empregadores em relação ao evento “segue a linha do ‘boa sorte, saia de casa mais cedo, estacione em outro lugar e pegue um ônibus ou monotrilho. Não se atrase. Não é problema nosso'”.

Enquanto a F1 vende glamour, os moradores de Las Vegas só querem que o próximo domingo chegue ao fim (Foto: Organização Las Vegas Circuit)

Evan seguiu explicando que a Fórmula 1 “não conseguiu entender tudo sobre Las Vegas e a Strip. Ela apenas vê as ruas no mapa, os quartos de hotel a serem alugados e os dólares ganhos. Las Vegas pode ser diferente de qualquer outra cidade, mas ainda é como qualquer outra em muitos aspectos. As pessoas vivem aqui, trabalham aqui, criam os filhos aqui e vivem suas vidas. A F1 simplesmente não se importa”, bradou.

O trânsito caótico, aliás, é outro ponto que tem irritado qualquer um que tenha passado por Las Vegas nos últimos meses. De férias na cidade norte-americana, David Foxx falou com a reportagem do Jalopnik e confirmou que “tudo o que se lê sobre o trânsito ser um pesadelo não poderia ser mais verdadeiro”. Como o circuito urbano pega a famosa avenida Las Vegas Strip, onde estão localizados cassinos e hotéis em sua maioria, engarrafamentos em dias de semana se tornaram comuns.

“Numerosas restrições de pista na Strip a tornaram impossível de transitar. A melhor ponte para pedestres é coberta. Na minha última noite em Las Vegas, sempre tiro fotos em frente às Fontes do Bellagio, mas agora elas estão bloqueadas pelas arquibancadas para a corrida”, continuou Foxx.

O desvio do fluxo de carros por conta da Fórmula 1 também tem forçado deslocamentos maiores a pé. E se a Strip foi recapeada para receber Max Verstappen & companhia a partir de sexta-feira, taxistas que falaram com a reportagem reclamam que “as estradas ao redor são um lixo completo”.

A sinalização também não colabora, sendo que há trechos que só podem ser feitos a pé por conta dos atuais bloqueios. Um motorista de uma rede de transporte dos Estados Unidos contou que “todo mundo odeia a corrida de F1”. “Ele pegou uma mulher saindo do trabalho na Sphere (nova arena local de shows). Ela pagou duas horas de salário para chegar em casa porque o ônibus levaria quase cinco horas com todo o redirecionamento do trânsito”, acrescentou a publicação.

Há, porém, quem não veja na F1 a única vilã pelo ‘pandemônio’ que virou Las Vegas. Um morador que pediu à publicação para não ter a identidade revelada disse que o cerne do problema foi o departamento de transporte de Nevada (NDOT, da sigla em inglês) derrubar metade da ponte que passa pela Avenida Tropicana, perto do Las Vegas Boulevard, reduzindo, com isso, oito faixas de tráfego.

“Isso está sendo feito para beneficiar o estádio e a NFL, porque estamos hospedando o Super Bowl. Compromete o trânsito, mas não tem nada a ver com a F1. Se a F1 fez algo errado aqui foi confiar nos políticos corruptos que cuidam das coisas”, avaliou.

“Algumas pessoas querem culpar a F1 pelas péssimas condições das ruas locais. A F1 está gastando US$ 90 milhões (R$ 441 milhões, na cotação atual) para repavimentar uma grande parte do Las Vegas Boulevard, o que não é feito há mais de 20 anos. [A categoria] usará esse pavimento por três dias. No resto do ano, o condado se beneficia”, concluiu o morador.

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