A Mercedes vai ter de discutir a relação depois do que aconteceu no GP da Hungria deste domingo (27). Diretor-esportivo da montadora alemã, Toto Wolff não acredita mais que a postura adotada pelo time no começo do campeonato, de deixar Lewis Hamilton e Nico Rosberg livres para brigar na pista, funcione. O austríaco pensa que o alemão poderia ter vencido a prova de Hungaroring caso Hamilton o deixasse passar quando a equipe pediu.
Vencedora de nove das 11 corridas disputadas na temporada 2014, a Mercedes caminha a passos largos para conquistar os títulos de Pilotos e Construtores pela primeira vez desde a década de 1950. Na competição das escuderias, a vantagem para a Red Bull é de 174 pontos. Exceto pelas vezes em que seus carros tiveram de abandonar, a única corrida desde o início do ano em que um piloto do time cruzou a linha de chegada sem ter conquistado um lugar no pódio foi justamente em Budapeste.
Ainda assim, Wolff não parece se contentar com uma derrota sequer. O dirigente não condenou Hamilton, pelo contrário: mostrou-se compreensivo com o inglês pelos problemas que o atrapalharam nas duas últimas provas. Contudo, disse que vai reavaliar a postura do time em situações como a de Hungaroring — onde a solicitação feita ao piloto do #44 “não foi realmente uma ordem de equipe”, nas palavras do chefão da marca de Stuttgart.
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“Hamilton é muito emocional como piloto, na pista, e eu entendo completamente a razão dele ter feito o que fez, principalmente depois dos dois problemas que teve com o carro”, ponderou Wolff, sempre atencioso com os jornalistas, em entrevista acompanhada pelo GRANDE PRÊMIO no paddock húngaro após a prova. A referência foi ao disco de freio quebrado no Q1 em Hockenheim e ao incêndio que o obrigou a largar dos boxes na Hungria.
“É uma situação difícil agora”, falou Wolff. "Como uma equipe, nós precisamos aprender como trabalhar com as nossas decisões, porque se Lewis tivesse deixado Nico ir, Nico poderia ter tido a chance de vencer. Mas nós não sabemos também se o o ritmo de Nico teria sido bom o suficiente para aumentar a diferença, o que teria ajudado a vencer a corrida. Uma estratégia poderia ser melhor do que a outra”, seguiu.
“Se você deixa os pilotos livres, você corre o risco de prejudicar toda uma temporada. Mas eu não quero aqui bancar o autoritário e ir ao rádio de forma dura. Nós não fizemos isso. Era muito difícil julgar o que estava acontecendo”, ressaltou, indicando que era possível ler o GP da Hungria de várias formas diferentes devido às inconstantes condições da pista. Também mencionou as interferências do safety-car e a chuva para deixar claro que a vitória não foi conquistada não por causa da atitude de Hamilton, “mas por tantas outras coisas”.
Wolff comparou o que aconteceu na Hungria com a postura adotada pela Mercedes em provas como o GP do Bahrein, em que Hamilton e Rosberg duelaram intensamente pela vitória. Hamilton venceu por pouco — e o terceiro colocado, Sergio Pérez, ficou a mais de 20s de distância na linha de chegada.
“Com o andamento da temporada, mais difíceis as coisas ficam. No começo do ano, era fácil dizer: essas são as regras e não vamos fazer isso ou aquilo. Mas agora está claro que os dois estão na luta pelo campeonato e que vai ficar cada vez mais intenso. Por isso, precisamos sentar e discutir como melhorar essa situação. E talvez tenhamos de admitir que o que tínhamos no começo do ano não funcione mais”, declarou o dirigente.
“Não podemos simplesmente chegar e pedir para um dos dois desistir de suas posição ou de suas chances no campeonato pelo benefício da equipe. E isso nós precisamos discutir”, antecipou.
Wolff descartou que essa sequência de episódios vai fazer com que Hamilton perca a confiança na Mercedes: “Acho que quando as coisas se acalmarem e a gente analisar tudo, todos viram a corrida, eu acho que essa sensação dele vai desaparecer.”
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