Abandono de Di Grassi na FE é golpe enorme em campanha do bi que já nasce morta

Vindo de um ano abaixo das expectativas e sabendo que a Audi está em vias de deixar a Fórmula E, Lucas Di Grassi precisava aproveitar cada oportunidade de 2021 para sonhar com o bi. Quis o destino que um problema mecânico em Roma impedisse uma vitória que mudaria tudo

Lucas Di Grassi ficou lento e Stoffel Vandoorne, ao tentar desviar, perdeu controle e bateu em Roma (Vídeo: Fórmula E)

2021 se desenhava desde o começo como um ano de tudo ou nada para Lucas Di Grassi. O brasileiro terminou 2020 em baixa e, como desgraça pouca é bobagem, recebeu a notícia de que a Audi deixa a Fórmula E ao fim desta temporada. Era hora de ir com tudo em busca do bicampeonato, até porque pode muito bem ser a última grande chance. Era hora de chegar chegando, voltando a ser aquele piloto regular de anos anteriores. Só que este sábado (10) talvez já tenha sido um divisor de águas: o abandono no eP de Roma, em que liderava a poucos minutos da bandeira quadriculada, é a primeira pá de cal sobre as esperanças de um novo título.

Talvez soe muito precipitado fazer essa análise ao fim da terceira corrida do ano, em um momento ainda sem favoritos claros ao título. Só que é preciso entender o contexto: não fosse o problema mecânico em Roma, Di Grassi provavelmente levaria para casa os 25 pontos da vitória, chegando aos 31 e se consolidando no top-5 do Campeonato de Pilotos. Ao invés disso, estaciona em 6 tentos e aparece em 17°. Com o triunfo, poderia fazer seu jogo eficiente de ser um piloto constante, que não arrisca muito e ainda assim se mantém no páreo. Sem ele, fica em posição de ir para o tudo ou nada nos próximos meses, longe da zona de conforto.

Alguém poderia lembrar que este não é o primeiro começo de temporada ruim de Di Grassi. Afinal, o piloto somou apenas 1 ponto nas primeiras quatro corridas de 2017/18 e, mesmo assim, terminou vice-campeão com 143 tentos nos últimos oito ePs. Isso nos leva a um segundo ponto: a Audi já não tem mais carro para permitir uma reação dessas. A marca alemã já não é mais a campeã da FE, tendo terminado 2019/20 em sexto. Claro que é uma equipe capaz de vencer, como se viu em Roma, mas esse é um brilho mais esporádico, que se perde em um grid de nomes como Techeetah, Mercedes e Jaguar.

Lucas Di Grassi flertou com a vitória, mas abandonou no fim (Foto: Audi)

A Audi passou a ser muito daquilo que se viu em 2020: uma equipe que colocava Di Grassi na zona de pontos, mas não muito mais do que isso. É isso que tornou o eP de Roma tão especial: Lucas foi combativo como não se via há tempos, controlando a corrida como se estivéssemos novamente em 2016 ou 2017. Uma vitória poderia ser a faísca necessária para a campanha do título. O abandono pode ser o balde de água fria determinante, capaz de ser um grande ‘e se?’ daqui pra frente.

“Nunca é fácil abandonar assim quando se está no primeiro lugar, não importa o quão experiente você seja”, comentou Di Grassi em seu Twitter. “Sinto muito por todos na equipe, porque trabalharam demais para fazer com que o carro fosse competitivo e estávamos no caminho certo para a primeira vitória da temporada”, lamentou.

No fim das contas, a tristeza de um é a alegria de outro. E ninguém está mais feliz em Roma neste sábado do que Jean-Éric Vergne. O francês é quem se beneficiou do abandono de Di Grassi, herdando a vitória. O momento não poderia ser melhor para isso: o bicampeão ainda está mordido com o título do companheiro António Félix da Costa em 2019/20, situação agravada pelo total de zero pontos na rodada dupla de Diriyah, em fevereiro.

Um bom resultado em Roma seria chave para seguir sonhando de verdade com o título, mas era difícil acreditar nisso depois de Vergne ser abalroado por Oliver Turvey ao fim do TL1. Até mesmo a participação na classificação ficou ameaçada, mas o quinto lugar no grid acabou vindo. A esperança de pódio virou a de vitória em uma corrida acidentada. Trilhando caminho oposto ao de Di Grassi, o piloto da Techeetah está em quinto no Campeonato de Pilotos, 18 pontos atrás do líder Sam Bird. Ainda é preciso dar tempo ao tempo e ver se resultados assim virão em corridas mais normais, mas o sinal é positivo. É verdade que podemos apontar uns dez candidatos ao título neste momento, mas é importante estar neste grupo desde o começo.

Quem riu por último foi Jean-Éric Vergne (Foto: FIA Fórmula E)

Falando em título, o sábado foi de enorme sucesso para Bird. O britânico, vindo de vitória em Diriyah, largou em 11° e terminou em segundo na corrida 1 em Roma. O resultado é ainda mais saboroso quando se vê que Nyck de Vries, antigo líder e na briga por pódio até bater no companheiro Stoffel Vandoorne, abandonou. São 43 pontos para o piloto da Jaguar, sendo 9 de vantagem sobre Robin Frijns, novo vice-líder.

“Gostei muito dessa corrida. Conseguir o segundo e o terceiro lugares, nosso primeiro pódio duplo, meus parabéns ao pessoal da equipe que está aqui e aos que estão em nossa fábrica”, dedicou Bird. “Mitch e eu estão nos dando extremamente bem e vamos empurrar a equipe cada vez mais para a frente”, prometeu.

Bird ainda precisa completar o serviço na corrida 2 do fim de semana antes de deixar Roma como líder da FE. Mesmo que por algum acaso caia para segundo ou terceiro no domingo, ainda é um piloto a ser respeitado: o vínculo com a Jaguar já rende frutos, indicando uma era menos frustrante do que nos dias de Virgin, quando a inconstância teimava em impedir o sonho do título. Se Sam aprender as lições de Di Grassi, será um piloto difícil de derrotar.

A melhor notícia é que algumas das respostas deste texto serão respondidas em menos de 24h. A largada do segundo eP de Roma é às 8h (de Brasília) deste domingo.

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