Com altos e baixos, Di Grassi pelo menos mostra que ainda tem espaço na Fórmula E

Lucas Di Grassi abriu a temporada com resultados fracos, mas terminou vencendo corridas. 2021 não foi um ano muito bom, mas o brasileiro conseguiu deixar claro: mesmo com a Audi saindo da Fórmula E, ainda há velocidade para merecer uma nova vaga

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Mitch Evans, com chances grandes de título, não conseguiu largar e foi atingido em cheio por Edoardo Mortara (Vídeo: Fórmula E)

2021 começou complicado para Lucas Di Grassi. Vindo da primeira temporada sem vitórias na Fórmula E, o brasileiro abriu o campeonato com sete corridas seguidas em ir além do sétimo lugar. Era um sinal preocupante, talvez apontando na direção do fim da jornada no certame. Só que os meses passaram, duas vitórias vieram, e o campeão de 2017 pode pelo menos se orgulhar de mostrar que ainda tem condições de voar alto com os carros elétricos.

Comparando com as expectativas iniciais, o 2021 de Di Grassi esteve longe de ser grandioso. O sétimo lugar no Campeonato de Pilotos é o pior resultado em sete temporadas até aqui. Só que as expectativas baixaram tanto na primeira metade do ano que dá, sim, para encarar o resultado final com algum otimismo. A missão de mostrar valor, pelo menos essa, foi cumprida.

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Lucas Di Grassi fechou a temporada com duas vitórias (Foto: Formula E)

Isso era importante porque Di Grassi precisa cativar outras equipes para 2022. A Audi está de saída do grid da Fórmula E, deixando o veterano momentaneamente a pé. Lucas já falou abertamente que, na falta de uma oportunidade para seguir competindo em alto nível, vai se aposentar. Isso parecia um risco real nos dias frustrantes do primeiro semestre, mas o piloto já parece ter feito o suficiente para receber boas propostas para o futuro.

O próprio Di Grassi apontou para um anúncio definitivo em setembro, isso em meio a rumores de uma ida para a Nissan, onde seria companheiro do antigo rival Sébastien Buemi. Se não tivesse vencido duas corridas, seria um bom nome para substituir Oliver Rowland? Provável que sim, mas seria mais difícil convencer a alta cúpula da marca japonesa – que aqui serve apenas como exemplo, é provável que haja outras interessadas – a contratar alguém que apenas fez número na temporada mais recente.

Essa questão de ainda ter espaço ou não no grid também passa pela idade. Aos 37 anos, Di Grassi vai cada vez mais ser questionado, e isso é absolutamente natural. Do grid que correu nos ePs de Berlim deste mês, o piloto só não é mais velho do que René Rast e André Lotterer. Aquela Fórmula E que tinha Jacques Villeneuve e Stéphane Sarrazin no grid virou coisa do passado. Virou um campeonato para quem vive o auge da carreira no endurance, para rejeitados da Fórmula 1, para gente vinda da Fórmula 2. Ou seja, gente no máximo um pouco acima dos 30 anos. E essa galera representa uma concorrência pesada para o campeão brasileiro, que precisa, sim, deixar bem claro que ainda tem velocidade. Só experiência não bastaria.

Lucas Di Grassi venceu em Londres e em Berlim (Foto: FIA Fórmula E)

Bom exemplo disso é a lista de possíveis outros candidatos à vaga na Nissan. Alexander Albon e Daniil Kvyat, dois ex-F1, já foram cotados. Dois caras talentosos, apesar de não se firmarem na principal categoria do automobilismo, e com potencial de trilhar o mesmo caminho de Jean-Éric Vergne. Além disso, mais jovens. Se a briga for mesmo por uma vaga na Nissan, Di Grassi precisa provar que não tem apenas experiência. Essa é a importância da reta final da temporada 2021.

É evidente que Di Grassi quer mais – e pode mais – do que o sétimo lugar na classificação final deste ano. No fundo, o piloto sabe que o ano poderia ter sido melhor, por um motivo ou por outro. A boa notícia é que a sangria do começo de 2021 está estancada. Lucas voltou a ser aquele piloto que pode terminar no pódio com frequência, com vitórias aqui e ali. Cabe agora a uma das equipes do grid da Fórmula E dar uma nova chance ao brasileiro.

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