Fórmula E decide eP de Portland 1 com punição bizarra e gera precedente perigoso
Punição bizarra ao primeiro colocado Mitch Evans não permitiu apenas a vitória de António Félix da Costa no eP de Portland 1, mas também mexeu gravemente com a briga pelo campeonato e abriu um precedente perigosíssimo para futuros toques na Fórmula E
A vitória de António Félix da Costa na corrida 1 do eP de Portland, neste sábado (29), deveria ser a principal notícia do dia para a Fórmula E. De um piloto muito criticado nas primeiras fases do campeonato ao maior vencedor da temporada, após garantir o terceiro triunfo, o português coroa novamente a recuperação e dá mostras de que dominou de vez o enigmático carro Gen3. Até mesmo o erro incrível de Nick Cassidy, que jogou o primeiro lugar fora na abertura da última volta, poderia ser tratado como o principal assunto do dia. No entanto, a descabida punição a Mitch Evans decidiu o resultado da prova e tomou de assalto o protagonismo.
Tudo começou ainda na quinta volta, quando Evans seguia o contorno entre as curvas 9 e 10. Muito próximo de Jake Hughes, o neozelandês viu o inglês trocar levemente de direção e encostar na asa dianteira de sua Jaguar, destruindo a aleta lateral e furando o pneu da McLaren. A direção de prova, então, viu culpa de Mitch e o puniu com 5s.
A questão é que, na pista, Evans venceu a corrida. Após cruzar em primeiro, no entanto, despencou para a oitava posição — em um prejuízo que poderia ter sido até maior — devido à punição. Com isso, Da Costa herdou a vitória e Jean-Éric Vergne subiu de quarto para terceiro, entrando no pódio.
O grande ponto aqui é o erro de Cassidy na abertura da última volta. Com o equívoco do líder do campeonato, que saiu zerado, Evans passou a ter a chance de encostar de vez na ponta da tabela. Com o triunfo, o neozelandês somaria os 29 pontos totais distribuídos em uma etapa da Fórmula E, já que fez também pole e volta mais rápida, e chegaria a 159 tentos — apenas oito atrás do companheiro de Jaguar.
O campeonato estaria, sem dúvida, novamente aberto, mas a punição fez com que todo o cenário fosse por água abaixo. Agora, Cassidy tem os mesmos 167 pontos e vê Wehrlein 24 tentos atrás, uma diferença de apenas um ponto em relação à situação antes da corrida. Mesmo com o erro, Nick segue em situação extremamente confortável para últimas três provas.
Além de afetar diretamente o resultado da corrida — algo que já fez em Misano, com a desclassificação de Da Costa por conta de uma mola no amortecedor do acelerador — e da batalha pelo título, a Fórmula E abriu um precedente perigosíssimo em Portland: quantos outros acidentes precisarão ser julgados com a mesma régua do toque entre Hughes e Evans?
Afinal de contas, os toques nas corridas de pelotão são frequentes e um dos grandes pontos em comum das reclamações dos pilotos sobre corridas do tipo. Não é algo anormal ou inédito. No entanto, o julgamento feito em Portland difere bastante do que a Fórmula E adotou nas provas até aqui, o que gera questionamentos sobre o que será feito nas próximas decisões. Ter equipes utilizando o lance como argumento em futuros pedidos é tudo o que a categoria não quer — ou não deveria querer.
Se Da Costa perdeu uma vitória por um motivo estranho, herdou outra em mais uma punição que levanta muitas controvérsias. É claro que o português não tem nada a ver com isso e precisa garantir o primeiro lugar sempre que puder, mas a Fórmula E volta a se aproximar de um passado que já deveria ter esquecido com tantas decisões que modificam o resultado final.
Por fim, é importante falar sobre o acidente de Cassidy. Em um erro aparentemente do piloto, o neozelandês rodou na abertura da última volta, despencou para o fundo do pelotão e saiu zerado quando era, de novo, o grande favorito a vencer. Porém, é inegável pensar que a sorte sorriu mais uma vez para aquele que permanece como o grande favorito ao título.
Ainda que seja difícil falar em sorte quando um piloto termina em 19º, a verdade é que Cassidy errou quando ‘podia’ errar. Afinal de contas, seus concorrentes diretos também tiveram dias ruins: Oliver Rowland nem correu, doente, e foi substituído por Caio Collet; Wehrlein se envolveu em nova confusão com Maximilian Günther e foi apenas décimo; e Evans, como já dito, cruzou em primeiro e terminou em oitavo devido a uma punição no mínimo controversa.
Grande nome da temporada 2023/24, Cassidy não tinha cometido nenhum erro importante até aqui, mas o fez justamente em um momento de decisão. Menos mal para ele, no entanto, que os outros concorrentes não tenham conseguido crescer em cima disso. A segunda corrida de Portland vai definir, de uma vez por todas, se Nick vai chegar a Londres para administrar a vantagem ou se vai precisar arriscar para ser campeão pela primeira vez. Que a direção de prova não atrapalhe.
O eP de Portland continua neste domingo, novamente com transmissão AO VIVO e COM IMAGENS do GRANDE PRÊMIO. O TL3 acontece às 11h15 (horário de Brasília), enquanto a classificação está marcada para 13h20. Por fim, a corrida 2 fecha o fim de semana a partir das 17h30.
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