Fórmula E realiza sonho e faz festa de torcida apaixonada: como foi a estreia no Japão
Fórmula E realizou sonho de correr no Japão pela primeira vez, e com sucesso. Abraçada pela torcida local, proporcionou corrida emocionante e deixou claro ao longo de todo o evento que busca se aproximar da cultura local. No que depender da categoria, Tóquio será presença obrigatória
Dez anos depois da fundação da Fórmula E, o sonho foi realizado: a categoria correu pela primeira vez no Japão no último fim de semana, no inaugural eP de Tóquio. O ineditismo não é apenas da modalidade elétrica, mas também da cidade japonesa, que nunca havia recebido uma corrida de automóveis em suas ruas. Sem dúvida, a proposta de sustentabilidade e eletrificação urbana da Fórmula E foi vital para que a prova acontecesse, e o público abraçou — e muito — o evento.
Os ingressos foram completamente esgotados para a primeira participação da Fórmula E no Japão, e a torcida local não se contentou em ir ao circuito montado nas proximidades do Tokyo Big Sight. O barulho foi constante na classificação e na corrida, que acontecem em horários mais atrativos, e a preferência pela Nissan ficou clara.
Milhares de bandeiras vermelhas com o nome da equipe japonesa foram agitadas do início ao fim do evento, deixando claro que a comemoração seria ainda maior em caso de triunfo de Oliver Rowland ou Sacha Fenestraz. Foi justamente o que aconteceu na classificação, com uma explosão nas arquibancadas após a vitória do britânico na final contra Maximilian Günther por apenas 0s021.
Com temperaturas um pouco acima do previsto, o eP de Tóquio chegou a 21ºC e trouxe um clima bastante agradável ao público, que teve a oportunidade de testar simuladores e participar de ativações no Fan Village. Nada que não aconteça nas outras rodadas da Fórmula E, mas o cuidado com o entretenimento no Japão ficou evidente.
A categoria quis deixar uma marca na etapa japonesa, sonho de consumo há muitos anos, e se apresentar da maneira própria aos fãs locais. Fortemente interessada no mercado local, um dos maiores vendedores de carros elétricos em 2023, a Fórmula E não escondeu a preocupação em definir uma identidade junto ao público e, além de trazer a Nissan para ser parceira na organização da corrida, convidou nomes importantes como o primeiro ministro Fumio Kishida, que fez um tour pelas instalações e foi homenageado no grid, e a governadora de Tóquio, Yuriko Koike.
Yuki Tsunoda, único japonês presente na Fórmula 1, também esteve no local, assim como Aguri Suzuki — que já teve até equipe própria na Fórmula E — e Takuma Sato, bicampeão das 500 Milhas de Indianápolis. Por fim, até o ator Sung Kang, conhecido como o Han da série ‘Velozes e Furiosos’ participou do evento, inclusive como responsável por fazer a já tradicional condução dos três primeiros ao pódio.
Ainda em referência à série, a Fórmula E também produziu um curta mostrando os pilotos em cenas inspiradas em ‘Desafio em Tóquio’, terceiro filme da saga. Sung Kang participou das filmagens ao lado de outros atores, revivendo o papel de Han, enquanto diversos pilotos apareciam nas mais diversas situações.
As equipes não ficaram para trás e também entraram no jogo. Time da casa, a Nissan distribuiu quimonos personalizados para cada equipe do paddock, cada uma com sua identidade visual, em parceria com o designer japonês Jun Nakamura. Além disso, ainda adotou uma pintura diferenciada, ornamentada com flores de cerejeira, para homenagear seu país local. A alemã Porsche seguiu o mesmo caminho e correu no Japão com um carro quase que totalmente rosa.
Acima de qualquer alinhamento com os fãs locais, porém, era importante que a Fórmula E mostrasse uma boa corrida. E, com uma força e tanto da Nissan, a categoria cumpriu o objetivo. A prova em Tóquio apresentou, mais uma vez, imprevisibilidade até o fim e realizou as expectativas de quem esperava por uma corrida difícil e técnica em um circuito apertado.
Depois de fazer festa ao longo de todo o fim de semana, que sempre teve a Nissan entre as protagonistas, a torcida levou um banho de água fria no fim, entretanto. Rowland sofreu a ultrapassagem de Günther já na reta final e não conseguiu se aproximar o suficiente para tentar dar o troco, o que impediu a primeira vitória da equipe de fábrica na Fórmula E. Ao menos, a visível evolução das últimas etapas ganhou um novo capítulo, com o terceiro pódio consecutivo.
Sem preocupações, a Fórmula E pode dizer: a estreia no Japão foi um sucesso. A torcida comprou a proposta, lotou o evento e comprovou, na prática, que o esforço da categoria de ir a Tóquio foi um acerto. A pista, estreita até demais, deve passar por ajustes no ano que vem. Mas a primeira corrida da história nas ruas japonesas cumpriu seus objetivos. E com louvor.
A próxima etapa da Fórmula E está programada para acontecer entre os dias 12 e 14 de abril, com a rodada dupla de estreia do eP de Misano. O GRANDE PRÊMIO transmite todas as atividades de pista AO VIVO e COM IMAGENS no YouTube.
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