Fórmula E tem equilíbrio. Só falta alguém apresentar pilotagem digna de campeão

Edoardo Mortara ganhou a corrida 2 em Puebla e virou líder da Fórmula E. Muito legal para o competente piloto suíço, mas é um sinal: a temporada está nivelada por baixo, muito longe do nível de espetáculo que a F1 proporciona com Lewis Hamilton e Max Verstappen

Verstappen arrisca na estratégia e bate Hamilton: os melhores momentos do GP da França (GRANDE PRÊMIO com Reuters)

Há uma coisa inegável sobre a Fórmula E. A categoria elétrica apresenta brigas parelhas pelo título e quase sempre proporciona um clima de incerteza até o fim do campeonato. Isso é fruto da proposta de ser um campeonato sem grandes investimentos financeiros, sem grandes disparidades técnicas. Só que, em 2021, há um outro motivo para isso: ninguém parece capaz de pilotar em nível alto a ponto de realmente fugir na luta pelo caneco.

Para fazer essa análise, olhemos a classificação do Campeonato de Pilotos. Edoardo Mortara virou líder isolado após vencer a corrida 2 em Puebla. O suíço de fato foi bem em solo mexicano. Dito isso, como explicar ao público que um piloto que nem largou em um eP e não pontuou em outros três consegue abrir a segunda metade da temporada com 10 pontos de vantagem? 

A explicação está no pessoal que vem ao redor. Robin Frijns é o vice-líder, mas fazendo quase desprovida de qualquer brilho. António Félix da Costa é o terceiro, mas batendo sozinho e sem muitos resquícios do grande momento vivido em 2020. Nyck de Vries e Stoffel Vandoorne, dupla da Mercedes, devem ter alguma cláusula contratual impedindo duas corridas boas consecutivas. Até Lucas Di Grassi, que lavou a alma com vitória na corrida 1 em Puebla, cometeu um erro tenebroso e encheu a traseira do próprio De Vries na 2.

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Edoardo Mortara é o líder da Fórmula E. O que isso diz sobre o campeonato? (Foto: FIA Fórmula E)

Em outras palavras, a Fórmula E está nivelada por baixo em 2021. Não há uma luta titânica entre Di Grassi e Sébastien Buemi. Não há Jean-Éric Vergne fazendo o impensável ao ser campeão em anos consecutivos. Não há Da Costa nadando de braçada com cinco top-2 seguidos. Há um vácuo e, incrivelmente, não há resposta clara sobre quais são os melhores pilotos do grid no momento.

É realmente possível que a temporada atual acabe com um vencedor inesperado. Só que isso não é tão bom assim. Melhor ter um campeonato afunilado, com poucos brilhando, ou campeonato completamente aberto pelos piores motivos possíveis?

Olhemos para a Fórmula 1. A temporada atual empolga um monte porque tem dois pilotos de altíssimo nível. Max Verstappen e Lewis Hamilton se enfrentam semana após semana e ninguém vai poder dizer que o campeonato foi nivelado por baixo. Quem sair por cima poderá bater no peito e dizer que superou um desafio tremendo. Não há isso na Fórmula E atual. Ser campeão vai ser muito mais uma questão de eventualmente bater um pouco menos. O resultado já é visível: a categoria tradicional vive um de seus melhores campeonatos no século e a elétrica vive um de seus piores. Esses valores são subjetivos, claro, mas não é difícil imaginar qual das duas temporadas será lembrada por mais tempo.

Antonio Felix da Costa deixou um vácuo ao parar de repetir atuações de alto nível (Foto: Fórmula E)

A boa notícia é que ainda há tempo para isso mudar. Restam três rodadas duplas na temporada atual e isso deve bastar para alguém colocar a cabeça no lugar e começar a trazer resultados. Mercedes e Jaguar, que começaram 2021 bem e só depois se perderam no caminho, ainda têm tempo de se reencontrar. O mesmo vale para a Techeetah. Bom, vale para um monte de gente, mas alguns pilotos carregam mais expectativas do que outros.

A Fórmula E tira agora algumas semanas de descanso antes de realizar uma nova rodada dupla. Será a vez de retornar a Nova York, uma pista mais tradicional do certame elétrico. De rua, sem algumas das loucuras proporcionadas por Puebla. Que esse retorno à normalidade inspire os pilotos a retornar ao patamar esperado de uma briga por título em um campeonato chancelado pela FIA.

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