Wehrlein ressurge após quase fim, impõe-se sobre fenômeno Da Costa e dá título à Porsche
O alemão teve serenidade para pontuar na maioria das provas da temporada e, de grão em grão, 'encher o papo' para buscar o triunfo inédito na Fórmula E
Pascal Wehrlein precisou ressurgir dentro da temporada para conseguir o inédito título mundial da Fórmula E. Para ele e para a Porsche, o título chega como uma consequência final de uma competitividade ímpar, vivida dentro da rivalidade com a Jaguar durante praticamente todas as etapas da categoria desde a primeira rodada da temporada 2023/24, no México.
O alemão fez um campeonato aproveitando cada linha do regulamento. Finalizando as provas sempre na zona de pontuação, o #94 soube aproveitar os tentos dedicados aos poles em cada prova do calendário. Wehrlein marcou três pontos extras em três etapas diferentes: México, São Paulo e Mônaco. Além disso, venceu a prova mexicana com autoridade e foi o melhor também na corrida 2 em Misano. Depois, acumulou alguns resultados comuns pelo nível do trem de força Porsche, mas sempre somando pontos importantes para o campeonato.
E os números comprovam isso: em 16 corridas, esteve entre os oito primeiros em 13 provas. A palavra que traduz cem por cento o inédito título alemão é regularidade. De grão em grão, Wehrlein ‘encheu o papo’ para buscar o triunfo inédito na Fórmula E.
Mas, antes de tudo, vale uma volta no tempo. Isso porque o piloto de 29 anos registrou resultados apenas razoáveis na Fórmula 1 até decidir embarcar no desafio elétrico pela Mahindra. Membro da academia da Mercedes, Wehrlein foi piloto de testes da equipe antes de chegar regularmente à F1 pela modesta Manor. O auge foi alcançar a zona de pontuação com a equipe de Banbury no GP da Áustria de 2016, quando terminou a corrida em décimo. Em 2017, conseguiu uma vaga na Sauber para correr ao lado de Marcus Ericsson, mas não se consolidou na equipe suíça.

Em dezembro do mesmo ano, foi substituído por um tal de Charles Leclerc e, sem espaço na principal categoria do automobilismo mundial, decidiu arriscar-se na Fórmula E no ano seguinte pelo time indiano. A vaga na Porsche surgiu na temporada 2020/21, quando substituiu Neel Jani para correr ao lado de André Lotterer.
Além de lidar com o próprio destino, Wehrlein também precisou saber administrar sua evolução com o crescimento quase interminável do outro lado da garagem, sobretudo na segunda metade da temporada atual. O português António Félix da Costa teve, inegavelmente, uma recuperação quase impecável nas pistas.
A punição descabida em Misano tirou suas chances de título, mas não apaga a resiliência do #13 em mostrar porque é um dos melhores pilotos da história da categoria. Da Costa venceu quatro provas muito importantes para o desfecho do campeonato e também pode carregar este mérito. O português não só apagou a possibilidade de ser substituído no trem de força alemão, como também deu à Porsche a chance de sonhar com o Mundial de Equipes — algo que parecia improvável até então.

A virada de chave mental e técnica da Porsche foi quase tocável, seja pela reação inflamada de Da Costa ao lidar com a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) em Misano e responder na pista, ou pela serenidade de Wehrlein em manter o foco para continuar somando pontos para disputar e vencer o mundial na decisão definida na ExCel Arena.
A cerveja do bolo foi a corrida impecável em Londres ao ultrapassar Mitch Evans e Sébastien Buemi de uma vez, abrir vantagem e acionar o moto ataque duas vezes sem perder a liderança. Neste domingo, na segunda e última prova londrina, confirmou porque é um dos pilotos mais fortes do grid elétrico em um dos finais mais caóticos da história do esporte a motor envolvendo Evans, modo ataque, Cassidy e acidente para ficar com o caneco e alcançar a história.
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