Fitzgerald detalha acidente com Van ‘t Hoff em Spa: “Corrida deveria ter sido interrompida”

Pela primeira vez desde o acidente que matou Dilano van ‘t Hoff na corrida 2 da rodada de Spa-Francorchamps da FRECA, Adam Fitzgerald relembrou os momentos terríveis que viveu debaixo da intensa chuva que caiu sobre a Bélgica naquele 1º de julho de 2023. Foi o carro do irlandês que acertou em T o bólido da MP do jovem holandês, uma batida fatal, porém que não poderia ter sido evitada diante da condição de “zero visibilidade”, nas palavras do piloto da RPM.

Na ocasião, faltavam poucos minutos para o fim da corrida, quando a direção de prova autorizou a relargada após uma intervenção do safety-car. Na veloz combinação Eau Rouge + Raidillon, Van ‘t Hoff rodou e ficou atravessado na pista na reta Kemmel. Fitzgerald, que vinha logo atrás, nada pôde fazer em alta velocidade.

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“Aconteceu tudo tão rápido que nem tive chance de reagir antes do impacto”, disse Fitzgerald ao site Feeder Series. “A equipe me disse que não tive chance de frear antes de bater no carro de Dilano, então o acertei. Não me lembro muito bem desse momento, só da dor… surpreendentemente a adrenalina não fez nada. Foi como levar uma marretada na parte inferior das costas, a dor mais excruciante”, ressaltou.

“Àquela altura, nem sabia que meu cotovelo estava quebrado, não sabia que tinha fraturado o esterno (osso localizado na região da caixa torácica), que tinha machucado o calcanhar, o outro cotovelo… não senti nada disso porque toda a dor estava concentrada nas minhas costas”, enfatizou Adam, que não teve dúvidas ao ser questionado se a corrida deveria ter sido encerrada naquele safety-car.

“Absolutamente”, afirmou. “Posso dar um exemplo para explicar o quão ruim estava a visibilidade. Em Spa, primeiro você tem a Eau Rouge, que é uma curva à esquerda, depois vem a Raidillon à direita. A primeira zebra, à esquerda, simplesmente não se via, perdi [o ponto] completamente e quase passei por cima da grama na Raidillon porque não conseguia enxergar onde a zebra estava”, seguiu.

“A visibilidade era zero e, para piorar, meu visor estava embaçado. Essa corrida deveria ter sido totalmente interrompida, estava muito perigoso. Não havia chance, chance nenhuma, se alguém rodasse na sua frente, de você ver e desviar do carro. E foi o que aconteceu”, lamentou o jovem.

Logo após o acidente, a RPM confirmou que Fitzgerald havia sofrido “múltiplas fraturas” com o impacto da batida. Adam contou que a única coisa que lembra é de ver a ambulância indo em direção ao carro de Dilano, porém era impossível imaginar a gravidade da lesão. Eram muitas pessoas em torno do bólido da MP, enquanto Joshua Dufek, piloto da Van Amersfoort, estava próximo ao seu carro gritando para que o irlandês também fosse atendido.

“Mas não havia ninguém porque era apenas uma ambulância no local”, revelou. “Imaginei que Dilano estava com certeza machucado, mas nunca soube o quão ruim poderia ser. Sabia que nós dois estávamos mal e…”, ele fez uma pausa. “É incrivelmente triste o que aconteceu, ainda estou sem palavras pelo que aconteceu com ele e sua família”, completou.

Na época do acidente, a FRECA prestou homenagens, expressando “nossas sinceras condolências à família, equipe e amigos”. Não houve, contudo, nenhuma declaração acerca das condições de pista durante o acidente fatal, situação que se estende até hoje. Federação Internacional de Automobilismo (FIA) também não se manifestou sobre a decisão de permitir a corrida sob chuva intensa em Spa.

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