Binho Carcasci ressalta importância do formato da Seletiva Petrobras: "O piloto talentoso vai aparecer"

"Está tudo ligado. Não são coisas que a gente soltou dentro de um final de semana de corrida só para ficar bonito. É tudo pensando em revelar o talento do cara"

Foi em 1997 que Binho Carcasci e a Petrobras conversaram, pela primeira vez, pensando em criar o campeonato que viria a se tornar a Seletiva de Kart Petrobras. O primeiro diálogo sobre o tema serviu para que a intenção ficasse no ar. Meses depois, em 1998, o sinal verde foi dado e o terreno começou a ser preparado. Em 1999, a Seletiva estreou para ficar.

Em 2013, o Kartódromo Granja Viana receberá a 15ª edição do torneio, já consolidado como um dos principais do kartismo brasileiro. Tanto pelo prêmio, o maior prêmio individual do kart no Brasil, quanto pelo formato.

‘Pai’ da Seletiva, Binho Carcasci conversou com o GRANDE PRÊMIO sobre a concepção da Seletiva e os objetivos que, na visão dele, foram cumpridos com sucesso.

Binho Carcasci da a bandeirada de chegada para Daniel no antigo Kartódromo Serra Verde, em BH, em 2003 (Foto: Seletiva de Kart Petrobras)

GRANDE PRÊMIO: Como surgiu a Seletiva de Kart Petrobras?

Binho Carcasci: “Eu trabalhava na organização da F3, que tinha patrocínio da Petrobras, e conheci ali o Cláudio Thompson. Como eu tinha uma ligação muito forte com o kart, principalmente por causa do Paulo [Carcasci, irmão] e de toda a história dele, queria fazer algo com o kart. Eles [Petrobras] tinham um envolvimento já grande com o automobilismo. Comecei a falar: ‘Cláudio, por que vocês não fazem algo com o kart?’ E ele disse: ‘Nós vamos fazer. Quando chegar a hora, eu te falo.’ Isso foi em 1997. Foi indo, foi indo, foi indo e, no final de 1998, ele falou: ‘Está na hora. Faz um projeto.’ Eu sabia o que estava acontecendo no kart e pensei em fazer uma corrida totalmente nova. Um negócio que seja importante para o piloto e em que ele não precise gastar dinheiro. Dar um prêmio. E com a preocupação de que o talento tinha que aparecer, que não era só minha, era também da Petrobras. Aí eu fiz o projeto e, em 1999, nasceu.

GP: Qual o objetivo da Seletiva?

BC: O objetivo ainda é, depois de 15 anos, o mesmo do início: prommover o automobilismo na base dele, que é o kart, e da forma mais abrangente possível. Por isso que tem etapas em Imperatriz, em Recife, para que o maior número de pilotos possa participar sem ter um custo para isso. Democratiza o esporte.

GP: Qual a importância que a Seletiva tem para os pilotos?

BC: Isso varia muito. Pela idade que o cara tem, as expectativas. Mas, por exemplo: o Julio Campos, com o valor do prêmio, pagou uma temporada de Skip Barber. Ganhou aquela temporada. Com o prêmio, correu de Barber Dodge. O Rafael Suzuki usou para pagar mais da metade da temporada dele de F3 na Ásia, que depois o levou para a F3 Japonesa. O Rafael Daniel preferiu ir juntando o dinheiro, ganhou três vezes seguidas e foi correr de Stock Light. Depende do cara. É importante, sim, ajuda, sim, mas dentro da expectativa de cada um.

GP: A Seletiva possui um formato que é bem diferente do comum de outros campeonatos. Como vocês chegaram a esse formato e qual a intenção?

BC: A gente chegou nisso porque queria que o nosso evento pudesse revelar talentos sem interferência da parte econômica e, consequentemente, da parte técnica. Então, a gente dá todo o equipamento, que a gente assegura que é igual para todo mundo, com as menores diferenças possíveis, que não interfiram no resultado final. Dentro disso, a gente foi criando fórmulas para o talento aparecer. Dentro da nossa experiência, sabemos de algumas características que mostram se o piloto é bom ou não. Foi o que a gente fez, especialmente com as tomadas de tempos. Tem uma de uma volta: ele vai ter que mostrar o quanto que é frio para fazer aquela volta sem errar, porque, se errar, aqueles pontos vão fazer falta. Na outra, o cara dá seis voltas seguidas: tem que mostrar que é constante. Na outra, anda cinco minutos e pode parar nos boxes uma vez, se quiser, para ajustar o kart: tem que ter algum conhecimento técnico para ajustar, ou, se ele achar que está muito bom, tem que, naquele momento, usar o melhor do pneu, porque é a hora em que saiu com o pneu zero. O piloto talentoso vai aparecer.

GP: E por que as corridas têm só cinco pilotos?

BC: Só tem cinco pilotos porque a gente entende que aqueles 12 pilotos [que chegam à final] são os melhores do Brasil. Como a corrida é curta, com cinco ou com dez pilotos, não iria mudar muito. Tem que ter habilidade para fazer duas ou três ultrapassagens que você faz em uma corrida normal de kart e vencer para passar para a próxima fase. Está tudo ligado. Não são coisas que a gente soltou dentro de um final de semana de corrida só para ficar bonito. É tudo pensando em revelar o talento do cara.

GP: Alguma edição da Seletiva foi mais marcante para você?

BC: Eu não tenho um ano especial. O de dez anos foi importante porque comemorava dez anos. A Seletiva tem uma característica interessante, que é do kart, que é que ela se autorrenova. Eu tenho um regulamento que eu sempre dou uma adaptada pequenininha de um ano para o outro para corrigir uma coisa ou outra, mas os pilotos é que se renovam. Então é sempre uma novidade. Não tem nada que pudesse ter acontecido para marcar tanto. Aquela de dez anos, pô, dez anos de um evento de kart patrocinado no Brasil, nunca aconteceu. Marcou muita gente. Mas cada vitória de um piloto diferente é marcante, principalmente para ele.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias do GP direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.