O GRANDE PREMIUM traz uma análise do quanto cada uma das dez equipes do grid da F1 rodou na primeira semana de testes em Barcelona. Rainha da confiabilidade, a Mercedes completou quilometragem quase sete vezes maior que a Williams

Nico Hülkenberg, Alexander Albon e Daniil Kvyat, de Renault e Toro Rosso, respectivamente, foram os três primeiros colocados na tabela de tempos da primeira semana de testes de pré-temporada da F1, em Barcelona. Não, não espere uma revolução na ordem de forças para 2019. Os tempos não costumam representar a realidade dos fatos, sobretudo na primeira semana de trabalho de pista durante o inverno.

Para ter uma ideia mais clara de onde está cada equipe, ao menos neste início de preparação, vale um olhar mais clínico para a quilometragem alcançada na Catalunha. E aí fica mais claro entender que as grandes forças do grid seguem sendo Mercedes e Ferrari, não necessariamente nesta ordem, e que a Williams, com dois dias e meio de atraso com o novo FW42, larga bem atrás.

Sem a chuva, frio extremo e neve que prejudicaram a primeira semana de pré-temporada no ano passado, as quilometragens alcançadas pelas equipes foram substancialmente maiores. Mesmo a Racing Point, que se poupou por ainda não ter peças sobressalentes para o novo RP19, e a Haas, às voltas com uma série de problemas nos testes, completaram um percurso muito maior do que em 2018.

Somente a Williams, protagonista do primeiro vexame de 2019, destoou de forma negativa, tendo completado somente pouco menos de 410 km, quase sete vezes menos que os 2.839,5 km percorridos pela Mercedes, a campeã da confiabilidade no circuito catalão.

A seguir, o GRANDE PREMIUM traz a lista, equipe por equipe, do quanto cada uma delas completou de quilometragem em Barcelona e um breve comparativo em relação ao início dos trabalhos no ano passado.

10 – Williams

Total de voltas completadas: 88 (Robert Kubica, 48; George Russell, 40);
Total de quilômetros completados em 2019: 409,64 km;
Total de quilômetros completados em 2018: 1.284 km

Uma das equipes mais vitoriosas da história da F1, a Williams viveu dias de Andrea Moda, passou vexame, correu contra o tempo, mas conseguiu colocar o novo FW42 na pista. Com muito atraso, diga-se. A escuderia de Grove perdeu nada menos que dois dias e meio em relação às adversárias e só completou as primeiras voltas da vida do carro no começo da tarde da última quarta-feira.

Claro que, com um modelo ainda inacabado, George Russell e Robert Kubica tiveram parcas condições e um tempo escasso para avaliar se há algum potencial no FW42. O foco maior esteve em fazer as chamadas verificações no carro, além de alguns testes aerodinâmicos.

Assim, apenas 88 voltas foram completadas pela dupla, ou 409,6 km no total, menos de um terço da quilometragem alcançada pelo antigo FW41, um carro que levou a Williams à última posição do Mundial de Construtores. A julgar pelo que pouco se viu do novo modelo, há boas chances de a equipe britânica ter um ano ainda pior do que em 2018.

O novo Williams FW42 rodou pouco mais de 400 km na primeira sessão de testes (O novo Williams FW42 rodou pouco mais de 400 km na primeira sessão de testes (Foto: Williams))

9 – Racing Point
Total de voltas completadas: 248 (Lance Stroll, 151; Sergio Pérez, 97);
Total de quilômetros completados em 2019: 1.154,44 km;
Total de quilômetros completados em 2018 (como Force India): 772 km

A nova Racing Point, que emergiu à principal categoria do automobilismo depois que o consórcio liderado por Lawrence Stroll comprou a Force India, também enfrentou suas limitações, mesmo contando com uma condição financeira muito mais saudável do que sua antecessora.

Não houve nenhum grande problema com o novo RP19 durante a primeira semana de testes. Contudo, faltam peças de reposição para o carro rosa e azul construído em Silverstone. Desta forma, a programação da primeira semana foi bem limitada. Tudo para evitar qualquer tipo de quebra, o que atrapalharia ainda mais a preparação antes da chegada a Melbourne, em março.

Sendo assim, a expectativa para a segunda semana de testes é que a programação da nova Racing Point seja idêntica à primeira, com os trabalhos limitados e o RP19 poupado para conseguir ter seu potencial explorado ao máximo, já com as peças de reposição prontas e à disposição, para a abertura da temporada 2019.

A Racing Point rodou pouco. O motivo? Falta de peças de reserva para o novo RP19 (Lance Stroll a bordo do novo Racing Point RP19 (Foto: Racing Point))

8 – Haas
Total de voltas completadas: 384 (Romain Grosjean, 198; Kevin Magnussen, 125; Pietro Fittipaldi, 61);
Total de quilômetros completados em 2019: 1.787,52 km;
Total de quilômetros completados em 2018: 870 km

Com exceção da Williams, em caso absolutamente atípico, as duas últimas em termos de quilometragem da primeira semana de testes do ano passado foram as duas últimas neste ano. A Haas também completou um número de voltas significativamente maior em relação a 2018, mas sofreu às voltas com uma série de infortúnios, desde falhas elétricas com o novo VF-19 até mesmo um inesperado problema no assento do carro de Kevin Magnussen.

No quarto e último dia da primeira semana de testes, a Haas finalmente conseguiu uma série livre de problemas. O que finalmente deixou Guenther Steiner, chefe da equipe, satisfeito.

“O fim foi melhor do que o começo para nossa semana de testes. Estou feliz com a quilometragem alcançada, feliz com o resultado. Desempenhamos nosso programa de testes por completo, a primeira vez que conseguimos isso nesta semana, então parece que temos de volta algo que perdemos no começo dos testes com nossos problemas técnicos. Parece estar tudo resolvido agora. Estamos muito otimistas e ansiosos para o segundo teste na semana que vem”, disse.

O novo carro da Haas mostrou boa performance, mas apresentou algumas falhas em Barcelona (Kevin Magnussen a bordo do novo VF-19 da Haas (Foto: Haas))

7 – Renault
Total de voltas completadas: 434 (Nico Hülkenberg, 248; Daniel Ricciardo, 186);
Total de quilômetros completados em 2019: 2.020,27 km
Total de quilômetros completados em 2018: 1.270,81 km

Coube à Renault a primazia de liderar a tabela de tempos com Nico Hülkenberg, autor da volta mais rápida da primeira bateria de testes coletivos, usando os chamados pneus C5, os mais rápidos construídos pela Pirelli na temporada. Contudo, quando o assunto é a confiabilidade, a escuderia baseada em Enstone não impressionou.

Ainda que tivesse completado o equivalente a sete GPs nesta primeira semana em Barcelona, o novo R.S.19 chegou a apresentar alguns problemas, como reportou Nick Chester, diretor-esportivo da Renault.

Com os problemas apresentados, o trabalho dos engenheiros, mecânicos e pilotos esteve em entender o que havia de fato no carro e procurar as soluções. Assim, boa parte da programação voltada à performance foi preenchida pelo tempo para buscar as soluções para o modelo aurinegro. Se tudo está resolvido ou não, a segunda semana de testes é quem vai responder.

A Renault fechou a semana 1 de testes com o melhor tempo em Barcelona (A Renault fechou a semana 1 de testes com o melhor tempo (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio))

6 – McLaren
Total de voltas completadas: 445 (Lando Norris, 236; Carlos Sainz, 209);
Total de quilômetros completados em 2019: 2.071,47 km;
Total de quilômetros completados em 2018: 1.210,30 km

Em geral, a McLaren não teve grandes problemas na primeira semana de trabalho com o novo MCL34. Lando Norris e Carlos Sainz completaram quilometragem parecida, indicando que o carro construído em Woking para 2019 parece ser bem confiável.

Diretor-esportivo da McLaren, Gil de Ferran, que falou sobre a primeira bateria de testes em Barcelona, analisou de forma positiva o que a escuderia britânica apresentou até o momento.

“Em resumo, tivemos um primeiro teste valioso e produtivo, e satisfatoriamente isso significa que não há muito mais a dizer. Completamos uma boa quilometragem, completamos nosso teste e extraímos muitas informações úteis sobre o MCL34, os pneus de 2019 da Pirelli e sobre nossos pilotos”, comentou o brasileiro.

Carlos Sainz Jr. a bordo do novo carro da McLaren em Barcelona (Carlos Sainz Jr. a bordo do novo carro da McLaren em Barcelona (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio))

5 – Red Bull
Total de voltas completadas: 475 (Pierre Gasly, 238; Max Verstappen, 237);
Total de quilômetros completados em 2019: 2.211,12 km;
Total de quilômetros completados em 2018: 870,48 km

Na comparação com as equipes do mesmo patamar, Mercedes e Ferrari, a Red Bull rodou bem menos na primeira semana de testes. Mas não há motivos para reclamar. Contando com a Honda como nova fornecedora de motores, o RB15, de projeto capitaneado por Adrian Newey, mostrou ser um carro bem-nascido e que se encaixou bem com o propulsor japonês. Sinal pra lá de encorajador para a cúpula taurina.

O principal foco da Red Bull, além de ter as primeiras impressões do novo motor, foi entender o comportamento dos pneus, com a prioridade sendo o uso dos compostos C3, que tendem a ser uma opção padrão ao longo da temporada. O RB15 não chegou a figurar entre os mais rápidos, mas a prioridade na programação foi realizar os long-runs, ou simulação de corridas.

Sem nenhum problema mais sério apresentado no conjunto carro e motor, a sensação na Red Bull é que o início de trabalho com o RB15 foi bastante positiva. E que, com uma unidade motriz que parece cada vez mais desenvolvida e um chassi pra lá de equilibrado, os taurinos mostram potencial para, pelo menos, andar bem próximos das suas grandes rivais no trio-de-ferro da F1.

O novo RB15, empurrado pelo motor Honda, alcançou boa quilometragem em Barcelona (Pierre Gasly a bordo do novo Red Bull RB15 (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio))

4 – Toro Rosso
Total de voltas completadas: 482 (Alexander Albon, 268; Daniil Kvyat, 214);
Total de quilômetros completados em 2019: 2.243,71 km;
Total de quilômetros completados em 2018: 1.508,22 km

Não é de hoje que a Toro Rosso é uma das campeãs da confiabilidade nos testes de inverno da F1. Na primeira semana da pré-temporada do ano passado, o time de Faenza registrou o maior número de voltas completadas, à frente até das poderosas Mercedes e Ferrari.

Semana passada, o novato Alexander Albon impressionou com uma boa quantidade de voltas sem problemas, assim como Daniil Kvyat. Os dois aproveitaram uma sequência bastante satisfatória de voltas rápidas com os pneus C5 e colocaram a equipe no topo da tabela de tempos de quarta-feira à tarde e quinta-feira pela manhã, sendo a dupla superada apenas pela Renault de Nico Hülkenberg.

Trata-se de um começo inegavelmente bem animador para a equipe italiana, assim como para a Honda, que conseguiu completar nada menos que 957 km — mais que Mercedes e Renault — sem grandes complicações.

Eis um dos destaques dos testes: Alexander Albon a bordo do novo STR14 da Toro Rosso (Alexander Albon a bordo do novo STR14 da Toro Rosso (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio))

3 – Alfa Romeo
Total de voltas completadas: 507 (Antonio Giovinazzi, 255; Kimi Räikkönen, 252);
Total de quilômetros completados em 2019: 2.360 km;
Total de quilômetros completados em 2018 (como Sauber): 1.317,36 km

Sucessora da Sauber, a Alfa Romeo foi uma das gratas surpresas da primeira semana de testes da F1. Com uma dupla de pilotos das mais interessantes, composta por Kimi Räikkönen — campeão do mundo em 2007 e o mais experiente do grid — e o novato Antonio Giovinazzi, o time só ficou atrás de Ferrari e Mercedes como o carro que mais completou voltas em Barcelona.

E foi uma semana bastante produtiva em termos de trabalho, sem nenhum grande problema no novo C38. Se a forma se mantiver nos testes desta semana, dá para imaginar a marca italiana, de volta à F1 depois de 34 anos, com chances reais de brigar bem na frente do pelotão intermediário.

A Alfa Romeo mostrou boa forma nos testes de inverno em Barcelona (Kimi Räikkönen guia o Alfa Romeo C38 em Barcelona (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio))

2 – Ferrari
Total de voltas completadas: 598 (Sebastian Vettel, 303; Charles Leclerc, 295);
Total de quilômetros completados em 2019: 2.783,69 km
Total de quilômetros completados em 2018: 1.387,19 km

A Ferrari foi o grande destaque da primeira semana de trabalhos da F1 em Barcelona porque foi a que conseguiu, aparentemente, mostrar grande potencial não apenas em termos de velocidade, mas também sobre a confiabilidade da nova SF90.

Em termos do percurso completado na semana, Sebastian Vettel e Charles Leclerc andaram muito próximos de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas.

No fim das contas, os carros das grandes candidatas ao título não apresentaram nenhum problema sério, mas com a equipe de Maranello um pouco à frente por enquanto. Completar a distância de nove GPs no espaço de quatro dias com forte performance e sem grandes complicações é um sinal dos melhores para quem almeja voltar ao topo da F1 depois de anos de domínio prateado.

A nova SF90 impressionou pela forte performance e também pela alta confiabilidade (Charles Leclerc com a Ferrari SF90 (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio))

1 – Mercedes

Total de voltas completadas: 610 (Lewis Hamilton, 307; Valtteri Bottas, 303);
Total de quilômetros completados em 2019: 2.839,55 km;
Total de quilômetros completados em 2018: 1.424,43 km

Assim como foi nos últimos anos, a Mercedes focou principalmente nos trabalhos para avaliar a confiabilidade do seu novo carro na abertura da pré-temporada. O W10, a nova joia prateada construída em Brackley e com o motor fabricado em Brixworth, pode não ter animado tanto em termos de performance pura, mas foi o mais robusto, o que fica nítido na quilometragem percorrida.

Quando se baseia os dados obtidos caótica na primeira semana de pré-temporada deste ano na comparação com o mesmo período de 2018, o ganho é significativo. Apenas Lewis Hamilton, por exemplo, rodou mais do que a Mercedes inteira na abertura dos testes de inverno do ano passado em Barcelona.

Com a certeza de que o novo W10 nasceu forte e confiável, há margem e tempo suficientes para que o carro agora consiga alcançar as evoluções necessárias também em termos de performance. O que, conhecendo a competência de uma equipe que ganhou nada menos que dez títulos nos últimos cinco anos, não vai ser nada difícil de buscar.

O campeão da confiabilidade: o Mercedes W10 completou quase 3 mil km em Barcelona (Valtteri Bottas a bordo do Mercedes W10 em Barcelona (Foto: Xavi Bonilla/Mercedes))

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