Estrelas e problemas de calendário: as últimas corridas extracampeonato da Indy

GRANDE PRÊMIO relembra vezes anteriores em que Indy fez corridas sem valer pontos, como Desafio do US$ 1 Milhão desse final de semana

A Indy realizará uma corrida sem contar pontos para o campeonato após 16 anos — a primeira vez desde Surfers Paradise, em 2008. Neste final de semana, a categoria desembarca no The Thermal Club, autódromo localizado na região de Palm Springs, na Califórnia, para o Desafio do US$ 1 Milhão e que dará US$ 500 mil [aproximadamente R$ 2,5 milhões] ao vencedor — a maior premiação fora das 500 Milhas de Indianápolis.

O Desafio do US$ 1 Milhão surgiu para suprir uma lacuna no calendário da Indy. Nos últimos anos, após abrir a temporada em São Petersburgo, a categoria ficava aproximadamente um mês sem corridas, muito em decorrência das baixas temperaturas que atingem o território dos Estados Unidos nesse período, final do inverno e início do outono no hemisfério norte. The Thermal Club apareceu como uma opção pela localização estratégica, já que a Califórnia possui clima mais ameno.

Corrida sem contar pontos para o campeonato não é algo raro na Indy se considerarmos seu espólio —contando as provas organizadas pela AAA, USAC, CART, Champ Car e IRL. São mais de 100 eventos em toda a história, que foram realizados pelos mais variados motivos — seja apenas pela promoção do certame, pelo aspecto financeiro ou até pela dificuldade logística e financeira para exigir um deslocamento intercontinental, como foram os casos dos dois anos, em 1957 e 1958, em que se competiu no oval de Monza, na Itália.

Nas últimas cinco vezes que a Indy teve uma disputa sem pontos no campeonato, tivemos uma vitória brasileira entre elas. Em 1992, Emerson Fittipaldi venceu a Corrida All-Star, realizada no oval de Nazareth. Coincidentemente, esta foi a última vez que a CART organizou um evento desse porte.

Indy
Josef Newgarden durante teste da Indy em Thermal (Foto: IndyCar)

Diante do Desafio do US$ 1 Milhão que se aproxima, o GRANDE PRÊMIO relembra as últimas cinco oportunidades que a Indy realizou um evento sem contar pontos para o campeonato:

1989 — Laguna Seca

A Indy tinha no calendário desde 1987 o Marlboro Challenge, corrida que tinha grid composto pelo atual campeão da categoria, o vencedor das 500 Milhas de Indianápolis e todos os pilotos que ganharam provas no período. Esse número deveria formar ao menos dez competidores, caso não chegasse a tanto, era inserido no espetáculo quem tivesse mais segundos, terceiros lugares e assim sucessivamente.

Em 1989, a corrida foi realizada pela primeira vez no circuito de Laguna Seca, em Monterey, na Califórnia, após dois anos ocorrendo no Tamiami Park, em Miami. Foi no dia 14 de outubro, véspera do GP que encerrava a temporada daquele ano. Mas o clima era de festa, pois Emerson Fittipaldi já tinha garantido o título na etapa anterior, disputada em Nazareth.

Fittipaldi fez a pole na ocasião, desbancando o grande rival por aquele campeonato, Rick Mears. A prova teve 45 voltas e foi uma disputa que premiou quem mais soube economizar combustível. Com isso, Al Unser Jr. conseguiu levar o carro da Galles até o final e vencer, com Danny Sullivan conquistando a segunda colocação na última volta da prova, após ver Fittipaldi ficar sem combustível. Bobby Rahal terminou no pódio, à frente de Teo Fabi, Mario Andretti, Scott Pruett, Fittipaldi, Mears e Arie Luyendyk.

Vale destacar que entre 1988 e 1991, a Corrida All-Star fazia parte de três provas que compunham a Marlboro Million. Quem vencesse o GP de Meadowlands, as 500 Milhas de Michigan e o Marlboro Challenge no mesmo ano ganhava US$ 1 milhão. Caso vencesse somente duas, levava US$ 150 mil. Mas, para sorte do departamento financeiro da marca tabagista, nenhum piloto na história foi capaz de realizar algum desses feitos.

Emerson Fittipaldi ficou sem combustível na última volta em Laguna Seca (Foto: Reprodução)

1990 – Nazareth

A Corrida All-Star ia para o oval da cidade onde cresceu Michael Andretti pela primeira vez. O evento foi realizado na véspera da penúltima etapa do certame de 1990 e não tinha clima de festa como no ano anterior. Al Unser Jr. duelava contra o ídolo local pelo título ainda em aberto.

A primeira fila do grid ficou com os dois, com Michael largando à frente. Mas a corrida foi basicamente um duelo entre Mears e Fittipaldi, que tinham ritmo superior a todos durante as 100 voltas. Melhor para o estadunidense, que superou o então atual campeão em 4s2 para ficar com a vitória. Unser Jr. ficou em terceiro e foi o último na mesma volta do vencedor.

No dia seguinte, mesmo com um abandono, o piloto da Galles viu Fittipaldi vencer o GP de Nazareth e Michael Andretti fechar somente em sexto, o que lhe rendeu o primeiro título da Indy.

Rick Mears foi o vencedor de evento extracampeonato em 1990 (Foto: Reprodução)

1991 – Laguna Seca

O Marlboro Challenge retornou à pista californiana e voltou a ser realizado um dia antes da decisão do campeonato. Michael Andretti chegava com 12 pontos de vantagem para Bobby Rahal, tendo 22 em disputa.

A Corrida All-Star, então, se tornava um parâmetro para saber quem seria o campeão de 1991. O evento deu mais um indicativo de que, após anos batendo na trave, Michael Andretti triunfaria na Indy.

Naquele final de semana dos dias 19 e 20 de outubro, o então piloto da Newman-Haas fez a pole e venceu, tanto o All-Star quanto o GP de Laguna Seca. No evento que não contava pontos, com 45 voltas de duração, Mears liderava até a última curva, quando cometeu um erro e abriu caminho para Michael vencer por apenas 0s8 de vantagem. Na ocasião, Fittipaldi fechou o pódio e Rahal foi somente o sétimo.

No encerramento do campeonato daquele ano, Andretti viu seu adversário abandonar logo no início e celebrou o título com vitória folgada sobre Al Unser Jr.

Mears erra na última curva e Michael Andretti vence em 1991 (Foto: Reprodução)

1992 – Nazareth

Palco de seu título em 1989, Emerson Fittipaldi voltou a brilhar no circuito oval de uma milha, mas só assumiu o protagonismo na parte final. A disputa da prova que antecedia o GP de Nazareth, novamente a penúltima etapa do calendário da Indy, se iniciou com os dois postulantes ao título: mais uma vez, Michael Andretti e Bobby Rahal, que ocupavam a primeira fila.

Antes de completar a primeira volta, Rahal assumiu a dianteira e ambos tinham destaque nas duas primeiras colocações. Na volta 54, uma bandeira amarela foi a ocasião perfeita para que os pilotos fizessem as paradas para troca de pneus e reabastecimento. Durante o procedimento com o safety-car na pista, os comissários alegaram que Rahal e Andretti ultrapassaram o carro de segurança antes da linha de chegada e puniram ambos com um stop and go.

O caminho ficou livre para Fittipaldi vencer o último evento sem contar pontos para o campeonato organizado pela CART. O Marlboro Challenge não continuou pelo fato de a Philip Morris reorganizar os investimentos no automobilismo norte-americano.

Emerson Fittipaldi levou o Marlboro Challenge em 1992

2008 – Surfers Paradise

O circuito de rua australiano fez parte da Indy, sob tutela CART e Champ Car, posteriormente, por muitos anos – ao todo, 18 corridas foram realizadas por lá. Muita negociação precisou ser feita para que o evento ocorresse em 2008.

O GP de Surfers Paradise seria parte do calendário da Champ Car naquele ano, mas a organização se fundiu com a IRL, que também tinha a própria programação. A fusão da Indy só foi concretizada em fevereiro, à véspera da estreia.

Em tempo: naquela época, a IRL tinha mais destaque que a Champ Car, com as 500 Milhas de Indianápolis fazendo parte do campeonato, além das equipes mais tradicionais ao seu lado — apenas a Newman-Haas seguia com a organização que assumiu o espólio da CART. Para que facilitar a fusão, a Champ Car pediu falência, o que é mais um indício de que a IRL tinha mais importância.

A “nova Indy” seguiria o calendário da categoria com mais relevância, com a inserção de algumas corridas acordadas pela Champ Car — Long Beach, Edmonton e Surfers Paradise. O contrato firmado entre as partes às vésperas da temporada 2008 fez com que o GP australiano precisasse ter algum remanejamento e a melhor solução foi realizá-la em outubro, como exibição, visto que muitos pilotos teriam contratos encerrados ao final de setembro, quando a IRL terminaria o campeonato.

Ryan Briscoe à frente de Scott Dixon em Surfers Paradise (Foto: Reprodução)

Prova disso é que houve movimentação importante no mercado, que foi o retorno de Dario Franchitti à Indy, após correr na Nascar. O escocês acertou com a Chip Ganassi e ocupou o lugar de outro piloto renomado na categoria, Dan Wheldon, que migrou para a Panther, na vaga que era de Vitor Meira. O brasileiro foi à Foyt e os três competiram na Austrália por suas novas equipes.

Diferente do Marlboro Challenge ou Desafio do US$ 1 Milhão, o formato não foi diferenciado. A programação seguiu similar a um GP corriqueiro da Indy e participaram 24 carros das equipes inscritas.

Will Power, na época na KV, fez a festa da torcida local no sábado, dia 25 de outubro, ao registrar a pole-position. Enquanto o domingo teve vitória de outro australiano, Ryan Briscoe, que competiu pela Penske.

Indy retorna com o Desafio do US$ 1 Milhão, que acontece no dia 24 de março. O circuito do The Thermal Club está localizado na Califórnia, próximo a Palm Springs.

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