Fotos de topless: A exigência que fez Emma Kimiläinen rejeitar Indy Lights em 2010

Atualmente na W Series, Kimiläinen foi chamada para a principal categoria de acesso à Indy em 2010. Mas, para ficar com a vaga, teria de cumprir exigência sexista do patrocinador

Após algumas temporadas longe dos monopostos, a pilota finlandesa Emma Kimiläinen retornou ao tipo de corrida em que forjou sua carreira, ainda nos anos 2000. Fez quatro corridas na W Series em 2019 e pretende retomar a carga assim que o campeonato voltar. Importante para uma atleta que, no momento em que a carreira poderia engatilhar de vez, sofreu com os efeitos do sexismo no esporte.

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Uma década atrás, a pilota, então com 20 anos de idade, foi convidada para uma chance na Indy Lights. O acordo esteve próximo até que a exigência de um patrocinador se tornou uma barreira intransponível: ele teria que posar para fotos fazendo topless.

“Estava indo na equipe, mas liguei para saber como era o acordo. A resposta foi a seguinte: ‘Tivemos um desentendimento com nosso parceiro. O acordo original era que quem fosse contratado teria que tirar foto de roupa de banho, mas agora precisa ser de topless’. Fiquei imaginando qual era esse patrocínio até que ficou claro que se tratava de uma revista masculina importante”, disse durante participação no podcast Shikaani, da Finlândia.

Após a declaração ganhar tração na imprensa internacional, Kimiläinen foi ao Twitter dizer que, na época, até o chefe da equipe em questão – que ela não quis revelar qual foi, por dizer que fazia muito tempo e “as coisas mudaram para melhor” desde então, mostrou-se compreensivo com a recusa e admitiu que era um pedido injusto.

“Para mim, foi só mais outra coisa que deu errado entre várias outras bizarras na minha carreira. Hoje eu acho engraçado. É absurdo pensar nisso hoje em dia, mas dez anos atrás ainda havia grid girls, aqueles calendários sexistas e mulheres com pouca roupa em exibições de carros”, lembrou.

Antes do casos com a Indy Lights, a pilota chegou a dividir pista com Valtteri Bottas e Marcus Ericsson em competições nórdicas de kartismo e foi companheira de equipe de Kevin Magnussen por breve período na F-Masters ADAC de 2008. Apesar de ter feito a temporada completa e o dinamarquês participado de apenas três rodadas duplas, guarda recordações ruins daquele ano.

A corrida vencida por ela na WSeries, em Assen (Foto: WSeries)

“Tive problemas de embreagem e questões de gênero. Parecia que eu não tinha permissão para fazer sucesso. Estava entre as mais velozes nos testes, mas o carro não andava tão bem depois. Em Assen, na Holanda, nossa equipe arrumou uma reunião secreta com um mecânico que cuidou dos ajustes do carro. Fiz a pole, liderei a corrida até a última volta e terminei em segundo”, contou.

Mas os problemas que enfrentou vêm desde antes, desde o começo no kart, aos seis anos de idade. Recordou de um caso em especial, alguns anos depois, quando ultrapassou por duas vezes um mesmo piloto em diferentes baterias de kart no mesmo dia. As crianças que competiam na pista se davam bem, meninas e meninos, mas os adultos responsáveis por eles, nem sempre.

“Teve um cara grande, tinha óleo nas mãos. Enfim. Passei para o entreposto com meu cabelo dividido em duas tranças. Ele pegou um cortador nas mãos, colocou do lado de uma das minhas tranças e disse ‘se você passar meu filho de novo, separo a trança do resto do cabelo’. Eu devia ter dez anos”, lembrou.

Na F-Masters de 2008, Kimiläinen era afiliada da Audi. Entretanto, com a crise econômica que eclodiu aquele ano, a montadora alemã encerrou o acordo. A Indy Lights de 2010 manteria a carreira nos trilhos, mas a pilota rejeitou a possibilidade. Ficou afastada das pistas até 2014, quando voltou a guiar no Campeonato Escandinavo de Turismo.

No retorno aos monopostos, disputou quatro das seis etapas da W Series de 2019: fez uma pole, venceu uma corrida e foi ao pódio em outra. Acabou sem chances de título após uma lesão no pescoço tirá-la de duas etapas. Emma está no grid para a temporada 2021 com o carro #7.

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