GUIA 2023: Canapino estreia na Indy com ciência que início é de dificuldades

Agustín Canapino vai estrear na Indy pela Juncos. Argentino comentou ao GRANDE PRÊMIO sobre as dificuldades que espera na transição de carros para monopostos em 2023

Aos 33 anos e depois de ter ganhado quatro títulos no Turismo Carretera, da Argentina, Agustín Canapino se prepara para o maior desafio de sua carreira esportiva, confirmado como piloto da Juncos Hollinger para a temporada 2023 da Indy. Desta forma, se torna o primeiro argentino a competir na categoria desde que Gastón Mazzacanne participou brevemente, em 2004.

E apesar da experiência zero em categorias de monopostos, Canapino surpreendeu com seu ritmo em testes realizados com a equipe em Sebring, nos Estados Unidos, e em Termas de Rio Hondo, na Argentina, o que incentivou o time comandado por Ricardo Juncos a colocá-lo como titular do carro #78, que completa o grid da categoria americana.

Antes da estreia, marcada para acontecer no dia 5 de março, no circuito de St. Pete, na Flórida, o piloto argentino concedeu uma entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO em Espanhol. Com um misto de entusiasmo e cautela perante ao desafio, Canapino avisou que espera disputar as últimas posições durante a fase de adaptação, para continuar com uma fase de progresso que lhe permitirá competir no pelotão do meio a médio prazo, e poder assegurar sua continuidade em 2024.

Qual o sentimento de ser o primeiro argentino na Indy depois de 19 anos?

R: “É uma oportunidade única e inesperada. Gostei muito das exibições, estava me preparando para descansar no verão e planejar meu ano no automobilismo argentino. Mas Ricardo me ligou, me animei, disse sim e aqui estou. Enfrento este desafio com entusiasmo, calma e com os pés na terra. Estou enfrentando algo complicado que não sei como vai acabar, mas no que vou dar o meu melhor”.

Como você realiza sua preparação para as exigências de uma corrida de Indy?

R: “Ser mais profissional do que nunca, mas vai me custar caro. Vou sofrer muito nas primeiras corridas. Mesmo quem já correu na Fórmula 1 diz que as primeiras corridas na Indy são muito difíceis de terminar. Então, imagine como será comigo que venho das corridas de turismo na Argentina. Por mais que eu treine muito, tenho de correr e só o tempo vai permitir que eu me acostume com esse novo mundo”.

Agustín Canapino estreia em 2023 (Foto: Indycar)

Como você tem lidado com o inglês e a comunicação com a equipe?

R: “É uma coisa que eu também estou aprendendo, nunca tinha falado inglês na minha vida, mas eu descobri, eu consigo me comunicar. Você aprende enquanto experimenta. Assim como nas corridas, o mesmo está acontecendo comigo com o inglês. Com certeza até o final do ano estarei me cuidando melhor, e sem contar se tiver mais um ano”.

Que meta você estabelece para este ano?

R: “Meu objetivo nesta temporada é continuar evoluindo, mas claro que sei que vai ser difícil. Sei que vou ser o último, que vou ficar atrás e isso vai me custar muito. Mas minha ideia é ter uma base sólida para mostrar durante o ano que posso ficar. E se não puder, vou aproveitar a experiência e que sirva de aprendizado para os próximos anos”.

Como você se prepara para correr em ovais?

R: “São uma grande incógnita e também o maior desafio, porque é um mundo novo. Até eu entrar na pista do Texas, que será a primeira que corro no dia 16 de março, não sei o que vai acontecer. Vou levar com muita calma porque é muito perigoso. Não está apenas o carro em jogo, mas também a integridade física”.

Tendo conquistado várias vitórias nos circuitos de rua da Argentina, podem ser essas as pistas onde você pode conseguir os melhores resultados?

R: “Acho que serão mais difíceis que os mistos. A grande desvantagem é que sou o único que não conheço a pista de St. Pete (onde estreia na categoria no dia 5 de março). Sei que o lógico a fazer é ser o último e o objetivo é ser último o menor número de vezes possível, pelo menos nesta primeira parte. Com o tempo e as corridas, ver se consigo começar a aproximar-me, para no final do ano conseguir um resultado que me permita mostrar que o posso fazer bem. Tudo serão experiências novas e tudo muito difícil. Mas foi por isso que aceitei, porque é me encontrar em um mundo que não conheço que é muito mais complicado e profissional do que eu costumava fazer. Estou com todas as incertezas, mas também com todo o desejo”.

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Agustín Canapino estreia em 2023 (Foto: Indycar)

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Nos testes você trabalhou com stints longos, onde também mencionou que se sentiu mais confortável com os pneus utilizados. Você vai ser conservador na classificação e tentar explorar mais o ritmo da corrida?

R: “A classificação vai ser o ponto mais difícil porque você tem que saber muito sobre a borracha e os limites do carro ao longo de uma volta. Isso leva muito mais tempo. Em ritmo de corrida estarei mais próximo, o problema será resistência física e conhecimento do pneu. Na primeira parte, posso conseguir seguir o pelotão intermediário, o mais difícil vai ser aguentar o ritmo até o final. Na primeira corrida, tenho que ver como estou, até onde estou e depois começar a progredir”.

Você teve a chance de rodar duas vezes em Sebring, uma em outubro e outra em fevereiro, onde baixou seu tempo de 54s1 para 52s7. Além do fato de que problemas de acerto podem ter influenciado, onde você notou sua evolução com o carro?

R: “Existem muitas variáveis, com os tempos de volta nos testes você não pode tirar muitas conclusões. A diferença é grande, mas 80% ou 90% depende do carro e do clima. Os outros 10 ou 20% é porque continuo evoluindo e me acostumo sim. Mas baixar esse percentual custa muito. Na Thermal fiquei 0s8 atrás da liderança e em Sebring 0s7, é nessa diferença que vou estar e é isso que é difícil”.

A boa notícia sobre os testes é que aos poucos você está completando longas passagens sem complicações?

R: “No Thermal fiz 110 voltas e em Sebring, 102, me senti melhor e tenho progredido nesse aspecto. Também sou realista, sei que vou ser o último nas primeiras corridas e não espero mais do que isso. Os testes foram muito melhores do que eu esperava em referências e tempos. Ter me misturado com o pelotão foi inesperado e motivador. Em St-Pete, tentarei terminar minha corrida para continuar aprendendo”.

Agustín Canapino estreia em 2023 (Foto: Indycar)

Sobre o que Callum Ilott, seu companheiro de equipe, fez nos testes de pré-temporada, a sensação é que a Juncos deu um passo à frente em relação a 2022?

R: “Callum mostrou parciais muito boas. Sei que com a equipe ele tem condições de lutar no top-10 ou em algum pódio. Acho que eles têm uma projeção muito boa porque Juncos está crescendo e evoluindo. Ele é um piloto de excelente nível que deveria estar na Fórmula 1, mas simplesmente não conseguiu a vaga, sabemos que lá o dinheiro é mais importante do que o talento. Ser seu companheiro de equipe para mim é um privilégio, porque apesar de ser mais novo que eu, tem mil vezes mais experiência do que eu neste tipo de carro. No pouco tempo que lidei com ele mantivemos uma relação muito boa, respeito-o muito e sei o lugar que ocupo dentro da equipe. Venho para aprender e colaborar com ele, não venho competir de forma alguma”.

Que recepção teve dos outros pilotos da categoria?

R: “Eles me receberam muito bem, fiquei surpreso. Pude compartilhar um bate-papo com Will Power ou Romain Grosjean, também dividir a academia com Scott Dixon. Desde vê-los na televisão até estar com eles aqui hoje é como realizar um sonho. Antes de ser piloto, sou fã de automobilismo, então pedi uma foto para várias pessoas (risos). Já conhecia o Álex Palou das competições de simuladores, ele é excepcional e uma excelente pessoa. Também fui muito bem recebido por Pato O’Ward, com quem troquei algumas palavras”.

Sua chegada à Indy abre uma oportunidade de divulgar a categoria na América do Sul. Como você vive essa possibilidade?

R: “Espero que isso também ajude vários pilotos argentinos a terem sua chance no exterior. Eu também adoraria que a Indy pudesse correr na Argentina em algum momento e ser o piloto de Ricardo. Seria como tocar o céu com as mãos. Mas hoje estamos muito longe disso. A melhor maneira de isso acontecer é continuar trabalhando aqui e fazer as coisas da melhor maneira possível”.

Como você imagina 2024?

R: “Seria fazer futurologia. Se as coisas correrem bem para mim e quiserem continuar a contratar-me, continuarei, e se não corresponder às expectativas, voltarei ao país orgulhoso e feliz por ter tido a experiência”.

A largada do GP de São Petersburgo está marcada para 5 de março. E a partir desta segunda-feira (27), o GRANDE PRÊMIO traz um guia completo para entender tudo que está em jogo na temporada 2023 da Indy.

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