Helio Castroneves tem ainda muita lenha para queimar na Indy. A frase é batida, clichê e, atualmente, óbvia, mas foi quase um mantra para o brasileiro nos últimos quatro anos. É que, desde que perdeu a titularidade na Penske, em 2017, Helio tentava incansavelmente provar que merecia voltar a ser titular na categoria que tanto ama. Isso finalmente vai voltar a acontecer em 2022.
Não foi fácil, definitivamente. Para que Helio voltasse a garantir uma vaga em tempo integral, muita coisa mudou do fim de 2017 para cá. Para começo de conversa, entender que a realidade seria correr de IMSA e que as chances na Indy viriam apenas nas 500 Milhas de Indianápolis, ou seja, uma adaptação a um mundo novo e a perda de algo que fazia por quase duas décadas.
Mas tudo isso ainda valia na cabeça de Castroneves, que acreditava que a ótima relação com Roger Penske, o passado glorioso e as demonstrações de competitividade nas Indy 500 seriam suficientes para reatar na categoria de monopostos. Não foram. Em 2020, então, vinha o segundo grande passo no processo de volta por cima do então três vezes vencedor no oval do IMS.
O ciclo na Penske estava com os dias contados e isso já não era mais segredo. Assim, o que Helio poderia fazer? A resposta foi aproveitar o fim do vínculo para procurar chances em novas casas, ainda que menos poderosas do que a maior potência da Indy. Primeiro, a experiência dura de duas corridas no misto de Indianápolis com a McLaren, que não saiu como planejado.
Só que Castroneves, de novo, não deixou a peteca cair. Fechou com tudo a temporada no IMSA, foi campeão e, de quebra, assinou um novo contrato: seis corridas com a Meyer Shank, equipe modesta, emergente, na Indy. A Indy 500 era o carro-chefe de um ano que ainda teria outras provas, todas em mistos e nas ruas, um desafio grande para mostrar potencial.
Acontece que a performance na Indy 500 saiu muito, muito além das expectativas. Helio pegou um time que corria por fora e venceu uma prova em que tudo deu certo, da estratégia ao ritmo, passando pela pilotagem impecável do brasileiro, que superou Álex Palou nos metros finais. Se a intenção antes da prova era mostrar que dava para ocupar um eventual segundo carro da Meyer Shank em 2022, a realidade se transformou depois daquilo.
Enquanto Helio se preparava para voltar ao carro mais de dois meses depois, Jack Harvey, outrora titular incontestável do time, começava a sucumbir. A sequência pós-Indy 500 do inglês não teve sequer um top-15 e a decisão, então, veio ainda durante as férias do meio de temporada: Helio titular em 2022, Harvey fora, mesmo com um segundo carro fixo.
A escolha da Meyer Shank fez todo sentido do mundo. A gratidão por Harvey é justa e a permanência do inglês era justificável até 2021, mas o ano, justamente quando a equipe imaginava dar um salto de qualidade, é dos mais fracos. A saída, então, é bastante coerente. A chegada de Castroneves, mais ainda.
Depois de dois anos batendo na porta da Penske para tentar voltar, Helio colocou a faca entre os dentes e brilhou intensamente em 2020 e 2021. Aos 46 anos, reinventou o conceito do auge, igualou o recorde de triunfos na Indy 500 e provou, com os recursos que tinha, que estava cheio de gasolina no tanque. Definitivamente, pilotando tão bem, fisicamente em forma e com um time promissor do lado, Castroneves tem muita lenha para queimar.
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