Kanaan sonha com vitória em Indy 500 sem público, mas já repensa despedida

Confiante de que a Chevrolet busca a Honda na corrida, Tony Kanaan quer brigar pelo segundo triunfo das 500 Milhas de Indianápolis. Só que o brasileiro também já projeta o futuro e uma nova despedida, só que na frente dos fãs

Tony Kanaan é sempre um dos favoritos naturais a vencer nas 500 Milhas de Indianápolis. Aos 45 anos, o brasileiro já triunfou no IMS e já foi campeão da Indy, se consolidando como um grande na categoria. Nascido em Salvador, Tony entrou em 2020 pronto para sua turnê de despedida, correndo apenas nos ovais pela Foyt, mas os planos parecem estar mudando. É que a pandemia do novo coronavírus mexeu com tudo e, caso Kanaan pare mesmo no final do ano, será um adeus sem o carinho dos fãs. E não é isso que o piloto deseja.

Pensando apenas nas 500 Milhas de Indianápolis desta temporada, dá para dizer que a posição de largada ficou bem abaixo do que Tony e a Foyt planejavam. É que o brasileiro foi mais um a sofrer com uma diferença impressionante de performance dos motores Honda em relação aos Chevrolet. Assim, Kanaan até superou os companheiros de equipe, mas não teve como furar a barreira de carros da fabricante japonesa e vai partir de 23º no domingo.

Se no texto de ontem falamos que o 28º colocado Helio Castroneves vai precisar de uma façanha histórica se quiser vencer, a situação de Tony não é tão diferente assim. Olhando para o retrospecto da Indy 500, em apenas quatro das 103 edições o piloto vencedor saiu de 23º ou atrás. Desta forma, ainda que a Chevrolet busque a Honda, o baiano vai precisar de ainda mais para conseguir passar tantos carros e levar o segundo anel do Brickyard.

Tony Kanaan tenta a segunda vitória na Indy 500 (Foto: IndyCar)

“A Foyt é mais competitiva mesmo nos ovais, andei no top-10 nos dois ovais que eu corri, então acho que dá para repetir isso. Eu preciso pensar que dá para brigar pela vitória, lógico que tem bastante coisa que precisa acontecer para a gente brigar mesmo pelo primeiro lugar, mas, com certeza, eu tenho carro para isso”, garantiu o veterano em entrevista para o GRANDE PRÊMIO.

Na avaliação de Kanaan, apesar da 23ª posição, a classificação teve seus lados positivos. É que, segundo o brasileiro, o carro estava muito bem acertado, faltando apenas a velocidade, algo que foge do controle da equipe, mas que não deve se repetir na corrida, já que não há o boost, a potência extra que entrou nos motores na Fast Friday e nos dois dias de classificação.

“A classificação foi tranquila, meu carro estava bom em termos de aderência, a gente só estava lento. Não foi dentro do esperado porque acho que ninguém apostava em um domínio da Honda como foi, mas a sexta-feira já tinha dado para entender o que aconteceria. Foi abaixo das nossas expectativas, mas, em termos de aderência, um dos melhores carros de classificação que eu já tive. Não preocupa [o domínio da Honda pensando na corrida]. Quando tiramos a potência do turbo, os motores ficaram bem mais iguais, eles tão bem mais parelhos em condições de corrida”, explicou.

Tony Kanaan venceu a Indy 500 em 2013 (Foto: Indycar)

Indo além da prova do final de semana, é impossível ignorar o fato de que, em tese, seria a última participação de Tony na Indy 500, em sua 19ª edição. Mais do que isso, a aposentadoria do brasileiro da Indy estava prevista para o próximo final de semana, em Gateway, no último oval da temporada.

Mas os planos estão mudando. Ao GP, Kanaan reconheceu que não faz muito sentido ter uma turnê de despedida em portões fechados. Menos ainda para alguém, que tem tanta estrada de Indy, disputar as últimas 500 Milhas de Indianápolis sem o contato com os fãs.

“Isso tudo está me fazendo repensar [a aposentadoria da Indy], sim, acho que seria injusto com meus fãs e comigo eu fazer minha última Indy 500 sem fã nenhum. Nós vamos tentar fazer uma despedida na frente do público. Lógico que ainda muita coisa precisa rolar para que isso aconteça, eu não tenho equipe, não tenho patrocinador, nada. É começar a trabalhar depois da Indy 500 para ver o que vai acontecer”, disse o brasileiro, um dos mais populares e queridos pelo público norte-americano.

Tony Kanaan classificou em 23º para a Indy 500 2020 (Foto: IndyCar)

O experiente piloto do carro #14 falou também de como tem sido diferente estar em Indianápolis e não ter contato com o público. De todo modo, o brasileiro aproveitou para destacar o esforço que a Indy fez para realizar a prova da forma como fosse possível.

“Guiar em si não tem sido muito diferente, dentro do carro não dá para notar, mas é muito estranho caminhar na pista, entrar e sair do carro, caminhar em volta do autódromo, realmente está esquisito, é uma cidade deserta. Em 1 milhão de anos, se você me falasse que a gente iria correr a Indy 500 sem público algum dia, eu diria para você se internar em um manicômio, isso nunca aconteceria. Mas, infelizmente, é o que a gente tem e precisamos agradecer ao Roger Penske e ao time dele que cuida da Indy porque, em um ano com tantos eventos cancelados como as Olimpíadas, a gente ainda correr aqui é muito importante. Não é do jeito que a gente queria, mas pelo menos a corrida está acontecendo”

Com uma tarefa complicadíssima, Kanaan busca o improvável nas 500 Milhas de Indianápolis de sua turnê que, muito provavelmente, não será mais a de despedida.

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