Nashville mistura Houston com Nova Orleans e entrega estreia caótica e interminável

A estreia do GP de Nashville foi para lá de conturbada e, com nove bandeiras amarelas e duas vermelhas, não é exagero pensar que, por mais que tenha sido um sucesso de público, a prova já está em risco para o ano que vem

Imprevisível, confusa, caótica, cheia de alternativas. Tudo bem chamar assim a estreia do GP de Nashville na Indy, mas é praticamente impossível defender que isso foi bom. Em uma das piores corridas do ponto de vista técnico em muito tempo, a pista de rua fez incontáveis vítimas e acabou gerando um espetáculo, acima de tudo, que parecia interminável.

Ao todo nem foi tanto tempo assim, foram oficialmente 2 horas e 18 minutos de ação, mas somos capazes de apostar que você, leitor, achou que passamos das 3 horas de corrida no fim de tarde deste domingo (8). E o que explica essa sensação é o número surreal de paralisações: foram nove bandeiras amarelas e duas vermelhas.

Mas dá para dizer que isso surpreendeu alguém? Quem acompanhou os treinos livres, a classificação e até o warm-up, viu que os carros ficavam quase que incontroláveis em alguns pontos da pista. Era tanta ondulação durante o traçado que, não de graça, parte do grid se queixou disso ainda na sexta-feira.

Por sorte, ninguém se machucou no domingo, mas o espetáculo foi bastante comprometido. Em determinados momentos, parecia até uma pista de Fórmula E e, considerando o jeito que a prova se desenvolveu, com muita batida e um vencedor que esteve no centro de uma confusão, até deu mesmo para lembrar de corridas do campeonato elétrico, especialmente em 2021.

Só que não foi só com a FE que o paralelo se fez possível. Dá, tranquilamente, para se visitar o passado da Indy e encontrar corridas bem parecidas com a da noite deste domingo. E o spoiler não é nada legal para o GP de Nashville: todas duraram pouquíssimo no calendário da categoria.

O GP de Nashville foi meio que uma mistura do GP de Houston com o GP da Luisiana, lembra dele? Pois é. Houston até ficou um pouco mais no programa, se contarmos as três passagens, mas muito mais por força comercial do que qualquer outra coisa. Tanto foi assim que nenhuma passagem da cidade texana pela Indy durou mais que quatro temporadas, sendo a última só em 2013 e 2014, com direito a um acidente que encerrou a carreira de Dario Franchitti e uma prova com dez voltas a menos que o previsto por estouro do tempo limite.

Esse caos absoluto em um traçado meio esquisito, a sensação de prova interminável e a completa imprevisibilidade no resultado, com vitória de Ericsson, foi totalmente Houston. E, por ser a estreia, tão conturbada e dar toda pinta de que não vai seguir por muito tempo, um pouco de Nova Orleans.

Se Houston ainda se segurou por alguns anos, o GP da Luisiana chegou em 2015 e saiu em 2015. Uma só corrida, uma chuva fenomenal, vitória de James Hinchcliffe e apenas 47 voltas completadas. A pista acabou parecendo um brejo e nunca mais voltou.

Dá ainda para citar Baltimore e seus três anos nos trilhos do bonde, ou San Jose e suas também três edições nos trilhos do trem. Ambas foram rapidamente trocadas pelo caós que imperava. Isso quer dizer que Nashville sequer volte para 2022? Talvez não, afinal, os exemplos são mais de três, quatro tentativas até a desistência, mas é sinal amarelo, quase laranja, sim.

A corrida de domingo foi marcada por uma vitória quase que inexplicável de Ericsson. E aqui não é nada contra ele, pelo contrário, já cansamos de elogiar. Mas não tem como achar normal alguém cair para os últimos lugares ao decolar na traseira de um adversário e mesmo assim vencer. A prova de Sébastien Bourdais acabou ali, por exemplo.

Marcus Ericsson venceu o GP de Nashville. Como? Não sabemos bem (Foto: Indycar)

É claro que Ericsson tem seus méritos por impor um bom ritmo, pela ótima pilotagem defensiva quando virou líder, que a Ganassi voltou a brilhar com uma tática impecável, tudo isso é verdade. Mas não foi exatamente o que se pode chamar de triunfo bem construído.

Para não dizer que nada joga a favor de Nashville, é preciso citar o show que deu Colton Herta. Claro que o final foi melancólico, estampando o muro, mas o americano sobrou no fim de semana, dominou todas as atividades e tinha tudo para levar a corrida, mesmo caindo duas vezes para o meio do pelotão nas bandeiras amarelas. Deu gosto de ver.

Outro ponto é a importância comercial da 25ª maior cidade dos Estados Unidos, e uma das mais importantes na região sul do país. Não faz muito tempo que Nashville, inclusive, por uma década recebeu a categoria em um oval, que foi desativado e voltou a receber a Nascar em 2021. Além disso, a ótima presença de público nos três dias de evento chamam a atenção e valorizam o visual da prova e os bolsos da Indy.

A chance de Nashville voltar em 2022 é maior do que a de ser dropada, pelos motivos citados acima. De todo modo, urge que a organização repense o traçado e serve, também, como um alerta para a Indy, que segue em busca de ampliar seu calendário, mas precisa verificar melhor seus novos traçados.

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