Do ‘Palougate’ até teste no Alabama: a linha do tempo que leva Drugovich até Indy
Felipe Drugovich é cortejado por Chip Ganassi há dois anos, quando pensou no brasileiro para lugar de Álex Palou. Confira a cronologia dos fatos até o teste desta segunda-feira (30)
O nome de Felipe Drugovich surgiu na Indy quase que ao mesmo tempo em que passou a ser visto como um forte candidato a um lugar na Fórmula 1. Em 2022, por conta do domínio que estabelecia na temporada da Fórmula 2, se criou uma enorme expectativa de que o brasileiro poderia assegurar uma vaga na categoria mais popular do planeta logo na sequência. Já do outro lado do Atlântico, um imbróglio entre Álex Palou, Ganassi e McLaren fez Drugovich ser procurado por uma das equipes mais vencedoras da série de Indianápolis. Mas, por uma série de fatores e interesses, só dois anos depois do ‘flerte’ é que as partes se aproximaram, de fato.
O primeiro contato entre Ganassi e Drugovich aconteceu ainda em 2022. A equipe viu o brasileiro como um possível substituto de Palou, que entrou em litígio — público e judicial — com o time. Naquele momento, mesmo com contrato vigente até o final de 2023, o espanhol assinou com a McLaren para o ano seguinte.
A briga foi feia: a Ganassi enviou um comunicado em 12 de julho de 2022 em que garantia que Palou ficaria em suas garagens, com uma declaração não autorizada do piloto. Horas após, Álex desmentiu a equipe americana, afirmou que não ficaria e ainda revelou contrato com a McLaren, sem especificar que campeonato disputaria. Chip Ganassi bateu o pé e afirmou que tinha em mãos um acordo váliddo para 2023.
Enquanto as partes se digladiavam, a Ganassi chegou a cogitar afastar Palou até o término do contrato, tamanha fúria com o ocorrido, mas foi demovida da ideia por recomendação jurídica. Naquela época, o salário anual de Palou era baixo, algo em torno de US$ 500 mil [atualmente, cerca de R$ 2,725 milhões] e a oferta da McLaren beirava os US$ 3 milhões [aproximadamente R$ 16,3 milhões].
De primeiro momento, a cúpula da Ganassi começou a trabalhar em um substituto para Palou e Drugovich foi o eleito. Entende-se que uma proposta chegou a ser feita para o brasileiro, que rejeitou a oferta mirando a Fórmula 1. Estava em vias de acertar como reserva da Aston Martin, repetindo o caminho de Oscar Piastri, campeão da Fórmula 2 em 2021, assumindo um posto como reserva no ano seguinte. Na história, há exemplos de pilotos que deixaram a Europa rumo à Indy, para então pavimentar o retorno à F1, mas não é algo habitual. O último que conseguiu o feito foi Juan Pablo Montoya, que correu na Ganassi em 1999 e 2000, mas emprestado pela Williams, onde competiu em 2001.
No fim das contas, a Ganassi e Palou se acertaram. Com anuência da McLaren, o espanhol terminaria o contrato em 2023 e, após isso, partiria para a esquadra laranja. Curiosamente, a ida do emissário da Ganassi à Europa levou Marcus Armstrong aos Estados Unidos, que competia contra Drugovich na F2.
A temporada de 2023 se tornou decisiva para a Ganassi. Palou, Marcus Ericsson e o próprio Armstrong encerrariam os respectivos contratos naquele ano. Dessa forma, Drugovich permaneceu no radar da equipe. Entretanto, a Indy tem uma particularidade, que é a de encerrar a temporada no início de setembro. Logo, a definição para o ano seguinte é acordada mais cedo do que normalmente acontece na Fórmula 1.
Naquele momento, Drugovich tinha de dar uma resposta definitiva para a Ganassi, mas ainda tinha esperanças de fechar com a Sauber e Williams para 2024. Enquanto conversava com a equipes, Chip Ganassi optou por não esperar. Foi aí que renovou com Palou — que entrava em novo litígio, agora com a McLaren — e Armstrong, mas colocou Linus Lundqvist, campeão da Indy NXT 2022, no lugar de Ericsson. Além disso, montou uma quinta estrutura para receber Kyffin Simpson, que tem relações familiares com a Ridgeline, patrocinadora da equipe.
Também vale lembrar que Drugovich recusou o convite de Ed Carpenter para fazer um teste em 2023. A revelação foi feita pelo próprio dirigente, o que sugeriu que o brasileiro não tinha interesse na Indy. Com o foco na F1, Felipe também recusou oportunidades na Fórmula E.
Durante o GP de São Paulo do ano passado, o próprio Drugovich revelou que não tinha nenhum lugar como titular para 2024 por conta desse ‘timing’ que as demais categorias exigiam, que destoavam das negociações com a Fórmula 1.
Neste ano, as conversas parecem mais complexas, especialmente porque a F1 parece interessada em um grupo da F2, que é formado por Franco Colapinto, Gabriel Bortoleto e Isack Hadjar. As movimentações por lugares na F1 passaram longe da Aston Martin, onde Felipe segue como reserva — aliás, por lá, Fernando Alonso ampliou o contrato para além de 2026, enquanto Lance Stroll deve permanecer enquanto Lawrence Stroll, seu pai, for o dono.
Tardiamente, Drugovich conseguiu um lugar na Vector para competir na European Le Mans Series em 2024, assim como participação nas 24 Horas de Le Mans pela Action Express. E, então, veio o convite para fazer um teste pela Ganassi na Indy. Dessa vez, o brasileiro aceitou.
Curiosamente, a Ganassi parecia definida para 2024, restando anunciar quem fecharia o trio ao lado de Scott Dixon e Palou. O time, que reduzirá de cinco para três carros para seguir o programa dos charters na Indy, “emprestou” Armstrong para a parceria Meyer Shank, e teria de escolher entre Lundqvist e Simpson.
Mike Hull, diretor da equipe, até mencionou que o teste desta semana foi uma promessa feita a Drugovich em 2023, mas que só pôde ser realizado agora. O brasileiro deixou de competir nas 4 Horas de Mugello, etapa da ELMS, para participar da atividade com a Ganassi. O GRANDE PRÊMIO soube que Felipe chegou em Indianápolis com dias de antecedência, realizando sessões no simulador da Dallara, fabricante dos chassis da Indy.
A Indy parece agora no radar de Drugovich. Não dá para descartá-lo como candidato na Ganassi, mas há ainda outras vagas: uma na Prema, duas na RLL, Dale Coyne e Juncos.
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