O’Ward troca farpas com CEO da Indy após Nascar acertar corrida no México
Pato O'Ward lamentou o fato de Indy arrastar negociações e ver Nascar tomar espaço no México. Mark Miles, da Penske Entertainment, diz que "Pato não é tão famoso", mas volta atrás
A Nascar confirmou nesta semana que terá uma etapa no México em 2025, mais precisamente no autódromo Hermanos Rodríguez, também palco do GP mexicano de Fórmula 1. O anúncio mexeu com os bastidores e colocou em rota de colisão Pato O’Ward e Mark Miles, CEO da Penske Entertainment, proprietária da Indy.
O’Ward é uma voz favorável à internacionalização da Indy, que tem somente uma corrida fora dos Estados Unidos — o GP de Toronto, no Canadá. O piloto diz que desde 2021 a categoria conversa com o autódromo Hermanos Rodríguez e, ao longo desse anos, o vencedor da etapa deste sábado de Milwaukee puxou coro para que a categoria fosse ao México, mas também mencionou Brasil e Argentina em várias ocasiões.
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Mas o tom deixou de ser moderado após essa semana, com o anúncio da Nascar no México. Na visão de O’Ward, a Indy está atrasada no processo de se internacionalizar e, agora, não vê mais espaço para a categoria correr na capital mexicana.
“Eles [Nascar] nos venceram. Acredito que não só [a Indy] está atrasada, mas não acho que tenha mais espaço [para correr] na Cidade do México. Não só superaram a Indy, mas deixou a categoria sem opção. Precisam entender que as pessoas economizam dinheiro para ir a esses eventos”, disparou O’Ward.
“Em 2021 começaram as negociações. Ok, talvez não daria para 2022, mas deveria ter feito um esforço para estar em 2023 ou, no mais tardar, 2024. Se tivesse todo dinheiro do mundo, já estaria no calendário. Não tenho capital para arriscar US$ 5, 6 ou 7 milhões [entre cerca de R$ 27 e 38 milhões] para fazer uma corrida. Não sou promotor. Como alguém de fora olhando, não houve pressão o suficiente da categoria para realizar [a prova]”, completou.
O’Ward indicou que a Indy pode ir para a Suécia, em um esforço que envolveria Marcus Ericsson. Após a vitória o ex-F1 nas 500 Milhas de Indianápolis de 2022, o público sueco passou a ter mais interesse na categoria, que também conta com outros dois conterrâneos: Felix Rosenqvist e Linus Lundqvist. No entanto, o mexicano não se encanta tanto por essa opção.
“Para mim, o foco deveria ser na América Latina, mas acho que esse caminho não parece ser urgente [para a Indy]. Em algum momento, eu entendi. Quando se está impaciente, você se torna muito mais ansioso para chegar onde se deseja, mas a categoria se mexe muito lentamente. Essa é a realidade. Gostaríamos de ver a Indy indo para algum lugar. Parece óbvio que estamos três anos atrasados”, disse O’Ward.
Miles rebateu de forma contundente, dizendo que Pato “não é tão famoso” quanto Adrián Fernández, piloto mexicano que fez história na categoria no final da década de 1990 e começo dos anos 2000. Vale destacar que O’Ward é o piloto da Indy que mais possui seguidores, com 690 mil no Instagram. Na mesma rede, a IndyCar detém 670 mil.
“Está claro que Pato não é tão famoso quanto o último piloto mexicano de renome [na Indy], que é Adrián Fernández. Mas O’Ward está ganhando terreno e está em alguns outdoors agora. Ele provavelmente vai reclamar que eu não o chamei, que ele deveria ser o cara para estar comigo e fechar o acordo”, disse o dirigente em Milwaukee.
Essa fala repercutiu muito mal na comunidade de fãs da Indy, que vociferaram nas redes sociais contra o dirigente. Miles, mais tarde, emitiu uma nota, voltou atrás e trouxe um discurso elogioso a O’Ward, além de deixar em aberto a possibilidade de levar a categoria ao México.
“O México continua sendo um enorme mercado de interesse, e acreditamos que teremos um incrível final de semana de Indy, cedo ou tarde. Pato é uma superestrela, e a sua popularidade e talento vão ser cruciais para que isso aconteça. Um astro natural, com uma popularidade crescente e tremenda”, afirmou Miles.
“Uma personalidade marcante para o campeonato e um ótimo parceiro em nossos esforços promocionais e de marketing. Continuamos investindo em nossos pilotos, e Pato segue sendo a principal pessoa para qual direcionamentos recursos e apoio”, completou.
O tema internacionalização e Nascar no México está fervente no paddock, com pilotos apoiando Pato O’Ward. Na última terça-feira (27), em entrevista coletiva promovida pela Indy, Graham Rahal foi questionado sobre o assunto. O piloto da RLL, que sempre demonstrou apoio a ideia do campeonato ir para outros países, pediu para que a pergunta fosse feita à Penske Entertainment.
Scott Dixon e Álex Palou foram outros pilotos que lamentaram o fato da Nascar ter ido ao México e não a Indy. “É uma grande perda. Não sei o que acontece”, disse o neozelandês.
“Todo mundo tem passado à nossa frente. Pela esquerda, direita, esquerda, direita. Tenho 100% de certeza que deveríamos estar [na Cidade do México]. Não faz sentido para mim [não estar]. Para Pato, que segue crescendo [em popularidade], acho que pensa que [a Indy] está uns cinco anos atrasada. Agora, a Nascar nos passou”, resumiu Palou.
Neste domingo (1), a Indy disputa a segunda corrida do final de semana de Milwaukee. A largada está marcada para às 15h30 (de Brasília, GMT-3), com cobertura completa do GRANDE PRÊMIO.
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