Vitória com ‘V maiúsculo’ em Indianápolis coroa maio perfeito e transforma Pagenaud em candidato real ao bi

Simon Pagenaud passou de desacreditado e com o emprego em risco para completamente garantido no grid de 2020 e, mais do que isso, candidatíssimo ao título de 2019. Tudo isso em 15 dias

Simon Pagenaud era, possivelmente, o piloto mais questionado do grid da Indy antes do início da maratona de maio. Apático, sem resultados e no melhor carro da categoria, o francês dava toda pinta de que seria sacado pela Penske ao final do campeonato de 2019. Só que 15 dias foram suficientes para que tudo mudasse.
 
Uma atuação brilhante na chuva fez Simon vencer o GP de Indianápolis, somar bons pontos, mas, principalmente, retomar a confiança. As derrotas na primeira fase das classificações, as ausências em top-10, tudo isso parecia que poderia ser superado. E foi mesmo.
 
Só que foi de um jeito que talvez nem o próprio Pagenaud pudesse imaginar em seus melhores sonhos. Num espaço tão curto de tempo, o francês juntou pole e vitória nas 500 Milhas de Indianápolis no currículo e encerrou um maio perfeito. Mais do que confiança retomada, as chances de bicampeonato reapareceram e, claro, o emprego na Penske está mais do que garantido para 2020, o próprio Roger Penske já confirmou.
Simon Pagenaud venceu a Indy 500 (Foto: IndyCar)

Além de ter sido a primeira vitória no oval sagrado, Simon encerrou um jejum de 99 anos da França sem triunfo na Indy 500. E, bem mais do que a história, a forma como Pagenaud conquistou seu triunfo foi muito marcante: uma aula de defesa e muito arrojo quando necessário.

 
Tudo bem que a Penske teve o melhor carro na etapa, teve também em boa parte da Indy 500, mas Alexander Rossi surgiu faminto, atacando e aí veio um grande duelo. Pagenaud deu uma aula de defesa, cortou o vácuo do americano e fechou quase todos os espaços possíveis. Quando Rossi finalmente conseguiu a manobra, já nas voltas derradeiras, Simon ressurgiu, não desistiu e buscou o triunfo com uma linda ultrapassagem. 
 
Hoje a comemoração vai ser toda voltada para o triunfo inédito na Indy 500, é claro, mas é bom lembrar que já tem GP de Detroit no próximo final de semana e, por isso, uma olhadinha na classificação do campeonato vai bem. E, olha só, do fundo do top-10, Simon passou para líder, um ponto na frente de Newgarden.
Simon Pagenaud desencantou em Indianápolis (Foto: IndyCar)
"Queria compartilhar o momento com os fãs, me desculpem se demorou um pouco. Acho que não foi convencional fazer desse jeito. É difícil acreditar neste momento, foi uma corrida muito intensa, lideramos a maior parte. O carro estava bem e a amarela veio na hora certa. Quero me ver na TV com isso, é sensacional. É um sonho virando realidade, uma vida tentando atingir isso. Nunca esperei estar aqui, mas sempre trabalhei o mais forte possível. Quero agradecer aos fãs por compartilharem este momento comigo. O leite me motivou. Estou focado, especialmente quando tenho um carro como esse e um time como esse. Não cometemos erros no final, e estamos aqui no Victory Lane. Nós conseguimos”, declarou emocionado o francês.
 
Não dá para dizer que o bicampeonato virá, mas, em um ano que parecia ter três forças claras e dominantes em busca do título, Pagenaud se tranformou na quarta via e, sim, deixa Indianápolis tão candidato ou mais que os adversários Newgarden, Rossi e Scott Dixon.
 
Seguindo a ordem da classificação do campeonato, não dá para falar coisas negativas de Newgarden. O americano também teve exibição boa, também foi arrojado e até liderou algumas voltas. O quarto lugar foi o que deu e a briga pelo bicampeonato segue vivíssima para Josef. Depois de basicamente sair do páreo em 2018 na maratona de maio, agora Newgarden parte para Detroit em bom momento.
Alexander Rossi chegou em segundo (Foto: Reprodução/Twitter)
"Caímos no final. Sato passou por mim, e isso nos machucou. Precisávamos estar nesse top-3. Relarguei em terceiro, o que foi bom, mas ficar atrás do Sato nos machucou. Realmente o top-2 é onde você precisa estar. Você tem de ficar nos dois primeiros lugares e manter essa posição. É o necessário para tentar ganhar a corrida. Rossi e Simon Pagenaud fizeram um ótimo trabalho defendendo, foram metódicos, esse é o estilo dessa corrida. Estávamos um pouco atrás. É uma porcaria, mas vamos aprender e tentar voltar mais fortes. Foi um jogo de paciência. Poupamos combustível, tentamos trabalhar no carro. Faltava algo no começo. Acredito que o carro melhorou bastante no final e só faltou um pouco. Tem sido constante em todo fim de semana, faltou só um ingrediente ou outro. Nós melhoramos. Não fomos bem o bastante. Estávamos melhorando durante a prova, mas não o bastante para desafiar no fim. Um de nós vencendo é o que o Capitão [Roger Penske] quer. Eles fazem um trabalho tão bom, é ótimo recompensar todo o grupo com uma vitória. Parabéns a Simon! O dia não foi ruim, mas machuca quando você cai para trás", contou Josef.
 
E Rossi, hein? E o desempenho de Rossi nas 500 Milhas de Indianápolis, hein? Impressionante como o americano anda bem no IMS, incrível como acha espaços improváveis, como tem performances dominantes. O segundo lugar machuca, ele admite que vai demorar a aceitar, mas foram bons pontos no campeonato e, principalmente, uma grande demonstração de força.
 
"Cavalos de potência [o que faltou]. Infelizmente é assim que funciona. Eles fizeram um grande trabalho, largaram na pole e passaram o maior número de voltas na liderança. Acho que tínhamos um carro superior, mas não tínhamos o que faltava no fim. Toda a equipe está de parabéns, eles foram fantásticos no mês todo. Estou feliz de dar um resultado para eles, mas nada aqui importa exceto a vitória. Essa vai ser difícil de superar. É bom entregar um bom resultado para a equipe e é bom para os pontos do campeonato, mas hoje vai ser uma porcaria por algum tempo. Um monte de gente que estava voltas atrás não teve respeito pelo que estávamos fazendo. É uma pena. Acho que não fez diferença no resultado final, mas com menos de 50 voltas você ter carros que estão duas ou quatro voltas atrás bloqueando [quem está brigando pela vitória] é desrespeitoso. Vamos lidar com isso outro dia. Hoje é dia de reconhecer o que aconteceu de bom. Os positivos são que a equipe do #27 trabalhou muito bem e conseguimos nos recuperar de um pit-stop muito ruim para terminar em segundo", disse em tom de lamentação Alexander.
Scott Dixon não fez boa Indy 500 (Foto: IndyCar)
Dos candidatos ao título, quem foi mal mesmo foi Dixon. O neozelandês até vinha em boa corrida de recuperação na base do consumo e da estratégia, mas uma amarela fora de hora e tomar porrada de Felix Rosenqvist e Charlie Kimball complicaram tudo. Dixon foi só 17º e viu o trio de frente escapar um pouco.
 
"Penso que a primeira parte da corrida foi realmente boa. Aumentamos nossas janelas de paradas durante toda a prova, e acho que provavelmente faríamos uma parada a menos, o que nos colocaria em ótima posição. Mas a bandeira amarela nos atrapalhou muito. Caímos para trás, o Rosenqvist e eu. Fomos para a parte de trás do pelotão e fomos pegos naquele incidente. Acertaram minha traseira. Não sei quem foi, mas nos acertou com muita força e quebrou o lado direito do assoalho. Quebrou nosso câmbio, ficamos travados na sexta marcha o tempo todo. Então foi bem interessante simplesmente terminar a corrida", admitiu Dixon.
 
Aliás, Dixon ainda perdeu a posição para Takuma Sato, que esteve em jornada inspirada, foi terceiro e, com um empate na pontuação geral, superou o neozelandês no desempate, o número de vitórias.
 
"Sempre é desafiador, sempre é difícil. Mantivemos nossa cabeça concentrada, fizemos nosso trabalho e tiramos o máximo que dava. Tivemos algum tipo de problema na segunda volta com o safety-car e diminuímos o ritmo. Foi sorte que continuamos na corrida, e as últimas 15 voltas foram bastante divertidas. Tentamos alcançar Rossi, mas não estávamos nesse nível", analisou Takuma.
Takuma Sato fez mais uma bela corrida (Foto: IndyCar)
A Foyt teve realmente sua melhor corrida no ano. Apesar do quarto lugar de Matheus Leist no GP de Indianápolis, a Indy 500 foi muito melhor para o time analisando puramente a performance. Matheus foi 15º, enquanto Tony Kanaan, com a faca entre os dentes, chegou em nono.
 
"Típico dia em que você precisa provar que não pode desistir. Não desistimos. Tivemos um contratempo, ficamos sem gasolina durante a amarela, estávamos próximos da parada e fecharam os boxes. Acontece, certo? Você não pode adivinhar as amarelas. Tivemos sorte, finalmente, recuperamos a volta e fiz minha mágica no fim, o que aproveitei. Temos muita gente aqui, mais de 2000 funcionários dos patrocinadores hoje, sinto que não posso desistir nem no meu pior dia. Estava lá, em 24º, uma volta atrás, mas ainda tinha que correr, provar o porquê estou aqui e tentando. Deu certo com o top-10. Era o que queríamos? Não, mas depois desse dia, eu aceito", comemorou Kanaan.
 
“Foi um bom maio para nós. Obviamente estou evoluindo a cada vez que volto para essa pista, é um lugar muito especial e no qual é muito bom andar na frente. Então, o quarto lugar no GP foi o meu melhor resultado na Indy até aqui e esse 15º lugar na Indy 500 tem seu valor. Obviamente não é onde eu quero estar andando, não é o que eu quero para minha carreira, mas tudo tem seu tempo e com certeza minha hora vai chegar. Em termos de corrida, acho que foi melhor que o ano passado, estávamos mais confortáveis, ultrapassei mais carros. Infelizmente tivemos alguns problemas durante a corrida, mas, considerando tudo que aconteceu durante a prova e nossa posição de largada, foi um resultado satisfatório. Talvez um top-10 fosse possível sem todos os problemas”, afirmou Leist.
Tony Kanaan andou bem em Indianápolis (Foto: IndyCar)
Para Helio Castroneves, um 18º lugar frustrante, tendo saído da disputa por um drive-through após se enroscar com James Davison nos boxes.
 
"Eu não sei o que o Davison estava fazendo. Ele estava lento, eu não sabia se poderia passá-lo, não sabia se seria punido ou não. Ele estava procurando o pit dele, eu vi, decidi me afastar porque achei que ele não entraria. Vi que perderia o pit, aí parou, não só estragou a asa dianteira, mas a direção também. Foi frustrante porque tínhamos um ótimo acerto. O carro era forte. A boa notícia é que o time venceu e o Simon mereceu", comentou Helio.

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