Ducati se exibe por todos os lados, e Marc Márquez surge fora de controle na Alemanha

A Ducati colocou sete das oito motos de que dispõe no top-10 dos treinos combinados e mostrou a força da Desmosedici também na Alemanha. ‘King of the Ring’, Marc Márquez apareceu sem paciência no outrora dominável circuito de Sachsenring

Marc Márquez caiu no treino 2 da MotoGP na Alemanha e levou consigo Johann Zarco (vídeo: reprodução/MotoGP)

Se histórico não é dos melhores, que tal reescrever a história? Dona de uma única vitória nas 25 corridas disputadas pela classe rainha do Mundial de Motovelocidade em Sachsenring — com Casey Stoner em 2008 —, a Ducati mostrou nesta sexta-feira (16) que não tem problemas para incorporar o traçado da Alemanha aos domínios de Borgo Panigale.

Como acontece de maneira bastante frequente na história recente da MotoGP, as Desmosedici surgiram protagonistas na pista de Chemnitz. Das oito motos de Bolonha que compõe o grid, sete fecharam a sexta-feira no top-10 combinado dos treinos: a exceção foi Fabio Di Giannantonio, que ficou em 12º.

Marco Bezzecchi foi o mais rápido nesta sexta-feira em Sachsenring (Foto: Divulgação/MotoGP)

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Com 1min20s271, Marco Bezzecchi assegurou o melhor tempo em um dia que a MotoGP viveu condições mistas, com a chuva dando o ar da graça para ensopar o asfalto alemão.

“Uma primeira posição conquistada na bandeira quadriculada é uma coisa positiva, mas, certamente, ainda não estamos 100%, especialmente em termos de ritmo”, comentou Bezzecchi. “O clima foi o protagonista hoje e acho que será chave para amanhã”, defendeu.

“Não tive um início ruim nesta manhã, mas aí sofri na primeira saída no segundo treino livre. Não estava confortável na moto e, com o primeiro pneu, não foi perfeito. No setor entre as curvas 4, 5 e 6, sempre escapava e perdia aderência”, contou. “Voltei para a garagem, os rapazes fizeram uma mudança de último minuto e eu saí com o médio na dianteira. Eu imediatamente me senti melhor e também encontrei Pecco [Bagnaia] na pista, que foi uma excelente referência na minha última tentativa”, assumiu.

No foco do fim de semana por causa do destino na MotoGP, Jorge Martín também jogou luz na boa performance da Ducati. Só 0s040 mais lento do que Bez, o espanhol colocou a Pramac na segunda colocação.

Jorge Martín se mostrou confiante em brigar pela vitória (Foto: Divulgação/MotoGP)

“Foi um dia muito positivo, me senti bem desde a primeira volta no treino 2. Na primeira saída, já rodamos em ritmo de corrida, o que é incrível”, celebrou Jorge. “Estou muito contente, fui muito rápido o dia todo”, friso.

“No momento, acho que estou em condições de ganhar a corrida ou brigar por isso. Vamos ver se amanhã posso dar mais um passo, mas, em termos de ritmo, acho que não tem ninguém melhor”, avaliou. “Basicamente, o objetivo é o mesmo de sempre: primeira linha do grid e o pódio em ambas as corridas. Mas, por que não, podemos pensar na vitória”, acrescentou.

Melhor do resto, Aleix Espargaró conseguiu o terceiro melhor tempo, com a melhor volta em 1min20s352, 0s081 atrás do líder. O feito fica ainda mais destacado quando leva-se em conta o estado físico do catalão, que tem duas fraturas no pé direito, resultado de um acidente de bicicleta em Mugello na semana passada.

“Quando vi que não podia usar mais nenhum pneu novo para o meu tempo de ataque depois da bandeira vermelha, quase desisti”, contou Aleix, se referindo a interrupção causada pelo acidente entre Marc Márquez e Johann Zarco. “Ao invés disso, na minha última volta rápida, dei 100%, o que resultou em um tempo que surpreendeu até a mim”, assumiu.

“Foi fundamental, pois vimos quão importante são as classificações e ir direito ao Q2 foi a nossa primeira meta alcançada”, comentou. “Não tenho um ritmo fantástico, mas também é verdade que eu não fiz muitas voltas hoje, um pouco por causa das condições de pista e um pouco para não fatigar meu pé. Vamos trabalhar nisso amanhã”, encerrou.

Aleix Espargaró tem duas fraturas no pé direito (Foto: Divulgação/MotoGP)

O poderio da Ducati, entretanto, não foi o único ponto de destaque nesta sexta-feira. Reconhecido como ‘King of the Ring’ por causa das 11 vitórias que acumula no traçado — oito delas na MotoGP —, Marc Márquez passou longe de reinar e, além de ter ficado fora do top-10 combinado e, assim, obrigado a passar pelo Q2, foi estrela de lances no mínimo inusitados.

O primeiro aconteceu em meados da segunda sessão de treinos. No trecho da cachoeira, Marc levou um sacode da Honda e precisou agir rápido e usar todo o corpo para evitar a queda. A câmera on-board, porém, captou o momento em que o espanhol mostra o dedo do meio para a moto.

“A câmera mostrou bem”, riu Marc. “Foi por causa da situação. A adrenalina estava super alta. Salvei uma queda em uma curva super-rápida. Então, como vocês podem imaginar, a adrenalina estava muito, muito alta e foi a reação do corpo, pois tive muitos avisos já neste fim de semana. Precisamos entender como pilotar de maneira mais suave ou um pouco mais lenta para não termos esses momentos”, continuou.

O outro momento, porém, foi bastante mais significativo e assustador. Já na reta final da sessão, Marc perdeu o controle da Honda na curva 1 e caiu, com a moto seguindo descontrolada em direção à brita. Johann Zarco, porém, vinha saindo do pit-lane e acabou atingido pelo protótipo japonês, sendo enviado aos ares.

Antes de mais nada, vale uma repreensão à postura do hexacampeão da MotoGP, que ficou mais preocupado em voltar aos boxes em busca da moto reserva do que efetivamente checar se o companheiro de profissão, que se contorcia no chão, estava bem.

Marc Márquez não deu muita bola a Johann Zarco após o acidente (Foto: Divulgação/MotoGP)

Mas não foi só isso. Marc ainda teve a pachorra de culpar Zarco pelo acidente, já que considera que o francês poderia ter evitado o lance. O #5 foi rápido em rebater e, além de discordar, avaliou que o mais velho dos Márquez anda fora de controle em suas declarações.

Acostumado a reinar no canhoto Sachsenring, Marc falou em dia difícil e prometeu seguir tentando melhorar o ritmo.

“Tivemos uma sexta-feira difícil. Ainda que eu tenha começado de uma boa maneira, rapidamente atingimos o limite e precisamos seguir trabalhando no acerto e na moto”, defendeu. “Foi um dia complicado. Amanhã seguiremos tentando melhorar este feeling”, encerrou.

A classificação da MotoGP está marcada para amanhã, às 5h50 (de Brasília). A largada da prova sprint acontece às 10h. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade.

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