Bagnaia lidera “armada vermelha” da Ducati em Misano para tentar frear Quartararo

Embalado pela primeira vitória da carreira na MotoGP, o piloto de Torino vai tentar engatar outro bom resultado na casa da Ducati. E, para isso, conta com a força dos colegas de fábrica para tentar frear o bom ritmo do líder do Mundial. Isso se a corrida for com pista seca

A “armada vermelha” se uniu para tentar tornar difícil a vida de Fabio Quartararo em Misano. Líder do Mundial, o francês já tem 53 pontos de frente para Francesco Bagnaia, que, para seguir vivo na disputa pelo título da MotoGP, tem nem só que aproveitar o bom momento que vive em 2021, mas também torcer por uma mãozinha dos colegas de Ducati.

Neste sábado (18), Pecco fez o que lhe cabia: cravou 1min31s065 e garantiu a pole-position do GP de San Marino e da Riviera de Rimini, repetindo o resultado obtido semana passada em Aragão, já que fez dobradinha com Jack Miller e viu Quartararo apenas em terceiro.

Francesco Bagnaia conquistou a segunda pole seguida no ano (Foto: AFP)

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Mas se Fabio pagou no MotorLand por um erro na pressão dos pneus, desta vez a preocupação é outra. ²/3 da segunda fila é formado também por pilotos da Ducati: Jorge Martín sai em quarto, com Johann Zarco em quinto. Ou seja, o piloto de Nice é praticamente o recheio de um sanduíche com pão de beterraba.

Além de estar cercado por motos mais potentes do que a YZR-M1, Fabio também precisa ficar de olho na boa fase de Pecco. O próprio italiano reconhece que lhe faltou serenidade em alguns momentos, mas vem em uma fase positiva desde a volta das férias.

“Este ano, nós perdemos um pouco a serenidade em algumas ocasiões. Fizemos três ou quatro corridas em que eu estava bem, mas sempre acontecia alguma coisa. Só que desde a primeira corrida na Áustria, estou perfeito com tudo”, disse Bagnaia. “Aqui nós mexemos muito pouco no acerto da moto. Como choveu, não conseguimos dar muitas voltas com os pneus usados para fazer mudanças. Além disso, também tínhamos algumas coisas para testar, mas tudo correu perfeitamente”, seguiu.

O integrante da Academia de Pilotos VR46 admitiu que esperava um início de classificação melhor, mas na segunda tentativa saiu melhor do que o esperado.

“Eu esperava que a volta rápida fosse de 31s0. Na primeira tentativa, fui lento, com 31s6, e me custou um pouco. Depois, simplesmente deixei a roda dianteira trabalhar, forcei bastante e tudo foi muito melhor do que na primeira tentativa. Sempre aprendo coisas e isso é muito bom”, apontou.

Jack Miller ficou surpreso com o bom resultado em Misano (Foto: Ducati)

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Assim como na semana passada, Bagnaia e Quartararo mostraram ritmos parecidos nos treinos. E Pecco ressalta que quase não precisou mexer na Desmosedici.

“Em Aragão, Fabio também estava muito forte. Acho que, junto com Marc, nós três tínhamos o melhor ritmo. Na corrida, parece que ele teve problema com a pressão dos pneus, que é uma coisa que acontece quando você roda com tráfego”, recordou. “Temos um bom ritmo, não tive que fazer nada de diferente para ser rápido, só constância com o pneu usado. Temos de olhar algumas coisas. Perdemos uma sessão por causa da chuva, mas podemos ajustar alguma coisa no warm-up de amanhã”, sublinhou.

Pelo que se viu nos treinos, a maior fragilidade de Quartararo está na pista molhada, mas, mesmo assim, Pecco torce por uma corrida com sol e tempo firme.

“Prefiro que seja uma corrida no seco. No molhado, é sempre mais fácil errar. Na água, não tem aderência nesse asfalto”, alertou. “Eu queria ter uma boa luta com Fabio. Ele sempre é muito duro e gostaria de lutar com ele, mas se puder largar, escapar e ganhar sozinho, acho que gostaria mais”, completou.

0s249 mais rápido do que Bagnaia, Miller ficou com o segundo posto do grid e saiu mais do que satisfeito, já que não esperava esse tipo de performance.

“Estou muito empolgado com o meu resultado na classificação de hoje. E também surpreso. Minha primeira tentativa com o pneu macio não correu particularmente bem e, quando saí para a segunda, peguei a bandeira amarela na primeira volta”, relatou. “Fiquei nervoso, pois pensei que não teria tempo o bastante para tentar outra vez. Felizmente, consegui passar antes da bandeira quadriculada e terminar a segunda volta com um tempo muito bom”, continuou.

Fabio Quartararo vai sair em terceiro e Misano (Foto: AFP)

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“Agora teremos de trabalhar nos dados que coletamos no TL4 para ver onde ainda podemos melhorar, mas, no geral, estou confiante para a corrida”, avisou.

Fabio fez a melhor volta em 1min31s367 e acabou em terceiro, 0s302 atrás de Pecco. Após a classificação, o líder do Mundial explicou que tem sofrido com falta de potência, mas destacou que essa não é uma preocupação para a corrida.

“Ultimamente, em algumas curvas, especialmente neste circuito, nos falta um pouco mais de potência. Estamos no máximo”, disse Quartararo. “É algo muito estranho, pois com segunda ou terceira marcha, normalmente temos margem de potência, mas chegamos em um momento em que não temos mas nada. Não posso fazer nada, estou no limite e é difícil fazer mais do que isso”, ressaltou.

“É algo em que temos de trabalhar muito bem. Temos que ver o motivo de nos faltar essa potência em comparação com os demais”, alertou. “Mas o ritmo está muito bom. É um modo onde não necessitamos de toda a potência. Nestes momentos, temos uma sensação muito boa com os pneus e a moto. No Q2, fizemos uma mudança na segunda saída que nos saiu muito bem e tenho curiosidade de ver como será com o pneu novo amanhã, mas nosso ritmo está muito bom e me sinto confortável nesse sentido”, afirmou.

Na visão do titular da Yamaha, o ritmo que mostrou nos treinos é mais forte que o dos demais, mas a presença de tantos Ducati no entorno preocupa um pouco.

“De ritmo, estamos um pouquinho melhor, mas é quando estamos sozinhos na pista. Amanhã, com a armada vermelha que tenho na frente e atrás, veremos o que acontece”, considerou. “A corrida aqui é muito longa. No ano passado, cometi erros, então não vou repeti-los. Quero levar o meu tempo, pois 27 voltas são muitas”, ponderou.

Johann Zarco também mostrou bom ritmo em San Marino (Foto: AFP)

“No fim, é uma corrida para nós estarmos bem, não para olhar para os demais. Temos um bom ritmo e estou confortável com a moto. O importante é estar concentrado e fazer nosso trabalho sem estar preocupado com um ou com outro”, concluiu.

Caçula entre os pilotos ponteiros da Ducati, Jorge Martín não vai confiante em brigar pelo pódio em Misano.

“Seria melhor se a primeira curva estivesse mais longe. O que faço melhor é a tração com segunda, terceira e quarta marcha, mas aqui nós chegamos na curva em segunda”, explicou. “Posso me manter no top-4 ou 5 durante grande parte da corrida, mas nas últimas dez voltas não estarei para o pódio. Tenho de ver os dados de Bagnaia, mas não tenho ritmo para estar mais além do top-6”, assegurou.

“Pecco tem um ritmo muito bom, tem um plus nas freadas. Miller e Zarco estão bem nesse aspecto. Eu sou um pouco mais sensível em relação ao bloqueio das rodas, não gosto de passar por cima do limite, mas Pecco, por outro lado, faz a diferença ao buscá-lo na freada”, pontuou.

Apesar das muitas Ducati na frente, Martín não acredita que não é hora de pensar em uma estratégia e afirmou que só ajudará Pecco na briga pelo título na última corrida do ano.

“Para mim, não é momento de estar em uma estratégia deste tipo. Não estou tão forte. Sou um piloto Ducati, mas estou em outra equipe”, avaliou. “Só vou ajudar Pecco se chegar em Valência, na última corrida, com opções de título, e eu tiver ritmo para ajudá-lo. Acho que agora ele tem de fazer o Mundial dele”, defendeu.

Mais econômico nas palavras, Johann Zarco saiu satisfeito com o dia, mas tem na questão física a maior ressalva, já que já tem agendada uma cirurgia para tratar a síndrome compartimental após o GP de San Marino e da Riviera de Rimini.

“Hoje foi um bom dia”, resumiu Zarco. “Começar na segunda fila será muito importante. Estou recuperando a confiança na moto e isso será fundamental, assim como a largada e permanecer no grupo da ponta”, estabeleceu.

Quem saiu decepcionada da classificação foi a Suzuki. Álex Rins e Joan Mir mostraram bons ritmos nos treinos, mas acabaram sofrendo na definição do grid.

Álex foi 0s952 mais lento que Bagnaia e, assim, vai largar somente em nono. O que não preocupou tanto assim, já que a Suzuki costuma se sair bem em provas de recuperação.

“O TL3 e o TL4 correram realmente bem para mim, me senti muito bem com a moto e meus tempos de volta foram fortes também”, avaliou. “Amanhã será realmente imprevisível. Pode ser no molhado ou no seco ou algo no meio do caminho! Mas eu me sinto pronto para lutar. Estamos na terceira fila e a nona colocação é boa, especialmente se for no seco, onde me sinto bem confiante”, pontuou.

“Dei tudo de mim durante a classificação, mas, no fim, temos dificuldade nesta área e estamos longe da pole. Todos os pilotos estão próximos e vimos muitas quedas nesses dois dias, então vamos precisar tomar cuidado. Se for no molhado, vira loteria, mas se for no seco, pode ser uma briga interessante”, previu.

Álex Rins ficou em nono, mas saiu satisfeito (Foto: Suzuki)

Parceiro de Rins, Joan Mir ficou só em 11º, mas muito por conta de um problema de comunicação entre ele e a Suzuki.

“A classificação, honestamente, foi uma pena”, lamentou Mir. “Acho que hoje, mais uma vez, nós tínhamos o potencial para lutar pela pole-position, somos muitos rápidos no momento para poder lutar por isso, mas, realisticamente, acho que a segunda fila era ago que éramos capazes de conseguir”, apontou.

“Mas tivemos alguns problemas com o pneu dianteiro na primeira saída, com a dianteira da moto, não sei se foi a pressão, temos demos de analisar. E aí, quando mudamos o pneu, tinha a mensagem ‘box’ no painel. Ficou em toda a volta de saída, então eu decidi parar, pois não sabia se tinha algo de errado com o pneu ou se algum mecânico tinha tido um problema”, relatou. “Decidi parar, mas a mensagem não estava certa, era simplesmente uma mensagem errada, e isso condicionou toda a classificação. Estou muito desapontado, mas sei que a equipe vai entender o que aconteceu e resolveremos o problema”, garantiu.

Questionado sobre como o erro aconteceu, Mir explicou que a Suzuki não percebeu que tinha mandado a mensagem.

“É uma mensagem que a equipe coloca na moto, mas eles não perceberam que estava lá. É uma pena, pois não é uma mensagem do tipo ‘tem um piloto de seguindo’. Se você não tem nenhum problema, você continua. Mas, neste caso, quando eles colocam ‘box’, é porque você tem de ir para os boxes”, apontou. “Foi uma pena, mas acho que a equipe também está desapontada com este erro, e entendo completamente a situação deles, pois, obviamente, não é minha culpa, mas confio que teremos uma solução. Às vezes eu cometo erros, então eles também podem errar, não é um problema. Vamos tentar resolver e compensar amanhã, pois não estamos na nossa posição realista aqui em Misano”, finalizou.

A largada para o GP de San Marino e da Riviera de Rimini de MotoGP está marcada para as 9h (de Brasília) de domingo (19). O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2021.

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