Bagnaia se limita a dia menos pior e vê Quartararo ganhar mais um rival na Malásia

Líder do campeonato, piloto da Ducati caiu na reta final do Q2 em Sepang e vai largar para o que pode ser a prova decisiva da temporada 2022 na nona colocação. Ainda assim, ele foi o menos pior entre os postulantes ao título, já que o rival da Yamaha não só ficou em 12º, como ainda sofreu uma fratura na mão esquerda

O sábado (22) da MotoGP não saiu de acordo com o esperado na Malásia. Muito pelo contrário. Deu quase tudo errado para três primeiros colocados na classificação do Mundial de Pilotos 2022, o que resultou em um cenário ainda mais difícil para Fabio Quartararo na briga para desvirar o jogo para cima de Francesco Bagnaia e alcançar o bicampeonato.

Depois de liderar quase toda a disputa da MotoGP 2022, Quartararo viu Bagnaia tomar a ponta da classificação no GP da Austrália depois de executar a maior recuperação da história da classe rainha do Mundial de Motovelocidade e ainda abrir 14 pontos de frente. Com essa conta, Pecco chega à penúltima etapa do calendário com o primeiro match-point do título. Ele só precisa levar a diferença para a casa dos 25 pontos, já que, se os dois terminarem igualados, o italiano leva vantagem no critério de desempate: o número de vitórias — 6 a 3 até aqui.

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Francesco Bagnaia foi o menos pior entre os pilotos do top-3 do campeonato (Foto: Ducati)

Em cenário em que é a Ducati a melhor moto do grid e Bagnaia ainda pode contar com diversos aliados — não necessariamente no sentido de que alguém vá deixá-lo passar, mas eles já ajudam e muito simplesmente se colocando entre os dois —, Fabio dependia enormemente de uma boa posição de largada em Sepang. Considerando que a YZR-M1 da Yamaha sofre com déficit de potência e aceleração, a principal alternativa de combate era aquela tão popularizada por Jorge Lorenzo: largar bem, forçar o ritmo e escapar. Mas isso foi por água abaixo nesta tarde.

O revés de Quartararo começou no quarto treino livre. Na metade da sessão, ‘El Diablo’ caiu na curva 8 e sofreu uma pequena fratura no dedo médio da mão esquerda. Garantido direto no Q2, o francês recebeu nos boxes a visita do Dr. Ángel Charte, mas o tratamento com gelo e a tala não foram suficientes para estancar o visível incômodo.

Na fase final do treino que definiu o grid, o #20 foi discreto na maior parte do tempo, mas abriu um bom giro nos instantes finais. Quando parecia que saltaria para a primeira fila — onde não dá as caras desde o GP da Holanda —, Quartararo balançou e abortou a volta, ficando apenas em 12º, com 1min59s215.

“Em relação ao ritmo, não estava me sentindo tão mal depois do acidente. Honestamente, não foi um problema na classificação. Talvez eu não estivesse tão focado, não sei”, disse Quartararo.

Ainda, o piloto de Nice explicou as circunstâncias do acidente e considerou que é muito estranho o que tem acontecido nas últimas corridas.

“O primeiro stint foi algo que ainda não entendi, e o segundo não calculamos para fazer duas voltas. Então, a segunda volta foi muito melhor, não pela sensação, mas apenas no tempo de volta, até o momento em que caí. Na mesma curva”, pontuou. “É muito estranho como estamos fazendo estas últimas corridas. Não sei se estamos trabalhando de forma correta ou não, mas estamos perdendo muitas coisas”, seguiu.

Mesmo com um dedo fraturado, Fabio não espera que a nova condição física seja uma dificuldade extra.

Fabio Quartararo fraturou dedo médio da mão esquerda (Foto: Yamaha)

“Honestamente, não será um problema. Acho que na corrida terei muitas coisas para pensar além do dedo. Acho que não deve ser um problema e com certeza vou tomar algum remédio para a corrida”, finalizou.

Se serve de alento, o dia de Pecco não foi muito melhor. Ainda que Jorge Martín tenha se mostrado em uma liga à parte, garantindo a pole com a volta recorde de 1min57s790, o #63 até teve chances de assegurar uma boa posição de partida depois de avançar via Q1 graças a uma estratégia certeira, que colocou Jack Miller de isca para permitir que o piloto de Torino rodasse livre de puxar a concorrência. Mas uma queda já na parte final do Q1 acabou por deixar titular da Ducati apenas em nono, com 1min58s862.

As duas primeiras filas da grelha contam com quatro Ducati, a Honda de Marc Márquez e a Suzuki de Álex Rins. O hexacampeão se disse surpreso com a primeira fila, já que não esperava que a RC213V pudesse fazer algo bom assim. Embora ele seja sempre um fator a se considerar na corrida, o espanhol não parece lá muito convicto das chances de um bom resultado. Vindo de vitória em Phillip Island, Rins é um fator de preocupação, mas o fato de estar fora da briga pelo título faz dele uma preocupação menor.

No que diz respeito a Martín, Enea Bastianini, Marco Bezzecchi e Luca Marini, me parece óbvio que é chegada a hora do jogo de equipe. Ainda que a Ducati não queira determinar que todos abram caminho para Pecco, ela já mandou todo mundo ter cuidado com ele, então existe ali uma certa tranquilidade para poder brigar. No caso dos pilotos da VR46, eles estão fora da disputa pelo campeonato — e são amigos de Francesco — então ninguém precisa se acanhar em abrir passagem.

Bastianini ainda têm chances matemáticas e pode tentar se aproveitar das circunstâncias para jogar mais duro. Mas ele e Bagnaia já batalharam outras vezes no ano, o que significa que também existe certa intimidade neste confronto. A maior preocupação talvez seja Martín, que nunca parece disposto a jogar como equipe.

“O início foi mais difícil. Mas a única coisa boa do dia foi o terceiro treino livre e o Q1”, reconheceu ele. “Depois, fiz tudo que era possível para estragar o dia. Sou humano e comecei a sentir a pressão”, admitiu.

Também, Pecco lamentou o erro que cometeu e considerou que precisa aprender a ler melhor as situações

“Eu forcei muito na curva 4 e caí. Tenho de aprender a ler essas situações. Não foi necessário forçar porque facilmente tinha o terceiro lugar quase garantido”, refletiu.

Terceiro elemento na disputa pelo título, Aleix Espargaró ficou no meio do caminho entre os dois: foi 0s073 mais lento que Pecco e vai sair em décimo, com Joan Mir também diante de Quartararo.

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Aleix Espargaró torce para recuperar alguns pontos em Sepang (Foto: Aprilia)

O fim de semana do catalão não aparenta nada de mais até aqui e a posição de partida é apenas mais um dificultador. Resultado, também, de uma queda no Q2.

“Foi uma pena, porque eu estava rápido atrás de Jorge [Martín], vinha a 0s0 na segunda parcial, mas a moto não tem aderência nenhuma aqui”, contou Espargaró em entrevista ao streaming espanhol DAZN. “Isso está nos custando demais. Estava, obviamente, acima do limite. A direção travou. Uma pena, porque teria ajudado muito na corrida largar na primeira fila, mas, de todas as formas, tentei de tudo. Melhoramos um pouquinho hoje, mas não o suficiente”, seguiu.

Aleix considera, no entanto, que o clima pode jogar a favor na hora da corrida em Sepang.

“Teremos de ver a metereologia. Se for no seco, vai ser uma corrida dura em muitos sentidos: para os pneus, fisicamente. Vai ser complicado. A moto esquenta muito”, contou. “Vai ser difícil gerir. No tenho muita velocidade, mas sei que sou bastante constante em termos de ritmo e o pneu não se destroça. Tomara que eu possa manter um bom ritmo e tirar o máximo de pontos possível”, torceu.

O titular da Aprilia considerou que, mesmo saindo do fundo do grid após uma sessão marcada por muitos erros, Bagnaia está em boas condições, já que tem um ritmo forte em Sepang.

“Houve muitos erros, muita tensão. A posição no grid é super importante para amanhã. Tenho que a sensação que, ainda que Pecco saia atrasado, ele tem muito mais ritmo, é rápido, está forte aqui”, avaliou. “Mas nunca sabemos o que pode acontecer saindo na metade do pelotão. Então tomara que, pelo menos, eu possa recortar alguns pontos”, encerrou.

O GP da Malásia de MotoGP, penúltima etapa da temporada, acontece às 4h (de Brasília, GMT-3) deste domingo (23). O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial 2022 de Motovelocidade.

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