Desde muito cedo no campeonato o piloto de Cervera mostrou que colocaria as mãos no caneco. Apesar da primeira vitória só ter vindo na terceira etapa do calendário, nos Estados Unidos, a partir dali abriu a porteira para mais sete triunfos até o momento.
Considerado o rei da América, não teria palco melhor para começar a escrever a história de 2018. Por ter vencido a etapa, pulou de quarto para a segunda colocação, se aproximando de Andrea Dovizioso – aquele que, mais para frente, seria seu maior adversário na briga.
A liderança do Mundial só viria na corrida seguinte. Subindo ao degrau mais alto do pódio em Jerez de la Frontera e vendo o italiano da Ducati abandonar após ser acertado pelo companheiro Jorge Lorenzo, o #93 agora somava 70 pontos, tendo 12 de respiro para o segundo colocado, Johann Zarco.
Marc Márquez (Foto: Divulgação/MotoGP)
Dali em diante, jamais saiu da ponta da tabela. Corrida a corrida, foi vendo sua vantagem na ponta crescer cada vez mais. Em uma combinação letal de um piloto que guia com o coração, mas que aprendeu a usar a cabeça e ainda é a combinação perfeita com a moto da Honda, foi quase impossível colocar um ponto final em seu domínio.
Mas é justo dizer também que Márquez não encontrou um adversário real pela briga do campeonato deste ano. Diversos pilotos chegaram a se aproximar do espanhol, mas nenhum com chances verdadeiras de batê-lo.
No início do ano, a Yamaha mostrou algo que poderia ser alguma ameaça ao #93. Viñales chegou a aparecer na vice-liderança da classificação, mas foi Valentino Rossi quem pareceu fazer frente ao espanhol da Honda.
Na primeira metade do campeonato, o #46 conquistou cinco pódios em dez etapas, se colocando na segunda colocação da tabela e não saindo por nada. Mas uma forte queda de rendimento da marca japonesa colocou por água qualquer chance que o italiano poderia de ter uma briga real com Márquez.
Marc Márquez (Foto: Repsol)
Enquanto isso, a Ducati despontava no campeonato com aquela que é considerada a melhor moto do grid. Logo na primeira corrida de 2018, Dovizioso tratou de subir no degrau mais alto do pódio, dando a esperança que o emocionante embate pelo caneco de 2017 seria revivido.
Mas isso ficou apenas na ilusão, já que na primeira parte do campeonato o italiano teria três abandonos e apenas mais uma aparição no pódio – segundo na Itália. Voltaria a vencer apenas na República Tcheca, na volta das férias do Mundial, e depois em San Marino.
Enquanto isso, do outro lado dos boxes da Ducati, Lorenzo emendou duas vitórias consecutivas, em Mugello e Catalunha. A terceira vitória e quarto pódio do ano também viriam apenas após o retorno da MotoGP da pausa de verão.
Isso mostrou que o time de Borgo Panigalle voltou muito forte das férias de verão, mas que mesmo com uma Desmosedici superior a moto da Honda, despertou tarde demais para a briga. Além disso, tinha dois pilotos que estavam disputando ponto a ponto.
A briga entre Dovizioso e Márquez (Foto: Michelin)
A vida de Márquez nunca foi exatamente dificultada para colocar as mãos no título. E em seu quinto ano na classe rainha do Mundial, além de ter aprendido a ser um cara mais equilibrado e que calcula riscos, ainda mostrou que pode aprender com seus adversários, como mostrou no final do GP da Tailândia ao emular os lances de Dovizioso.
Entretanto, o espanhol jamais abriu mão do estilo agressivo de pilotagem, sua marca registrada. Guiando com o coração, mas sempre usando a cabeça, o piloto criou a receita perfeita para se tornar o adversário letal e que quase não comete erros. Na pista, só mostrou todo seu brilhantismo.
Marc está em grande fase que já dura anos, apresentado cada vez mais uma pilotagem brilhante e quase sem erros. Com exceção dos GP da Argentina e GP da Itália, em que teve resultados péssimos, fez o que era preciso para alcançar seu sétimo título Mundial. Foi constante, conservador quando exigido e provou que ainda tem muito que conquistar.
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