Michelin conclui análise e vê pneu de Martín 15°C abaixo da temperatura na hora da queda
Chefe da Michelin, Piero Taramasso explicou que completou a análise das informações coletadas com a própria Aprilia e concluiu que, ainda que a superfície do pneu estivesse na temperatura correta, o interior do calçado não tinha sido devidamente aquecido para as condições da pista de Sepang no momento da queda que tirou Jorge Martín do teste da pré-temporada
Chefe da Michelin, Piero Taramasso apontou para a temperatura baixa da carcaça do pneu como causa da queda de Jorge Martín no primeiro dia de testes da MotoGP na Malásia. A fabricante francesa apresentou nesta sexta-feira (7) as conclusões da análise dos dados coletados pelos sensores da RS-GP.
Martín sofreu duas quedas no intervalo de apenas 13 voltas no primeiro dia em Sepang. O piloto da Aprilia passou ileso do primeiro tombo, mas, depois, acabou com fraturas na mão direita e no pé esquerdo. O espanhol ficou fora do restante dos testes e terá de passar por cirurgia.
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Nesta sexta-feira, a Michelin apresentou à imprensa a conclusão da análise de todos os dados da moto de Martín e concluiu que, ainda que a temperatura da superfície do pneu estivesse dentro do normal, a camada interna estava muito abaixo.
“Agradeço a Aprilia. Eles nos forneceram todos os dados”, disse Taramasso. “Na última hora, nós conseguimos analisar todos os dados. São muitas informações, então leva tempo fazer essas coisas”, seguiu.

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“No início, Massimo disse que a temperatura do pneu estava ok, mas era a temperatura [da superfície] do pneu, que é muito variável — depende da derrapagem, do quanto a moto patina. No pneu traseiro, o [valor] que usamos para entender se um pneu funciona ou não, é a temperatura da camada interna. Por exemplo, são os dados que vêm do sensor McLaren”, explicou.
De acordo com o dirigente, as equipes normalmente se referem ao que ele chamou de “temperatura da cavidade” quando avaliam a temperatura de um pneu nos boxes, um medida que leva em conta o ar dentro do pneu. Taramasso frisou, contudo, que essa medida “não é a mesma” da camada interna.
“Nós analisamos todos os dados e a conclusão é clara: Jorge, quando saiu dos boxes para o último stint antes da queda, a temperatura do pneu era 15°C menor. 15°C é muita coisa”, indicou. “Além disso, no momento que ele caiu, nós comparamos com a temperatura do pneu traseiro de Marco Bezzecchi — já que é a mesma moto, com o mesmo [composto] traseiro médio — e estava 15°C abaixo”, pontuou.
O chefe da Michelin indicou que a temperatura dessa camada interna do pneu normalmente varia entre “90 e 100°C”, portanto, a variação apresentada por Martín no momento da cada é de cerca de 15%.
“Este, com certeza, é um grande parâmetro que, [combinado] com as condições de pista — que, lembrem-se estavam muito escorregadias, ventando, frio — só 30°C quando aqui normalmente é 50°C —, tinha chovido durante a noite — então eram condições ruins e o pneu não estava pronto, foi por isso que a queda aconteceu”, justificou.
No momento da queda, Martín usava um pneu médio que foi bastante evitado pelos pilotos ao longo do teste desta semana. De acordo com Taramasso, o objetivo era guardar os macios para mais tarde.
“No momento, todas as equipes começam com o médio. É como no fim de semana de corrida, na sexta-feira. Todo mundo começa com um par de médios, mesmo que não seja o melhor pneu para aquela condição, pois querem guardar o macio”, falou. “Aqui provavelmente foi a mesma estratégia. Eles começaram com o médio, pois sabiam que o macio tinha mais performance, então para limpar a pista, decidiram começar com o macio”, ponderou.
“Mas estavam todos na mesma condição. Além disso, usamos muito o médio durante o teste sem problemas. Durante o shakedown também”, insistiu.
Por fim, Taramasso explicou que apresentou os dados à Aprilia, que na quarta-feira tinha insinuado que Martín caiu por causa de um pneu defeituoso.
“Falei com eles e apresentei todos os relatórios. Eles entenderam o que nós mostramos. E não é a minha opinião, são só os números. Estes são os dados e eles acreditam nos dados”, encerrou.
A MotoGP volta às pistas entre os dias 12 e 13 de fevereiro para o segundo teste da pré-temporada, na Tailândia. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade durante todo o ano.

