Priorizar segurança e ouvir pilotos é sempre decisão acertada

A MotoGP optou por cancelar as atividades de sábado (26) por entender que os fortes ventos em Phillip Island ameaçavam a segurança dos pilotos. Priorizar a integridade e dar voz a quem se arrisca é sempre a melhor decisão

A MotoGP deu mais uma prova de que os pilotos são mesmo os donos do espetáculo. Na tarde deste sábado (26), o Mundial de Motovelocidade optou por abreviar as atividades depois de ouvir dos competidores que os fortes ventos em Phillip Island representavam um risco de segurança.
 
Ainda na sexta-feira, o paddock do Mundial tinha sido alertado para os fortes ventos na ilha que tem uma área de 100 km². Ao longo do dia, a preocupação se mostrou válida, já que as rajadas chegaram até mesmo aos 55 km/h.
 
O alerta máximo aconteceu no quarto treino livre, quando Miguel Oliveira sofreu uma forte queda na Doohan, a primeira curva do circuito. O piloto português precisou ser lavado ao centro médico para exames, mas, de acordo com Hervé Poncharal, chefe da Tech3, não se feriu com gravidade.
Maverick Viñales (Foto: Yamaha)
 “Eu estava com Zarco no vácuo e, naquele ponto, eu estava um pouco mais próximo do lado esquerdo da pista”, contou Miguel. “A direção do vento mudou completamente da manhã para a tarde e estava vindo de lado na reta”, continuou.
 
“Eu tirei a mão e deixei Johann passar e, quando freei, freei completamente de lado e o vento simplesmente me empurrou para fora da pista”, comentou.
 
Quando a bandeira vermelha foi acionada instantes após o acidente de Oliveira, os pilotos foram convocados para um encontro extraordinário da Comissão de Segurança ― que, tradicionalmente, se reúne às sextas-feiras ― e a maioria optou pelo cancelamento.
 
De acordo com Aleix Espargaró, dos 22 pilotos presentes, 19 eram favoráveis ao cancelamento. Os outros três, aceitavam seguir adiante, ainda que entendendo que a situação estava muito no limite.
 
“Obviamente, foi a decisão certa. Quase todo mundo concordou que hoje era muito, muito perigoso pilotar”, contou Aleix. “A velocidade do vento era muito alta e não era constante, então era muito difícil prever”, apontou.
 
“Nós éramos 19 a 3. Esses três pilotos disseram que estava no limite, limite, limite e que talvez não desse para correr com os 20 pilotos juntos, mas, disseram sim para a classificação”, revelou. “Mas os outros 19, nós achávamos que não tinha jeito”, frisou.
 
Ainda, o piloto da Aprilia explicou as dificuldades causadas pelo vento em pontos específicos da pista.
 
“A curva 1 e, especialmente, a curva 3 eram super difíceis. A sensação era de que estávamos fazendo a curva com uma roda, só a traseira. A dianteira estava flutuando, então era muito perigoso”, insistiu.
 
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Representante da Dorna, a promotora do Mundial, na direção de prova, Loris Capirossi explicou as circunstâncias do encontro da Comissão de Segurança.
 
“Na reunião, nós pedimos a opinião dos pilotos e a maioria deles concordou que as condições não são seguras o bastante, pois o vento é bem forte, especialmente porque o vento não é constante ― em alguns lugares é bem forte, em outros, menos. É realmente difícil controlar a moto”, disse Capirossi em entrevista ao site da MotoGP. “Nós esperamos que as condições sejam melhores amanhã, mas a previsão do tempo diz que teremos com certeza menos vento”, seguiu.
 
Questionado se todos os pilotos concordaram com o cancelamento das atividades de hoje, Capirossi respondeu: “Eu diria, honestamente, que a maioria concordou. Alguém disse que estava realmente no limite, mas que era possível, mas, normalmente, é melhor tomar a decisão, pois quase todos concordaram”.
 
Ainda, Capirossi explicou a razão de a direção de prova não ter tomado nenhuma atitude durante os treinos de Moto3 e Moto2, que também foram afetadas pelo vento.
 
“O problema é que o vento mudou muito quando a MotoGP começou, ficou mais forte, pois nós ficamos monitorando o vento também em Moto2 e Moto3”, explicou. “Para amanhã, vamos ver o que acontece. Veremos as condições e decidiremos amanhã”, completou.
 
O piloto da Aprilia disse, ainda, que estava atrás de Oliveira no momento da queda e culpou o vento pelo susto. 
 
“Para mim, eu estava atrás de Oliveira quando ele caiu. Ele fez tudo perfeito na curva 1, mas veio muito vento, o atingiu e foi uma queda grande. Então acho que tomamos uma boa decisão”, avaliou. 
 
O companheiro de Andrea Iannone celebrou, também, o fato de os pilotos terem voz ativa nas decisões do Mundial de Motovelocidade.
 
“Éramos 19 contra 3, então estou feliz e orgulhoso deste esporte, porque eles realmente nos ouvem. Nossa opinião é muito importante e fico muito feliz”, comentou.
 
Dono do melhor tempo do fim de semana, Maverick Viñales também defendeu a decisão de cancelar as atividades e avaliou, inclusive, que esta decisão poderia ter sido tomada antes.
 
“As condições eram muito complicadas. Dava para rodar, mas tinha muito risco. Todos vimos a queda de Oliveira e era o mais provável de acontecer. Era muito fácil cometer um erro e entrar mal na primeira curva a mais de 320 km/h”, disse Viñales. “Tinham de ter visto, parado antes e evitado o acidente de Miguel”, considerou.
 
“Eu estava no meio dos que acham que era possível correr e dos que não. Mas a segurança está em primeiro lugar. Me parece uma boa decisão”, opinou.
Johann Zarco (Foto: Red Bull)
Companheiro do #12, Valentino Rossi lembrou que esteve em Phillip Island muitas vezes antes, mas nunca viu condições como as de hoje.
 
“Eu corri muitas vezes aqui, mas nunca tinha visto isso”, comentou Rossi. “O problema é que o vento é forte demais e este circuito assim é perigoso”, avaliou. 
 
“Às vezes, faz frio ou chove, mas o vento é perigoso. No lugar onde Oliveira caiu tinham muitas rajadas e é muito perigoso”, insistiu. 
 
Valentino, no entanto, não é favorável ao plano de transferir a classificação para domingo, já que entende que o risco será ainda maior.
 
“Eu preferia que o grid fosse formado pelo resultado combinado, porque, às 9h da manhã (hora local), com o frio, seria estúpido fazer o Q2, porque vai ser, inclusive, mais perigoso do que afora”, opinou.
 
Titular da Suzuki, Álex Rins manifestou sua preocupação com as condições de domingo e também questionou a realização dos treinos de Moto3 e Moto2.
 
“O que não faz muito sentido é que nós tenhamos cancelado os treinos e Moto2 e Moto3 tenham feito”, disparou. “O que me preocupa é a corrida de amanhã. Se cancelamos hoje por conta das condições, o que vai acontecer amanhã?”, questionou.
 

O GP da Austrália de MotoGP está marcado para o domingo, 1h (de Brasília). Acompanhe aqui a cobertura do GRANDE PRÊMIO.


 

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