Retrospectiva 2024: Marc Márquez renasce na Gresini e dá cartada para retomar reinado

Depois de quatro temporadas vivendo em meio aos caos, Marc Márquez voltou a respirar na superfície e, nos braços da Gresini, recuperou a competitividade perdida com a fratura de 2020. Além de voltar a ser o piloto forte de outrora, o #93 ainda moveu as peças de maneira certeira para assegurar um futuro na equipe de fábrica da Ducati

MARC MÁRQUEZ ESTÁ DE VOLTA! Depois de quatro anos vivendo no mais absoluto caos, o octacampeão do Mundial de Motovelocidade fez as pazes com a competitividade e, no colo acolhedor da Gresini, voltou a ser um protagonista da MotoGP.

O retorno ao protagonismo, porém, veio acompanhado de algumas dores. Entre elas, a da separação. Depois de 11 temporadas, Marc deixou a Honda, que vive mergulhada em uma crise e, com ele por lá, não dava grandes sinais de reação. Mas, antes de avançar, é preciso dar um passo atrás.

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Marc dominou a MotoGP por anos, mas não dá para dizer que ele sempre teve a melhor moto. Isso talvez tenha acontecido apenas em 2014, quando ele engatou em uma impressionante sequência vitoriosa. Mas, apoiada no talento dele, a Honda deixou de olhar para a RC213V. E nem mesmo a performance pavorosa dos companheiros de equipe serviram de alerta de quer era preciso mudar. Nem sequer a passagem desastrosa de Jorge Lorenzo por lá foi capaz de fazer isso.

Aí o mais velho dos irmãos Márquez se machucou. E o que poderia ser uma lesão simples virou uma epopeia com uma trágica tentativa de acelerar o retorno. Na prática, o #93 passou três temporadas fora de combate em termos físicos, mas, em 2023, quando ele estava apto para guiar, ficou evidente que a Honda não tinha feito a parte dela para acompanhar o esforço dele em se recuperar.

Na Gresini, Marc Márquez reencontrou a competitividade (Foto: AFP)

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Marc se submeteu a quatro cirurgias. Na última delas, explicando de maneira bem grosseira, fraturou o braço de novo para remendar do jeito certo. Mas a montadora japonesa se limitou a fazer pequenos curativos. E, ao que parece, com o esparadrapo mais barato que achou na prateleira.

Vendo o tempo passar, Marc entrou em desespero. A Honda pode se dar ao luxo de esperar. Ela não tem data de validade. Sai uma moto, entra outra. No caso do atleta, é diferente. A ‘vida útil’ é bem reduzida. Então ele jogou a tolha. O contrato, que era válido para 2024, foi encerrado mais cedo para que ele pudesse migrar para a Gresini e guiar com uma Ducati.

Ali, o cenário era perfeito. Márquez é maior do que o time de Nadia Padovani. Todo mundo sabe disso. Então, o que quer que ele fizesse ali, seria o bastante para a equipe. Ou seja, ele correria livre de pressão.

Mas, mais do que isso, ao colocar as mãos na melhor moto do grid — sendo ela do ano ou não, a Ducati é a melhor moto da MotoGP —, Marc não teria nenhuma desculpa. Se a competitividade não viesse, era por que ele não era mais capaz de ser competitivo. Era por que o tempo dele tinha passado.

A curiosidade em torno da troca de moto foi gigantesca. Cada passo de Marc foi acompanhado nos mínimos detalhes. E, pouco a pouco, ele voltou a ser ele. O primeiro pódio veio na segunda etapa do ano, com um segundo lugar na corrida sprint de Portugal. Em GP, o irmão de Álex retornou ao top-3 na Espanha, também com um segundo lugar.

Marc Márquez garantiu vaga na equipe de fábrica da Ducati em 2025 (Foto: Ducati)

A vitória resistiu um pouquinho mais, mas também veio. A medalha de ouro na sprint chegou em Aragão, enquanto o topo do pódio em GP veio logo no dia seguinte, também no MotorLand, encerrando um jejum de mais de 1 mil dias.

Voltar a vencer trouxe todas as respostas que Marc foi buscar na Gresini. Mas, faminto como ele sempre foi, é claro que ele queria mais. Quando entendeu que ainda era o piloto de antes, Marc voltou a sonhar. E o sonho do título reavivou. Mas, para isso, o #93 entende que precisa da moto do ano. E foi nisso que ele trabalhou.

Inicialmente, a Ducati pensou em alocá-lo na Pramac, fazendo com ele o que fez com Jorge Martín neste ano. Mas o veterano não aceitou. Se era para ficar em equipe satélite com a moto do ano, que fosse na Gresini, que lhe havia estendido a mão quando ele precisou.

A negativa do filho ilustre de Cervera mudou os planos de Borgo Panigale. Márquez foi escolhido para formar dupla com Francesco Bagnaia no time principal a partir do próximo ano. E a Martín coube engolir a decepção e fazer as malas para a Aprilia — levando com ele o #1, diga-se de passagem.

Com três vitórias em GPs no ano, Marc fechou a temporada no terceiro posto do Mundial de Pilotos, derrotando Enea Bastianini apenas na última etapa da temporada por uma diferença de só seis pontos. Mas a melhor posição de campeonato desde o título de 2019 não era o mais importante. O seis vezes campeão da MotoGP foi para a temporada 2024 para se reencontrar. E conseguiu.

A exibição a bordo da GP23, que basicamente só ele conseguiu fazer funcionar diante da mais forte GP24, aliada ao histórico vitorioso e ao poderio confirmado e reafirmado pela Ducati, colocam Marc na posição de favorito ao título do próximo ano.

Chegando à equipe do bicampeão Bagnaia, Marc ainda se porta como visita e prestando toda reverência possível a Pecco, que é, merecidamente, o maior piloto da história da Ducati, mas a expectativa da torcida é ver a garagem pegar fogo. Gigi Dall’Igna, Davide Tardozzi e companhia terão trabalho em 2025. E o público vai adorar assistir.

MotoGP volta a acelerar entre 5 e 7 de fevereiro de 2025 para os primeiros testes de pré-temporada, em Sepang, na Malásia. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade durante todo o ano.

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