Sem Marc Márquez, Yamaha evolui no ‘replay’ de Jerez e divide protagonismo com KTM

Com três das quatro motos no top-10 combinado, a Yamaha fechou a sexta-feira (24) de treinos para o GP da Andaluzia na frente. KTM também colocou a maioria de suas RC16 no topo da tabela

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Pela primeira vez na história do Mundial, dois GPs consecutivos são realizados na mesma pista em um mesmo ano ― antes, o mesmo traçado tinha sido usado consecutivamente, mas em temporadas diferentes: Montjuïc fechou 54 e abriu 55.

Assim, as primeiras comparações entre as duas etapas em Jerez de la Frontera são possíveis já nesta sexta-feira (24), ainda que com ressalvas importantes: liberado pelos médicos, Marc Márquez sequer entrou na pista, já que vai checar sua condição física apenas amanhã. Álex Rins também está combalido, assim como Cal Crutchlow, que também foi operado na terça-feira.

“Ontem eu voltei ao circuito depois da operação em Barcelona e passei pelo exame médico de tarde. Isso significa que posso pilotar e, depois de conversar com a Honda, decidimos começar diretamente pelo sábado. Dormi bem, obviamente sinto um pouco de dor, mas fizemos sessões com meu fisioterapeuta que foram bem boas para mim”, relatou Marc. “A equipe tem um único objetivo, que é ver a nossa sensação amanhã no TL3. Vamos ver como o braço está e, a partir daí, vamos decidir nosso próximo objetivo”, declarou.

Maverick Viñales eligou a forma da YZR-M1 (Foto: Yamaha)

Nesse cenário, claro que o panorama ficou pior para a Honda. Sem o protagonista-mor, a fábrica da asa dourada foi menos presente no top-10 neste primeiro dia de preparativos para o GP da Andaluzia: apesar de ter liderado o TL2, foi o treino da manhã que garantiu o oitavo lugar para Takaaki Nakagami no combinado dos treinos.

Sem o hexacampeão, Nakagami ganhou um pouquinho mais de atenção dos engenheiros da HRC. E a melhora da moto vem mesmo da comparação com Marc.

“Nada mudou, só Takeo [Yokoyama, engenheiro-chefe da HRC] que passou mais tempo na nossa garagem. No geral, ele está sempre na nossa garagem e isso ajuda muito. Realmente me ajudou durante a sessão e depois”, disse Nakagami. “De noite, verificamos os dados da corrida, comparamos os meus com o de Marc e pude ver a diferença”, contou.

“O acerto da moto é bastante diferente. Desde o TL1, mudamos muito. Tentamos nos aproximar do acerto de Marc. Testamos um pouco mais a configuração dele e melhoramos bastante. É um bom ponto para entender. Agora tenho de ver mais a fundo como Márquez piloto, porque ele tem uma forma especial de guiar a Honda”, reconheceu.

Com Rins também distante do auge da forma, a Suzuki foi mais uma a perder terreno nesta sexta e sequer ficou entre os dez melhores. Joan Mir foi o 11º, enquanto o #42 ficou com o 21º e último lugar.

Valentino Rossi saiu mais satisfeito do que na semana passada (Foto: Yamaha)

“Foi difícil hoje, esperava me sentir melhor na moto, mas sinto muita dor no ombro, especialmente na freada”, contou o piloto da Suzuki. “No TL1, estava sem analgésicos, mas tomei alguma coisa antes do TL2. Apesar da dor, o bom é que, após essas duas sessões, meu ombro não parece mais inchado ou inflamado, então amanhã precisamos seguir lutando e trabalhando”, relatou.

“Consegui tentar alguns acertos e considerar a escolha de pneus para a corrida. Vamos ver se posso ser um pouco mais rápido amanhã”, comentou.

KTM e Ducati, por outro lado, se mantiveram na mesma, embora a fábrica austríaca tenha se destacado com três de suas quatro motos o top-6 ― Brad Binder em terceiro, Pol Espargaró em quinto e Miguel Oliveira na sexta colocação.

“É a primeira vez que temos ritmo de corrida para brigar por algo grande sem importar qual a marca que enfrentamos”, disse Pol Espargaró após os treinos desta sexta. “Não temos nada a perder. Vou arriscar tudo para conseguir um grande resultado”, avisou.

“Temos de aproveitar as baixas dos que não estão bem. Pode ser que consigamos um pódio no seco, mas agora é falar por falar”, comentou. “Temos o ritmo de corrida dos que ganharam no domingo. Mas teremos de ver como vamos largar, como largam as Ducati, e seu eu posso passá-las nas primeiras voltas”, ponderou o #44.

Depois de se destacar na estreia na MotoGP, Binder também celebrou o bom passo dado neste fim de semana.

“Definitivamente, estávamos prontos hoje para o TL1. É muito legal para um novato correr aqui duas vezes. Voltando para esta pista, tenho todas as referências do último fim de semana e tudo funcionou imediatamente. Foi muito mais fácil do que uma semana atrás”, falou Binder. “Foi ótimo ser terceiro nesta manhã. Hoje nós usamos apenas dois conjuntos de pneus, portanto, economizamos um em comparação com a última sexta-feira. Esse era o nosso plano. Fiz muitas voltas de parte e me preparei para a corrida”, comentou.

Brad Binder foi a melhor KTM do dia (Foto: KTM)

“Nossa moto funciona melhor no calor. Aí temos menos desvantagens do que os outros caras. Estou completamente feliz com tudo: o time faz um excelente trabalho, a moto é muito competitivo”, elogiou. “Gostaria de avançar ao Q2 amanhã pela primeira vez. Se puder fazer isso, seria maravilhoso poder largar das duas primeiras filas”, sonhou.

Depois de estrear no pódio de Jerez com a classe rainha na semana passada, Andrea Dovizioso comemorou certa evolução na performance da Desmosedici, mas ressaltou que a concorrência também conseguiu dar um passo à frente.

“Estou satisfeito com o trabalho que fizemos no primeiro dia. Conseguimos melhorar muito a minha sensação com a moto, especialmente na freada e na entrada da curva, mas, mesmo assim, ainda não posso ser suave na curva como gostaria”, contou Andrea. “Olhando para a tabela de tempos, vemos que nossos rivais também conseguiram progredir em comparação com o fim de semana passado, então é importante seguir melhorando e encontrar um bom ritmo para a corrida. Amanhã será crucial fazer uma boa classificação e poder largar das duas primeiras filas da corrida”, alertou.

A Aprilia, por sua vez, saiu da ausência no top-10 na sexta passada para o nono posto de Aleix Espargaró.

“As coisas foram um pouco melhores nesta manhã e eu consegui colocar a RS-GP no top-10. Devo dizer que, com três pilotos rápidos na lista de machucados, foi um pouco mais simples”, reconheceu. “De qualquer forma, vamos precisar forçar no TL3 de amanhã para manter a posição”, frisou.

“Tivemos um pouco de dificuldade esta tarde. Infelizmente, estamos perdendo muito em aceleração e isso é acentuado pela baixa aderência das altas temperaturas. Espero que possa melhorar amanhã. A meta é confirmar o top-10 e levar a moto para o Q2”, sublinhou.

Quem mais ganhou foi a Yamaha. A YZR-M1 já tinha mostrado evolução na abertura da temporada, mas o GP evidenciou a dificuldade com o desgaste dos pneus. Assim, é um ganho que três das quatro motos tenham entrado no rol das dez melhores ― Maverick Viñales foi o líder, com Valentino Rossi em segundo e Franco Morbidelli em quarto. Fabio Quartararo ficou só em 14º, 0s829 atrás do ponteiro.

Isso foi o mais perto que Marc Márquez chegou de uma moto nesta sexta (Foto: Repsol)

“Hoje eu me senti realmente bem na moto. Tentamos um novo acerto, que foi uma melhora, e isso é o mais importante. Volta a volta e treino a treino, estou me sentindo melhor. Precisamos seguir trabalhando assim, pois acho que esse é o caminho para levar a moto ao topo”, disse Viñales. “De tarde, eu estava trabalhando com os pneus duro e médio. Precisamos entender como as especificações de pneus funcionam para nós, pois vai ser realmente quente no domingo, então precisamos saber o que podemos fazer. Mas a sensação é ótima com qualquer pneu. Também trabalhamos muito com o pneu dianteiro e a sensação é ótima ― melhor do que na semana passada. Com certeza, no domingo teremos outra discussão sobre os pneus, mas, de qualquer forma, me sinto confortável com a moto”, continuou.

“Acho que fizemos uma melhora em comparação com a semana passada. Acho que é um teste importante para nós, nunca corremos na mesma pista duas vezes seguidas. O mais importante é entender como melhorar na corrida”, defendeu.

O #46, que na semana passada ficou insatisfeito com a atuação, citou uma grande melhora na performance, mas deixou claro que ainda quer mais.

“Foi uma sexta-feira positiva, porque mudamos alguma coisa no acerto da moto, e eu me sinto melhor. Me sinto mais confortável, posso pilotar de uma maneira melhor e melhorei o meu ritmo, então esta manhã foi muito boa. De tarde, com as temperaturas mais elevadas, eu sofri um pouco mais. Mas, de qualquer forma, não foi tão ruim. Consegui manter um bom ritmo também com pneus usados”, explicou Valentino. “Não é fácil, porque têm muitos pilotos que são muito rápidos, mas nosso ritmo não é ruim. Como sempre, amanhã de manhã será crucial. Será muito importante encontrar o momento certo para fazer o tempo de volta para ficar no top-10”, apontou.

“Me sinto melhor com a moto em comparação com a semana passada. Temos de trabalhar, pois não estou fantástico em algumas curvas. Mas, de qualquer forma, foi um dia positivo”, resumiu.

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