Na Garagem: ‘Galvão’ da F1 na Inglaterra, Murray Walker anuncia aposentadoria

Se, para os brasileiros, Galvão Bueno é a “voz da F1”, a identificação dos ingleses com um narrador era ainda maior: Murray Walker foi, por cinco décadas, o responsável por transmitir as corridas da categoria no Reino Unido.

 

A história de Murray no microfone começou a terminar há exatos 15 anos, em 11 de dezembro de 2000, quando ele anunciou que se aposentaria ao final do campeonato de 2001.

 

Antes mesmo da F1 surgir em 1950, Murray já narrava corridas no rádio na Inglaterra. E, com o passar dos anos, foi ficando cada vez mais ligado à F1. Sua notoriedade disparou no final da década de 1970 e principalmente nos anos 1980, com a transmissão das provas na TV se popularizando na BBC.

Na época, formava uma famosa dupla com James Hunt — com quem demorou um bom tempo para começar a se entender. Os dois, com seus estilos de vida e de trabalho completamente diferentes, não se bicavam. Pior: dividiam um único microfone. A parceria durou até a precoce morte do campeão mundial, aos 45 anos, em 1993.

 

Murray seguiu na BBC até 1996. No ano seguinte, foi junto dos direitos de transmissão da F1 para a ITV, e seguiu lá até se aposentar em 2001. A despedida aconteceu em Indianápolis, na penúltima etapa:

 

Walker ficou conhecido pelo tom de voz sempre animado, descrevendo os lances com emoção e simplicidade. E, além disso, pelo o que os britânicos chamam de ‘Murrayisms’ — gafes que ele frequentemente cometia.



Dentre elas, destacam-se:

 

“Tem um Escort em primeiro, um em segundo e outro em terceiro. O que não é uma surpresa porque esta é uma corrida só com carros Escort!” 

 

“Há sete vencedores do GP de Mônaco no grid hoje, e quatro deles são Michael Schumacher”

 

“Essa vai ser a primeira vitória da Williams desde a última corrida que a Williams ganhou”

 

“O carro que está na liderança é absolutamente único, exceto pelo que está atrás, que é idêntico”

 

“Tudo pode acontecer no automobilismo, e normalmente acontece”

 

“Este é um circuito interessante, pois ele tem inclinações não só para cima, mas para baixo também”

 

“A não ser que eu esteja muito enganado… E eu estou muito enganado!”

 

Hoje em dia, Walker, aos 92 anos, segue fazendo aparições esporádicas em programas de TV em entrevistas e com comentários a respeito da F1.