Retrospectiva 2020: Ducati erra dentro e fora das pistas e desperdiça chance de glórias

Sem Marc Márquez no grid, a Ducati tinha uma grande chance de repetir os bons anos anteriores e brigar pelo título. Mas erros dentro e fora das pistas mudaram o curso das coisas para pior ao longo da modificada temporada da MotoGP em 2020

A temporada 2020 da MotoGP, assim como de outras categorias do esporte a motor, não foi nada normal por conta da pandemia de Covid-19. Por outras razões, o ano da Ducati foi ainda mais caótico, dentro e fora das pistas. Mesmo assim, estranhamente terminou com um amargo título de Construtores.

Se olharmos a tabela, especialmente de Construtores, a Ducati aparece em primeiro, é verdade. No Mundial de Pilotos, porém, apenas dois pilotos entre os dez melhores, com Andrea Dovizioso em quarto e Jack Miller em sétimo. Os problemas ficam ainda mais latentes no campeonato de equipes, com a equipe de fábrica em quarto, seguida pela Pramac.

A Desmosedici GP 20 nunca se mostrou a melhor moto do grid, apesar de começar o ano com favoritismo ao lado de Marc Márquez — importante ressaltar o piloto, pois ele supera as expectativas do próprio time —, mas em muitos momentos andou atrás de Johann Zarco, da Avintia, com a Desmosedici GP 19, do ano passado. Fechar com duas apenas vitórias, na Áustria e na França, mostra quão sofrido foi o ano da Ducati nas pistas.

Ducati celebrou título de Construtores em Portugal (Foto: Ducati)

Ao longo do ano, muitas queixas sobre a moto e a interação entre o pneu traseiro da Michelin e o protótipo 1000cc. Logo, uma oportunidade desperdiçada pela montadora italiana de maneira besta.

E nem deveria ser tão complicado, convenhamos. Na primeira corrida do ano, no GP da Espanha, Marc Márquez caiu e se lesionou. Saiu zerado e com o risco de perder mais uma ou duas provas. Enquanto isso, Andrea Dovizioso subiu ao pódio em terceiro, acompanhando as surpreendentes Yamahas de Fabio Quartararo e Maverick Viñales. O problema é que, após essa etapa, o italiano voltaria ao pódio apenas uma única vez — no GP da Áustria, quando subiu ao lugar mais alto, como a montadora italiana conseguiu em anos anteriores. Depois, nada mais.

Danilo Petrucci, outro piloto da equipe de fábrica, terminou no top-10 apenas quatro vezes em 14 ocasiões. Uma delas, foi na surpreendente vitória no GP da França. Seu segundo melhor resultado durante o ano foi o sétimo na Áustria, uma pista que a Ducati tradicionalmente domina e briga por pódios.

Por isso, não é estranho notar que o piloto Ducati com mais pódios em 2020 foi da Pramac: Jack Miller ficou quatro vezes no top-3, apesar de nenhuma vitória, e terminou o ano em alta antes de sua mudança para a equipe de fábrica. Porque, sim, os bastidores também agitaram muito o mundo da montadora italiana ao longo de toda a temporada.

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Jack Miller vai para a Ducati em 2021 após bons resultados na Pramac (Foto: Red Bull Content Pool)

Trabalhar em lugar que ninguém está contente é um problema. Antes mesmo da temporada começar, Danilo Petrucci já tinha sido informado de que não continuaria para 2021. Por isso, teve tempo de se acertar com a Tech3 e vai andar com a surpreendente KTM no próximo ano. Dovizioso, porém, não teve a mesma sorte.

O experiente piloto italiano parecia próximo da renovação, mas a Ducati o enrolou. E muito. Logo, em pouco tempo, a relação se desgastou e Dovizoso desistiu de seguir negociando em agosto. Desde então, não encontrou vaga no grid para a temporada 2021 e já cogita tirar um ano sabático.

Para o próximo ano, a Ducati subiu a dupla da Pramac para o time de fábrica, com Jack Miller e Francesco Bagnaia. A equipe satélite terá Johann Zarco e o novato Jorge Martín, enquanto a Avintia contará com os estreantes Enea Bastianini e Luca Marini. Mas, apesar de intensas mudanças, não vai ser fácil mudar a bagunça feita pela montadora em 2020, dentro e fora das pistas.

Para sonhar com mais do que o título de Construtores, é preciso evoluir a Desmosedici, mas o normal é que pedras ainda estejam no caminho e que os tropeços atrapalhem os pilotos em um estágio inicial. Capacidade de alcançar voos altos, a Ducati possui, precisa apenas deixar de se atrapalhar sozinha.

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