GUIA 2024: Antonelli rouba holofotes na F2, mas pressão repentina pode atrapalhar estreia

Andrea Kimi Antonelli é o piloto que mais gera curiosidade, mas a pressão, ainda que velada, para mostrar serviço já no ano de estreia na Fórmula 2 para impressionar a Mercedes pode custar caro

De todos os 22 pilotos que estarão no grid da Fórmula 2 na temporada 2024, nenhum teve o nome tão em evidência nas últimas semanas como Andrea Kimi Antonelli. E se a estreia na classe já despertava natural curiosidade pelo currículo de títulos conquistados por onde passou, a decisão da Mercedes de fazê-lo pular a Fórmula 3 acabou, do dia para a noite, transformando o jovem de apenas 17 anos em sério candidato à vaga de ninguém menos que Lewis Hamilton na Fórmula 1 em 2025.

É preciso dizer que o simples movimento de jogar Antonelli da FRECA direto na F2 já indicava pressa do lado de Brackley, e ainda que não admita claramente, Toto Wolff olha para Kimi com muito mais seriedade do que talvez muitos acreditem. A questão, por mais óbvia que seja, é que o novato terá realmente de provar na F2 que é o melhor nome para fechar o duo da Mercedes com George Russell a curto prazo.

E esse não será um caminho fácil, muito pelo contrário. Há, claro, o fato de 2024 ter uma nova geração de carros, o que deve trazer mais equilíbrio por conta da nova forma de entender o trabalho de downforce para otimizar a aerodinâmica. Esse ponto, de certa forma, coloca Antonelli no mesmo patamar, por exemplo, do seu companheiro de equipe, Oliver Bearman, que vai para o seu segundo ano na categoria. Mesmo assim, os testes coletivos, por mais indutivos que sejam, mostraram que a distância entre os dois não está tão grande, com Kimi terminando na frente em várias sessões.

Outra vantagem para Antonelli é ter toda a estrutura da Prema ao seu dispor. Potência da base, o time italiano vem investindo forte em softwares para atender o duo que estará na F2 da melhor forma possível, trabalhando alinhada com a mesma empresa que desenvolveu o simulador da Ferrari. Ou seja: mesmo com os olhares voltados para si, o desenho que se formara era de uma temporada de estreia para brigar com segurança pelo título de novato do ano, ao menos.

Só se fala de Andrea Kimi Antonelli em 2024 (Foto: F2)

Ainda deve ser esse o caminho, a não ser que Kimi realmente se revele um fenômeno que não se vê desde Max Verstappen. Só que além da natural inexperiência e necessidade de adaptação pela qual todos os novatos passam, há dois fatores que podem representar obstáculos na tentativa de impressionar Wolff e companhia já em 2024.

Um deles, na verdade, foi provocado pela própria Mercedes: ignorar o grande ‘Enem’ que costuma ser a F3, com seu robusto grid de 30 carros. Apesar da similaridade de peso, os carros da Fórmula 3 são mais potentes, o que naturalmente exige mais da parte física dos pilotos, além de ajudar no aprimoramento do lado técnico da pilotagem. Muitos que estarão no grid da F3 esse ano estarão em suas segundas temporadas ou mais, o que também eleva o nível dos adversários pela experiência adquirida.

A distância da FRECA para a F2 é muito maior, sobretudo com o trabalho de aerodinâmica agora direcionado para a parte de baixo do carro, aproximando-o ao da F1. O equipamento é bem mais pesado, porém a proposta de ser um bólido que oferece uma melhor adaptação a qualquer tipo de piloto não deve deixar Antonelli em desvantagem, pelo contrário. A questão aqui será mesmo os adversários a serem encarados, muito mais experientes mesmo os também estreantes, pois são todos oriundos da F3.

O segundo fator, todavia, vai exigir muito mais por envolver o lado mental: a pressão, ainda que velada, na corrida para ver quem será o substituto de Hamilton na Mercedes em 2025. Os planos do time chefiado por Toto Wolff eram claramente preparar o pupilo para uma subida em 2026, ainda que não necessariamente para ser o companheiro de equipe de Russell. Mas se a intenção é mesmo ter Antonelli em um dos carros, por que não promover logo a troca?

Essa é uma resposta que só será dada a partir deste fim de semana, com a realização da primeira rodada da temporada, no Bahrein, mas verdade seja dita: qualquer resultado a partir de agora que não seja Antonelli brigando constantemente pelo pódio vai jogar um balde de água fria em todo o frenesi criado em torno do rapaz.

No fim das contas, é uma pena que a estreia de Antonelli, que merecidamente ganhou chance na F2 já em 2024, seja encarada como ‘ou vai ou racha’. E isso, de certa forma, não deixa de ser injusto, mas é o preço que será cobrado à Mercedes por atropelar fases.

A Fórmula 2 retorna às pistas neste fim de semana, com a abertura da temporada 2024 no Bahrein, entre os dias 29 de fevereiro e 2 de março.

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