Às vésperas do GP do Bahrein, Anistia Internacional divulga relatório e aponta violação permanente dos direitos humanos

A Anistia Internacional divulgou nesta quinta-feira (16) um extenso relatório sobe a situação no Bahrein. ONG ressalta que, apesar das promessas feitas pelas autoridades locais, os direitos humanos seguem sendo violados

A F1 já deixou claro que não quer se envolver nos problemas políticos e sociais do Bahrein, mas nem por isso a passagem do Mundial pela pista de Sakhir deixa de ser uma oportunidade para os defensores dos direitos humanos se manifestarem.
 
Nesta quinta-feira (16), a Anistia Internacional divulgou um extenso relatório onde detalha “violentos abusos” contra ativistas pacíficos e críticos do governo, apesar das promessas feiras pelas autoridades locais de respeitar os direitos humanos.
 
O relatório chamado de “Behind the Rhetoric: Human rights abuses in Bahrain continue unabated” (Por trás da retórica: abusos de direitos humanos no Bahrein continuam sem diminuir, em tradução livre), aponta que as autoridades do Bahrein não cumpriram as reformas sociais necessárias para pôr fim à repressão do Estado.
Protestos no Bahrein são frequentes desde 2011 (Foto: Divulgação)
Desde o início de 2011, o Bahrein convive com manifestações por parte dos xiitas, que representam 70% da população do país, contra o regime do rei Hamad bin Isa Al-Khalifa. Os manifestantes, embalados pela Primavera Árabe, cobram reformas políticas e sociais.
 
“Poucos darão conta, ao olhar para o GP do Bahrein este fim de semana, que a imagem internacional que as autoridades do país tentam projetar, de um Estado progressista e reformador, empenhado no respeito e cumprimento dos direitos humanos, não é mais do que uma máscara que esconde a sinistra realidade”, afirmou Said Boumedouha , vice-diretor do Programa do Oriente Médio e do Norte da África da Anistia Internacional.
 
“Quatro anos se passaram desde a revolta que abalou o Bahrein, a repressão é generalizada, e os abusos violentos continuam a ser cometidos por parte das forças de segurança”, explicou Boumedouha. “As autoridades do Bahrein têm de dar provas concretas de que as promessas de reformas que fizeram são mais do que uma retórica vã”, defendeu.
 
De acordo com a Anistia Internacional, as autoridades locais continuam reprimindo os dissidentes, prendendo ativistas pacíficos e críticos do regime. Além disso, todos os protestos públicos estão proibidos em Manama há dois anos e os que são realizados fora da capital, são reprimidos com gás lacrimogêneo e tiros de espingardas de caça aos pássaros.
 
O relatório da ONG traz depoimentos de manifestantes presos e vítimas de violência por parte das forças policiais do Bahrein. Alguns alegam terem sido brutalmente espancados, inclusive acusando a polícia de agredi-los com o uso de um martelo.
 
“O novo relatório da Amnistia Internacional dá conta de dezenas de casos de detidos brutalmente espancados, privados do sono, recebendo alimentação inadequada, queimados com cigarros, agredidos sexualmente, eletrocutados até nos órgãos genitais e queimados com ferros incandescentes. Uma destas testemunhas descreveu ter sido violado com a inserção de um cano plástico no ânus”, diz o relatório.
 
“Todas estas denúncias de tortura e violência que constam do relatório mostram bem como pouco mudou desde 2011. A brutalidade continua a ser cunho da conduta das forças de segurança do Bahrein”, criticou Boumedouha. “As autoridades têm de agir prontamente para eliminarem a impunidade entrincheirada há anos, de forma a pôr fim de uma vez por todas à espiral de abusos no Bahrein”, frisou.
 
Ainda, o relatório da ONG afirma que a criação de novas instituições de direitos humanos — atendendo a recomendação da Comissão Independente de Inquérito do Bahrein, formada para investigar a repressão violenta aos protestos de 2011 — tiveram pouco impacto, uma vez que esses organismos não são suficientemente independentes, imparciais e transparentes. 
 
“As esperanças que existiam de que a Comissão traria uma mudança real já desvaneceram por completo. As autoridades do Bahrein têm de acabar com esta fachada de que aprenderam com os seus erros do passado, e agir imediatamente para garantir que as reformas que façam são significativas e que cumprem as suas obrigações em matéria de direitos humanos”, sublinhou Boumedouha.
 
O estudo da Anistia Internacional aponta que ativistas e líderes políticos são presos sob acusação de “incitamento ao ódio contra o governo” ou “ameaça de golpe”. O Bahrein também colocou em vigor leis que restringem a liberdade de associação política e que permitem às autoridades governamentais fecharem essas organizações.
Passagem da F1 pelo Bahrein sempre foi alvo de muuita polêmica (Foto: Getty Images)
“A ideia de que o Bahrein respeita a liberdade de expressão é uma pura ficção. Onde está a liberdade num país em que ativistas pacíficos, dissidentes e líderes da oposição são repetidamente intimidados e detidos arbitrariamente apenas por fazerem tweets em que expressam as suas opiniões ou lerem um poema e que, por isso, podem acabar na prisão?”, questionou Said. “As autoridades têm de libertar todas as pessoas que tenham sido detidas por simplesmente exercerem de forma pacífica o seu direito de liberdade de expressão”, urgiu.
 
Ainda segundo o relatório da AI, o “acesso de organizações internacionais de direitos humanos ao país, assim como de jornalistas estrangeiros, tem igualmente sido limitado nos anos recentes, no que aparenta ser um esforço concertado para impedir a análise da real situação de direitos humanos no Bahrein”.
 
O relatório termina com pedido da Anistia Internacional à comunidade internacional, em especial Reino Unido, Estados Unidos e governos da União Europeia, a pressionarem as autoridades do Bahrein para melhorem a situação dos direitos humanos.
 
“O governo do Bahrein tem de perceber que não pode continuar a contar com o apoio dos seus aliados se continuar a desrespeitar as suas mais básicas obrigações e compromissos internacionais em matéria de direitos humanos. As autoridades têm de iniciar rapidamente verdadeiras reformas de direitos humanos e garantir que as violações cometidas no passado não ficam impunes”, concluiu Boumedouha.
 
Nesta quinta-feira, porém, o jornal 'The Times', publicou que Bernie Ecclestone, dirigente máximo da F1, aprovou um documento em que compromete o esporte a reconhecer "os direitos humanos em todos os 20 países pelos quais a F1 passa ao redor do mundo".
 
Segundo a reportagem, o britânico de 84 anos decidiu mudar o rumo da história. O grupo que comanda a F1 confirmou que o campeonato "possui um compromisso em respeitar os direitos humanos internacionalmente reconhecidos em suas operações em todo o mundo".
 
"As novas diretrizes também significam que o esporte vai operar em regime de diligência prévia antes de aceitar novos países no calendário da F1", acrescentou a reportagem do diário inglês. Ou seja, o Mundial se comprometeu a verificar todas as questões sociopolíticas antes de fechar os contratos para a realização de um GP.
GUERRA À VISTA?

Se depois do GP da Malásia, palco da surpreendente e brilhante vitória de Sebastian Vettel, a Mercedes ligou o sinal de alerta por conta da proximidade da Ferrari, a etapa chinesa do domingo passado trouxe preocupações maiores aos alemães mesmo com a dobradinha. Agora, a esquadra prateada terá de lidar com um novo capítulo da rivalidade entre seus dois pilotos. E o primeiro embate entre a dupla está marcado para este fim de semana, na corrida do Bahrein, a quarta da temporada.

SURPRESA À VISTA?

A Indy parte para a terceira etapa da temporada em um dos seus palcos mais tradicionais. Neste final de semana, Long Beach verá a Ganassi tentando quebrar um jejum de vitórias de cinco anos na pista, enquanto a Penske busca apenas o segundo triunfo nas últimas 14 edições, marcas que mostram o quanto a prova californiana costuma ser imprevisível. Trata-se do primeiro grande desafio para a Penske provar que a supremacia apresentada em St. Pete não foi momentânea.

DUELO À VISTA?

Ao contrário do que aconteceu em 2014, quando a diferença entre Honda e Yamaha era maior no início do ano, hoje os dois times começaram mais próximos e com Valentino Rossi em grande forma. A prova de Austin foi um exemplo disso. Com a YZR-M1 mais próxima da RC213V, Valentino Rossi consegue brigar com Marc Márquez mais facilmente, mas, agora, a disputa que antes envolvia os quatro fantásticos — #93, #46, #26 e #99 — hoje tem também a presença da Ducati.

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