Aston Martin “deixou claro” que queria Vettel em 2023, mas “respeita” aposentadoria

Lawrence Stroll e Mike Krack trabalharam em prol da manutenção do tetracampeão mundial na equipe - mas, mesmo sem sucesso na tentativa, reconheceram sentimento de respeito pela decisão de aposentadoria

VETTEL ANUNCIA APOSENTADORIA DA FÓRMULA 1 AO FIM DE 2022

A Aston Martin bem que tentou fazer Sebastian Vettel permanecer não só na Fórmula 1, como na equipe – mas a torcida pelo ‘fico’ do tetracampeão mundial chegou ao fim nesta quinta-feira (28), quando o alemão oficializou sua aposentadoria da principal categoria do automobilismo do mundo.

Na nota emitida pelo time de Silverstone, o dono Lawrence Stroll reiterou o que todos já sabiam: a Aston Martin trabalhou em prol disso e externou publicamente o desejo de contar com Vettel em 2023. Mesmo sem sucesso na tentativa, não há mágoa, entretanto: e, sim, um sentimento de respeito pela decisão tomada pelo futuro ex-piloto.

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“Quero agradecer Sebastian do fundo do meu coração pelo grande trabalho que ele fez pela Aston Martin no último ano e meio. Deixamos claro para ele que gostaríamos que ele continuasse com a gente no próximo ano, mas, no fim, ele fez o que achava certo para ele e a família dele, e, claro, respeitamos isso”, afirmou Lawrence Stroll.

Lawrence Stroll admitiu que Aston Martin desejava permanência de Vettel (Foto: Aston Martin)

“Ele guiou algumas corridas fantásticas para nós e, nos bastidores, a experiência dele e o conhecimento dos nossos engenheiros foram extremamente valiosos. Ele é um dos melhores de todos os tempos da Fórmula 1, e foi um privilégio trabalhar com ele. Continuará correndo conosco até o GP de Abu Dhabi de 2022, que será o 300º GP dele. Vamos dar a ele uma despedida incrível”, assegurou o chefão da Aston.

Chefe de equipe, Mike Krack destacou as qualidades do alemão e disse que o legado de Vettel no time irá perdurar por muito tempo.

“Sebastian é um super piloto — rápido, inteligente e estratégico — e, claro, vamos sentir falta dessas qualidades. No entanto, nós todos aprendemos com ele e esse conhecimento que ganhamos graças ao trabalho com ele vai continuar beneficiando a equipe muito depois da aposentadoria dele”, ponderou. “A Aston Martin é um grande projeto, com potencial ilimitado e o trabalho de base que Sebastian fez no ano passado e ainda está fazendo este ano, é crucial”, reconheceu.

Mike Krack é o chefe da Aston Martin, cargo que assume desde o início da F1 2022 (Foto: Aston Martin)

A carreira de Vettel

Por mais que não tenha sido um dos principais pilotos do grid na ‘Era Drive to Survive’, que trouxe tantos novos fãs ao Mundial, a carreira de Vettel é uma das mais impressionantes de todos os tempos nos mais de 70 anos de F1.

Desde que entrou no grid e estreou no GP dos Estados Unidos de 2007, já na parte final da temporada, então com 20 anos, Vettel disputou 289 corridas e terá mais 11 pela frente. Assim, chegará aos 300 GPs. Neste período, venceu 53 corridas, foi a 122 pódios, anotou 57 poles e conquistou quatro títulos mundiais. Números de um peso-pesado histórico.

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Sebastian está empatado com Alain Prost como tetracampeão mundial, atrás apenas de outros três pilotos com mais conquistas; é o mais jovem da história a fazer pole e vitória no mesmo fim de semana (21 anos e 73 dias, GP da Itália de 2008) e o mais jovem da história a fazer pole, vitória e volta mais rápida (21 anos e 353 dias, GP da Inglaterra de 2009). É, junto de Nigel Mansell em 1992, o piloto com mais vitórias partindo da pole num mesmo ano (nove, 2011). Vettel é o terceiro piloto com mais vitórias e voltas lideradas, o quarto com mais poles e o sétimo com mais corridas da história.

Apesar do começo na BMW, Vettel fez apenas oito corridas na temporada a primeira cedido pela Red Bull, mas as outras sete já na Toro Rosso. No ano seguinte, 2008, começou nos quadros do time B dos energéticos e brilhou. Mesmo com muitos abandonos no fim do ano, soube trabalhar para colocar a equipe nos trilhos e fazer uma segunda metade do ano mágica, com direito a vencer o GP da Itália, com pole e tudo.

Vettel marcou aposentadoria para fim do ano (Foto: Aston Martin)

A Red Bull era o destino óbvio, e assim foi para 2009. Foi quando tudo mudou para si e para a equipe dos energéticos, que deu salto imponente no grid e deixou as gigantes Ferrari e McLaren para trás. O título não veio por conta do fenômeno Brawn GP, mas a Red Bull estava bem posicionada. Vettel foi vice-campeão mundial e surgiu favorito para 2010.

Aí, sim, começou um dos momentos mais dominantes de qualquer piloto na história da F1. No ano em que completaria apenas 24 de idade, Vettel soube como brigar. Com cinco vitórias no ano, incluindo em três das quatro últimas corridas, bateu Fernando Alonso por pouco para conquistar o título mundial Vettel. Dominou em 2011 para ser bi e teve novamente de lidar com Alonso pelo tri, em 2012. Em 2013 não houve disputa: Vettel foi tetra e ainda fechou a temporada com nove vitórias seguidas – dez nas últimas 11, 11 em 13 e 15 vitórias ao todo.

Com a chegada da ‘Era Híbrida’, em 2014, a ordem de forças mudou e a ascensão da Mercedes foi meteórica, com o domínio de Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Vettel parecia desanimado durante o ano e, em outubro, definiu que iria para a Ferrari no ano seguinte. Durante os seis anos que se seguiram, defendeu a cor vermelha.

Logo em 2015, quando a Ferrari passava por uma reconstrução após as saídas de Luca di Montezemolo, Stefano Domenicali e Alonso, Vettel venceu três vezes. A partir de 2017, as coisas mudaram. A Ferrari saltou e se colocou em condições de desafiar a Mercedes, com Vettel começando os campeonatos de 2017 e 2018 de maneira muito forte e liderando por vários momentos sobretudo na metade inicial daqueles anos. Os dois campeonatos têm lances importantes que demarcam a saída de Sebastian da briga: o acidente com Max Verstappen na largada do GP de Singapura de 2017 e a escapada da pista no GP da Alemanha de 2018. Hamilton levou a melhor nos dois casos.

Sebastian Vettel passou seis temporadas na Ferrari e se tornou o terceiro maior vencedor de GPs da marca (Foto: Ferrari Media)

Após o erro na Alemanha, que veio justamente depois de uma vitória na Inglaterra, onde Hamilton sempre reinou, Vettel não se recuperou. O fim daquela temporada foi ruim, enquanto Charles Leclerc chegou no ano seguinte e se tornou rapidamente o queridinho da equipe, que novamente mudara de chefe e presidente, com a saída de Maurizio Arrivabene e o afastamento e morte de Sergio Marchionne. Mesmo sem o sonhado título, Vettel venceu 14 corridas pela Ferrari – o que coloca o alemão atrás somente de Michael Schumacher e Niki Lauda.

A saída foi anunciada para o fim de 2020, mas ainda antes do campeonato começar. A Aston Martin, que retornava à F1 como marca após de quase 60 anos, aproveitou e assinou com Vettel. No primeiro ano, o tetracampeão foi ao segundo lugar no GP do Azerbaijão e alcançou o mesmo resultado na Hungria, mas, nesta segunda, foi desclassificado por uma infração técnica relacionada à quantidade de combustível entregue na inspeção. Um problema da equipe. A expectativa era ter um time mais forte em 2022, mas não aconteceu. A Aston Martin regrediu e pensa em como sair das últimas posições neste ano e nos próximos. Algo difícil mesmo com os planos ousados, com direito a nova fábrica e túnel de vento, mais funcionários e a tradição da marca.

Uma carreira nada menos que gloriosa, de maneira inegável. Avesso às redes sociais, nos últimos anos, Vettel aumentou a maneira como tratava questões sociais, sempre nos circuitos, aproveitando a plataforma da F1. Neste período, defendeu questões climáticas e a defesa das abelhas, espécie que sofre ameaça global de extinção – algo que mudaria o ecossistema do planeta, já que são as responsáveis pela polinização -, pelos direitos da comunidade LGBTQIA+ e antiguerra após a invasão da Rússia na Ucrânia, além do antirracismo. Agora, terá mais tempo para tratar de outros assuntos.

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