Brabham, De Cesaris e Luciano do Valle fazem parte de lista de mortes que marcaram automobilismo em 2014

O desdobramento do acidente nos últimos dias de 2013 e a recuperação de Michael Schumacher e o acidente e recuperação de Jules Bianchi, acidentado gravemente durante o GP do Japão, marcaram o ano no automobilismo. Mas 2014 contou com mortes importantes, como a do locutor Luciano do Valle, voz da Indy no Brasil, e a do três vezes campeão mundial de F1 Jack Brabham, aos 88 anos de idade

2014 é mais um ano que se encerra e deixa para trás uma contagem tão grande quanto desagradável de mortes no mundo do automobilismo. O ano que começou com a preocupação sobre a situação grave de Michael Schumacher e foi sacudido com a volta do medo da morte na F1 após o acidente grave de Jules Bianchi na curva 7 de Suzuka, durante o GP do Japão, após bater em cheio no trator que retirava o carro acidentado de Adrian Sutil.
 
Um ano após o acidente de esqui na estação de Méribel pouco se sabe sobre a situação de Schumacher, apenas que o maior campeão da F1 vive uma recuperação lenta e em sua casa, na Suíça. 
 
Já na situação de Bianchi, a situação não mudou desde que o piloto da Marussia foi transferido de Yokkaichi, no Japão, para o Centro Hospitalar de Nice, na França. Enquanto segue inconsciente, Jules respira sozinho e vai começar a passar por um processo agendado de fisioterapia. Felizmente, os dois não entraram para a lista de óbitos desta temporada, que inclui perdas marcantes.
 
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A F1 perdeu gente importante em 2014. Jack Brabham, três vezes campeão mundial e único piloto a vencer um título ao mesmo tempo guiando e como dono de equipe. Sir Jack tinha 88 anos de idade e morreu de causas naturais em sua casa em Gold Coast, na Austrália.
 
Outra despedida na F1 foi a de Andrea de Cesaris, 55, dono de 208 largadas na categoria e dois segundos lugares. De Cesaris esteve na categoria entre 1980 e 1994, quando se despediu substituindo o então lesionado Karl Wendlinger na Sauber. A morte do italiano aconteceu de forma trágica, após perder o controle de sua moto, uma Suzuka 600, em um acidente de trânsito numa estrada de Roma. O ex-piloto foi lançado contra um guard-rail e morreu na hora.
 
Quem também morreu em um acidente de trânsito foi Nigel Stepney, 56. O ex-chefe de mecânicos da Ferrari foi o pivô no escândalo de espionagem que abalou a F1 em 2007, quando entregou um dossiê a Mike Coughlan, da McLaren, com informações confidenciais sobre o projeto ferrarista. O imbróglio terminou numa multa de à época US$ 100 milhões – a maior já aplicada pela F1 – e na desclassificação da McLaren no Mundial de Construtores daquele ano. Antes, Stepney ainda esteve com a Lotus e a Benetton desde chegar à F1 na década de 1970. Na Ferrari, participou de sete títulos mundiais de Construtores e seis de Pilotos.
 
O pai de Jenson Button, John Button, também se foi. Figura excêntrica e sempre presente nos fins de semana de corrida, Button, 70, sofreu um infarto em sua casa na Riviera Francesa. A pré-temporada da McLaren ainda teve mais mortes: a dos funcionários Oliver Bourton e Darren Hayes, num acidente de carro próximo à sede da equipe em Woking.
 
Brian Hart, 77, engenheiro e construtor de motores para a F1, foi outro que morreu em 2014. Hart trabalhou com Ayrton Senna na Toleman e forneceu motores ainda para a Jordan, Footwork, Minardi e Arrows. O ex-piloto Al Pease, 92, único piloto desclassificado de uma prova da F1 por lentidão, é mais um na lista.
 
Dois executivos com envolvimento com a F1 recente faleceram: Christophe de Margerie, 63, presidente-executiva da petrolífera Total, que fornece combustível para Lotus e Red Bull e patrocina Romain Grosjean, foi uma das quatro vítimas de um acidente aéreo que aconteceu no aeroporto de Vnukovo, em Moscou. O jato corporativo do executivo acertou uma veículo de limpeza de neve que estava na pista.
 
Emilio Botín, responsável pela expansão internacional e por fazer o Banco Santander patrocinar o Mundial de F1, morreu aos 79 anos de idade de um infarto fulminante enquanto estava em Madrid.
 
Ainda na F1, marcaram o ano as mortes do policial barenita Abdel-Wahed Sayed Mohammed Faqeer – em um bombardeio nos protestos no vilarejo de Dair dois dias antes dos carros acelerarem para os testes de pré-temporada em Sakhir -, do empresário de Kimi Räikkönen e responsável por levar Button à F1 David Robertson, 70 – vítima de câncer de laringe -, e do responsável por roubar o protocolo médico de Michael Schumacher. O suspeito, que nunca teve seu nome divulgado, trabalhava na empresa de ambulâncias aéreas Rega e teria aproveitado o transporte de Schumacher para furtar o protocolo. Ele acabara de ser preso em Zurique. Horas depois foi encontrado enforcado e sem sinais vitais em um caso de suicídio.
Três vezes campeão mundial de F1, Jack Brabham morreu em 2014 aos 88 anos de idade (Foto: Getty Images)
O fundador e chefe da Russian Time, equipe que vencera a GP2 em 2013, Igor Mazepa, morreu vítima de trombose ainda em fevereiro. O russo tinha 40 anos de idade e já havia demonstrado interesse de levar seu time para a F1.
 
Uma das mortes mais lamentadas pelo público brasileiro em 2014 foi a do locutor esportivo Luciano do Valle, 66, responsável por trazer a Indy – e muitas outras modalidades esportivas – para a televisão brasileira e por narrar a categoria durante muitos anos. Nesse tempo, do Valle narrou corridas marcantes como a primeira vitória de Emerson Fittipaldi nas 500 Milhas de Indianápolis, em 1989, e a vitória de Tony Kanaan em 2013, sua última narração da Indy 500. O jornalista morreu após um sofrer um infarto voo para Minas Gerais, onde narraria a rodada de abertura do Campeonato Brasileiro de futebol pela Band.
 
Na ligação com a Indy, houve o óbito de Gary Bettenhausen, 72. O membro da família Bettenhausen, filho da lenda Tony Bettenhausen e irmão de Tony Jr. e Merle, Gary largou na Indy 500 por 21 vezes em 26 participações entre 1968 e 1994. Sua melhor colocação foi um terceiro lugar em 1980.
 
O mundo do rali também teve perdas em 2014. As primeiras vítimas foram os jornalistas argentinos Daniel Ambrosio, 51, e Agustín Mina, 20, da revista 'Super Rally', morreram em um acidente rodoviário em Tucumán, enquanto cobriam o Rali Dakar. Um dia depois o Dakar anunciou mais vítima fatal: Eric Palante, competidor entre as motos. O belga de 50 anos foi encontrado morto pelo caminhão vassoura da organização após não completar o estágio entre Chilecito e Tucumán, ambas na Argentina.
 
Ainda no rali, três espectadores – Iain Provan, Elizabeth Allan e Len Stern – morreram após serem atingidos num acidente no Rali Jim Clark, na Escócia. O evento valia pelo Campeonato Britânico de Rali, que ainda sofreria mais uma morte. O piloto Timothy Cathcart, 20, morreu ao ser atingido por um objeto externo durante o Ulster Rally, na Irlanda do Norte.
 
Importante nome da história da equipe de rali Kamaz, especialmente guiando caminhões, Ilgizar Mardeev morreu aos 56 anos em um acidente de quadriciclo. Seu momento mais brilhante como piloto foi o segundo lugar no Dakar em 2007.
 
O motociclismo brasileiro também teve vítimas fatais. Na Moto 1000, Emerson Hidalgo passou duas semanas no hospital antes de morrer em decorrência de ferimentos adquiridos em um acidente em Santa Cruz do Sul. Hidalgo, 41, colidiu com outro competidor e acabou batendo a cabeça no asfalto. Daniel Lenzi, 34, morreu após acidente em outro evento da Moto 1000. A colisão foi durante um treino livre, quando Lenzi tocou lateralmente o paulista Nick Iatauro e foi arremessado contra um guard-rail do autódromo de Curitiba. O piloto foi socorrido com vida, mas faleceu na chegada ao hospital nas cercanias.
 
No Fast 1000 GP, o Campeonato Nordeste de Motovelocidade, o piloto Léo Morais, 35, morreu após acidente na volta de aquecimento no autódromo Virgílio Távora, em Eusébio, na região metropolitana de Fortaleza. Morais perdeu o controle de sua moto e caiu, batendo a cabeça com violência contra o chão. A morte foi confirmada pouco após o piloto chegar a um hospital próximo.
 
O automobilismo brasileiro perdeu uma figura histórica marcante: Emílio Zambello, aos 88 anos de idade. O ítalo-brasileiro chegou a dividir pistas com Emerson e Wilson Fittipaldi e José Carlos Pace, chegando a vencer as 24 Horas de Interlagos de 1966. Zambello também foi presidente do Automóvel Clube Paulista, onde resgatou os 500 km de Interlagos, prova que completou 50 anos em 2007.
Luciano do Valle foi um dos grandes homens do esporte no Brasil (Foto: Reprodução/Band)
Mais uma morte que chocou o mundo do automobilismo em 2014 foi a de Kevin Ward Jr., de 20 anos de idade, após ser atropelado pelo campeão da Indy e três vezes campeão da Nascar, Tony Stewart, numa corrida em um oval de terra em Canandaigua, no estado de Nova York. Uma investigação conduzida pela polícia do Condado de Ontário, jurisdição da cidade de Canandaigua, concluiu que Stewart não teve intenção de atropelar Ward Jr. O caso foi até um júri popular designado pelo Condado de Ontário, que resolveu não indiciar criminalmente o experiente piloto.
 
Embora o personagem nunca tenha se envolvido com o automobilismo, a morte de Roberto Gómez Bolaños causou repercussão no mundo das pistas. O comediante de 85 anos de idade, criador e intérprete de personagens marcantes da televisão e da cultura popular latino-americana como Chaves e o Chapolin Colorado, morreu de causas naturais e logo causou comoção de Sergio Pérez, piloto da Force India e fã assumido do trabalho de Chespirito.
 
Assim, 2014 chega ao final marcado por perdas grandes. E preocupações ainda maiores com Schumacher e Bianchi. 
PAZ E AMOR

Ao GRANDE PRÊMIO, Nelsinho Piquet falou do ano cheio que viveu em 2014 e da adaptação às diferentes categorias que disputou nesta temporada. O brasileiro de 29 anos se disse um apaixonado por pilotar e que apenas procura um “ambiente em que possa se divertir, sem ficar estressado”

“A verdade é que quanto mais experiência você possui, melhor você consegue se adaptar a outros tipos de carros", declarou o piloto.

Leia a reportagem completa no GRANDE PRÊMIO.

O ÚLTIMO CAMPEÃO

Há um ano e meio, Jacques Villeneuve, o último piloto campeão pela Williams, mostrava-se bastante receoso quanto ao futuro do time. Hoje, o pensamento do canadense é diferente — ainda que ele fale da transformação da equipe com alguma cautela. Em entrevista exclusiva à REVISTA WARM UP, em julho de 2013, Villeneuve dissera que, “no momento em que uma equipe passa a ter pilotos pagantes, está acabado”. O pensamento do piloto é direto: ter bons pilotos é que atrai os bons patrocínios. Neste ano, com Felipe Massa se juntando a Valtteri Bottas, a equação mudou, e o campeão de 1997 avaliou a nova fase do time.

Leia a entrevista com Villeneuve na REVISTA WARM UP.

MELHORES DO ANO
 
E assim, como num passe de mágica, 2014 passou. Foi rápido mesmo. Se Vettel decepcionou, a Mercedes dominou e o medo de acidentes fatais voltou à F1; se a Ganassi não correspondeu e Will Power fez chegar o dia que parecia inalcançável; se Márquez deu mais um passou para construir uma dinastia; se Rubens Barrichello viveu sua redenção, tudo isso é sinal das marcas de 2014 no automobilismo. Para encerrar e reforçar o que aconteceu no ano, a REVISTA WARM UP volta a eleger os melhores do ano.

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