Calor que inglês não vê afeta Mercedes em Silverstone e reduz vantagem sobre Red Bull

A Racing Point se colocou veloz nesta quente sexta-feira em Silverstone, enquanto a Red Bull revelou um desempenho realmente promissor. Só que tudo pode mudar com o clima mais frio e aí a Mercedes é quem volta a comandar

A sexta-feira (31) de treinos livres em Silverstone chegou ao fim com um enorme ponto de interrogação — aliás, vários. Lance Stroll na frente, Alex Albon em segundo e Lewis Hamilton mais atrás? O que está acontecendo, afinal? De fato, o calorão presente em Northamptonshire, beirando os 35ºC, não foi normal e serviu para mostrar uma face bem mais interessante desse campeonato.

Pena que vai durar pouco: uma queda nas temperaturas deve alterar sensivelmente o cenário para o restante do fim de semana do GP da Inglaterra, a quarta temporada da F1 em 2020.

Lance Stroll comandou a sexta-feira de treinos do GP da Inglaterra (Foto: Racing Point)

Apesar dessa realidade mais encalorada, dá para dizer que, sim, a Racing Point é muito rápida. E Stroll silenciou, por ora, seus mais severos críticos. O canadense se achou nesse carro e imprimiu um ritmo genuíno, para liderar a segunda sessão, em 1min27s274. A marca veio em cima dos pneus mais macios levados pela Pirelli. Ainda assim, a performance mostrou que o RP20 tem ótimo ritmo nas rápidas curvas do circuito inglês. A ‘Mercedes rosa’ é tão competitiva que Nico Hülkenberg, que sentou hoje no cockpit, foi capaz de andar só 0s6 mais lento que Lance.

Quem surpreendeu mesmo foi Alex Albon. Igualmente calçado com os compostos vermelhos, o tailandês ficou a 0s090 do melhor tempo do dia. Mas foi também por causa de Albon que a sessão ganhou esse ar de dúvida. O piloto escapou na Stowe e foi bateu a 195 km/h na barreira de proteção da pista, danificando a lateral esquerda do RB16. A bandeira vermelha foi necessária para o regaste do carro. Alex nada sofreu, mas perdeu tempo de pista. Outros perderam a simulação de classificação, incluindo a Mercedes.

Max Verstappen trabalhou apenas em ritmo de corrida (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

Mas antes de falar dos líderes do campeonato, é importante aqui tentar entender um pouco mais dessa performance da Red Bull, que parece ser a equipe a enfrentar a Mercedes neste novo embate, com a Racing Point na cola.

A esquadra austríaca enfrentou problemas no circuito travado da Hungria, foi mal em trechos de baixa velocidade e, hoje, os dois pilotos também se queixaram que o carro estava saindo de frente nas partes mais lentas de Silverstone. Só que, nos setores mais velozes, esse manhoso RB16 foi muito bem, obrigada. O modelo criado pelos energéticos tem alguns detalhes aerodinâmicos que precisam de ajustes, mas o que se viu na pista inglesa foi promissor.

Mesmo que Max Verstappen não tenha feito a simulação de classificação – o holandês foi bloqueado por Romain Grosjean e desistiu de buscar uma volta única. Tão atrapalhado que não segurou os impropérios no rádio que fez até a F1 silenciar –, o ritmo de corrida apresentando pelo rapaz foi muito sólido. Inclusive, uma performance reconhecida até pelos rivais. Na parte final da sessão, Valtteri Bottas chegou a dizer no rádio que Max tinha o mesmo desempenho da Mercedes. E é verdade. Durante cerca de 7 ou 8 voltas, os dois viraram o mesmo tempo, na casa de 1min31s8, usando os pneus médios.

Lewis Hamilton foi modesto na sexta-feira. Fechou o dia apenas com o quinto lugar (Foto: Mercedes)

Resta saber agora qual será o peso das altas temperaturas numa comparação com a Mercedes – que gosta mais do frio. De qualquer maneira, já é razoável pensar que Verstappen terá a chance, no domingo, de incomodar os carros pretos um pouco mais. Fica faltando, no entanto, conhecer a performance em classificação. Tudo indica que a Red Bull está no páreo.

A Mercedes agora. Bem, a equipe alemã viveu um dia de trabalho intenso e foi surpreendente não vê-la nas primeiras posições da tabela. Os engenheiros optaram por concentrar na performance de corrida. Nisso, o time se dedicou à análise do pacote aerodinâmico e tentou buscar soluções para o calor excessivo, que parece ainda ser um temor. Os dois pilotos reclamaram dos compostos macios, sendo que Hamilton sequer foi para o ensaio de classificação. Isso fica para amanhã.

Em ritmo de corrida, Bottas se apresentou melhor. Ainda assim, os hexacampeões apostam as fichas em um desempenho mais imponente com o clima mais frio. A previsão é de que a temperatura sofra uma queda de 15ºC.

“Parece que não temos a mesma vantagem de ritmo que tivemos em Budapeste”, admitiu Andrew Shovlin, diretor de pista da Mercedes. “Em particular, a Red Bull está muito próxima nas simulações de corrida. Para nós, parece que não há nada de errado com o carro, é o mesmo pacote aerodinâmico básico, então acho que não nos adaptamos às condições muito quentes que tivemos hoje. Esta máquina é competitiva, especialmente dentro de certas condições”.

Portanto, a Red Bull parece ter dado realmente um passo à frente e vai bem nos trechos de alta velocidade. Mas o clima frio é um elemento de peso neste fim de semana e joga a favor da Mercedes.

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