Caterham entende que situação econômica da F1 nunca foi tão ruim: “Todo mundo está sofrendo”

Cyril Abiteboul, chefe de equipe da Caterham, entende que a situação econômica atual da F1 é crítica e destacou que apenas a Red Bull vem conseguindo se sobressair no esporte. Por sua vez, Ross Brawn, comandante da Mercedes, discorda e diz que a categoria ainda é atraente

A Europa, continente-base da F1, vive uma crise econômica sem precedentes. Altas taxas de desemprego impedem o desenvolvimento de países outrora prósperos, como Espanha, França, Portugal e Itália. A Grécia, por sua vez, vive às margens da bancarrota. Claro que uma situação de tal porte acaba respingando na F1. Tanto que, para amenizar o problema, a categoria começou a viver um processo de ‘orientalização’, levando várias provas para o continente asiático, e assim, recebendo os petrodólares necessários para manter o espetáculo do Mundial.

Contudo, mesmo com todo o dinheiro que a F1 recebe da Ásia, por exemplo, a crise chegou ao certame mais tradicional e popular do automobilismo mundial. Os reflexos disso foram vistos com maior clareza na temporada passada, quando a HRT, sem recursos, fechou as portas. O GP da América, prova que seria realizada em Nova Jersey, também não vai acontecer neste ano, reduzindo para 19 o número de corridas na temporada, já que nenhum outro circuito consegue reunir as altas cifras pedidas pelo chefão da F1 e responsável pelos direitos comerciais da categoria, Bernie Ecclestone.

F1 começa a sofrer com os efeitos da crise econômica no continente europeu (Foto: Getty Images)

Na visão de Cyril Abiteboul, chefe de equipe da Caterham, a situação é gravíssima. “Acho que a situação econômica [da F1] nunca foi tão ruim para todos nós”, disse o jovem francês, de 35 anos, à revista britânica ‘Autosport’.

O comandante da Caterham destacou um time que vê como oásis em um deserto de crise econômica. “Acho que há apenas uma equipe que tem sido capaz de fazer um trabalho incrível, tanto na pista quanto sob uma perspectiva comercial, que é a Red Bull. Mas eles tiveram o luxo de ter um sócio que os ajudou desde o início sem grandes patrocinadores. Acho que todo mundo está sofrendo”, alertou.

A opinião de Ross Brawn, chefe da equipe da Mercedes, que, ao contrário da Caterham, é uma das mais ricas do grid, é discordante. Embora entenda que o momento não é dos melhores, o dirigente britânico acredita que a F1 ainda é um esporte atraente para investidores e novos patrocinadores, dando como exemplo o que aconteceu recentemente com seu próprio time.

“Acho que nós somos afetados pelos ciclos na economia mundial. Não podemos ignorar isso. Há muito otimismo e um trabalho proativo para tentar conter custos na F1. Este é um debate constante no sentido de a F1 analisar as melhores formas de fazer isso, mas acho que nós estamos encontrando sinais muito positivos”, avaliou.

“Nós temos a Blackberry, que se uniu a nós como parceira, e há outras pessoas se unindo à F1 porque eles podem enxergar o valor disso. É uma luta constante”, disse Brawn. Sua equipe não poupou dinheiro e investiu US$ 100 milhões para contratar Lewis Hamilton para três temporadas.

Hamilton questionou a ausência de Kovalainen e a presença maciça de pilotos pagantes (Foto: Getty Images)

Entretanto, mesmo com os altos custos, o chefão da Mercedes diz que a luta é para reduzir custos, algo que a antiga FOTA — associação das equipes da F1 — tentou nos últimos anos, mas não logrou êxito. “Nós nunca podemos nos acomodar e dizer que está tudo bem. Nós sempre estamos trabalhando para conter custos, melhorar a qualidade da F1 e torna-la mais atraente para nossos parceiros e patrocinadores. E esta é uma luta constante”, frisou, traçando um paralelo com a história da categoria.

“Nos 30 anos ou mais em que estou envolvido na F1, nunca houve muita diferença, para ser sincero. Sempre houve um ou dois times no fundão, que pelejam para conseguir cumprir seus orçamentos. Isso é cíclico, mas ainda existe um núcleo muito forte na F1”, considerou Brawn.

Hamilton questionou outra situação muito discutida nos dias atuais: a presença cada vez mais maciça dos pilotos pagantes no grid. Na visão do britânico, ver jovens pilotos endinheirados correndo na F1 e ter um competidor como Heikki Kovalainen, seu companheiro de equipe na McLaren entre 2008 e 2009, é triste para a categoria. “Outro dia, quando estava vindo para cá, fiquei pensando em como é uma pena não ter Heikki aqui. Definitivamente, há outras pessoas que agora têm suas vagas. Acho que os que lhe deram as vagas são loucos para pensar que eles são melhores do que Heikki”, lamentou.

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