Coluna Rookie Text, por Douglas Borges: Colégio F1

Qualquer exercício de imaginação – não levem na maldade – se torna mais interessante que debater o fim do ano da F1

Melancolia. Fim de feira, de festa. A última semana de aula, em que o moleque só vai para a escola porque o pai o obriga. É isso, o final da temporada de 2013 da F1. Ninguém mais liga para o que se passa na pista. Podemos disfarçar, falar de recordes, de despedidas, do fato do GP ser em terra brasilis. Mas o clima de fim de feira é algo inegável – e que nos acompanha desde a Coreia, convenhamos.

O moleque indo para a escola equivale às escuderias indo vindo para o Brasil disputar uma corrida ou algo do tipo, porque a mamãe FIA obriga. Contratos e contratos. Se dependesse dos times, todos já teriam se recolhido às fábricas há tempo, planejando tudo para 2014, com a promessa de estudar mais para o ano que vem. Nunca estudam, fato. A Red Bull é o aluno brilhante, que passou em todas as provas, tirou 10 com louvor e mesmo assim ainda vai à aula. E pior, copia toda a matéria, faz os exercícios e ainda estuda em casa! “Como ele consegue?” bradam os outros alunos, sofrendo com seus quatros e cincos enquanto fogem da recuperação.

Os mais aplicados da F1 (Foto: Red Bull/Getty Images)

A Lotus é o aluno descolado: frequenta festas, pega todas as menininhas, sofre com certa falta de dinheiro – embora ignore isso solenemente, mantendo a aparência e banca de playboy. E filho da puta ainda tira notas boas. “Como ele consegue?” bradam as Caterham, com suas namoradas feias e notas ridículas.

Ferrari. Rica. A patricinha. Tira boas notas, até. Sua imponência está acima da ralé do colégio, com quem não se mistura. Marussia? Não vi, sou rica demais pra isso. Faria bem se saísse do colégio. Tudo isso para esconder a sua própria incompetência, de quem nunca consegue superar a nerd Red Bull. Desdenha. Eu sou maior que tudo isso ela diz. Coitada, sabemos muito que o nome disso é inveja. É hora de descer do salto e estudar mais, caso não, terá que aturar mais um ano sendo a segunda da classe. E se não se cuidar, terceira, quarta…

A McLaren, pobrezinha, se perdeu esse ano. Nem parece que veio. Mudou de colégio? Pobrezinha. Depois que o namorado a largou, não conseguiu mais se afirmar entre as melhores alunas da sala. Tentou um latino endinheirado, está de caso com um loirinho. Mas não consegue se esquecer do moreninho. Ah, que saudades.

A Mercedes, imponente, surgiu meio do nada no colégio, botando banca de fodona, mas fazendo muito pouco. Largou um velho para pegar o moreninho da McLaren. Fura – olho, é como chamamos isso. Até que se deu bem, mas esperava mais, muito mais.

Enquanto isso, no fundão da sala, tristeza. Aquele rapaz, outrora alto, forte e bonito, parece muito mal. Tinha dinheiro e poder também. Agora, mendiga um trocado qualquer a qualquer que passa ao seu lado. Não é mais forte, anda desarrumado, não dá mais as cartas do jogo e parece até que encolheu. Acostumado com garotas formosas, namorou um bom tempo uma jovem, bonitinha até, mas temperamental. Sangue latino, sabemos como é. Explosiva, sim, mas sustentava seu lanche e pagava o cinema, o que ele aceitava de bom grado. Aceitava. Largou-lhe. Prefere algo mais sossegado. Uma namoradinha caseira, que faça as coisas certas, nada vistoso. Ah, Williams, você sim está no caminho certo.

Marussia e Caterham, a dupla. Os bagunceiros. Pequenos e burros. Não fazem nada certo. Não sei como permitem essa gentinha na escola, diz a Ferrari, com toda sua pompa. Calma lá, dona Italianinha. Se expulsarem essa gentinha e não entrar mais nenhum aluno a escola fecha. Aí ninguém mais vai ter aonde estudar, inclusive você.

E como pudemos notar, qualquer exercício de imaginação – não levem na maldade – se torna mais interessante que debater o fim do ano da F1.

Quem é Douglas Borges? De São Carlos, cresceu vivendo o automobilismo e espera continuar a fazer isso por muitos anos. Cursando a segunda série do Ensino Médio, é fã convicto de Red Hot Chili Peppers e Force India. Lamentou amargamente a morte de Dan Wheldon, um ídolo desde sempre. Trabalha com os pais, mas pretende seguir a carreira de jornalista em um futuro não muito distante.

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