Com Gasly na berlinda, quem são e onde estão as opções da Red Bull para 2020

A Red Bull novamente se vê no centro das especulações na ‘silly season’ da F1. Notoriamente insatisfeita com Pierre Gasly, a equipe dos energéticos deve sofrer nova mudança de dupla para 2020. Mas quem são os candidatos e quais as chances para assumir o lugar do cada vez mais contestado Gasly?

A Fórmula 1 já adentrou àquela fase em que as especulações ganham tanto ou mais destaque do que aquilo que acontece nas pistas. E a Red Bull é uma das protagonistas da nova temporada da ‘silly season’. Acontece que a equipe austríaca não esconde mais a insatisfação com a pouca performance apresentada por Pierre Gasly em 2019, e isso já abre um leque de possibilidades no quebra-cabeça que é a formação do grid, e que pode, inclusive, testemunhar algo raríssimo: ver o time procurar opções fora do severo programa de pilotos coordenado pelo igualmente implacável Helmut Marko. O caso é que Pierre vem um campeonato discreto, errático e não parece capaz de enfrentar Max Verstappen. Mesmo tendo o forte holandês ao lado e a paciência da equipe, o francês deixa a desejar
 
Neste momento, com nove etapas disputadas até aqui, Gasly aparece na sexta colocação da tabela, com 43 pontos. Com 126 tentos, Verstappen é o terceiro melhor da classificação, atrás apenas dos dois pilotos da Mercedes. Max, inclusive, já tem vitória no bolso. A questão é que Pierre não apresenta o mesmo ritmo que o companheiro e suas atitudes dentro da equipe parecem fortalecer a munição de seus críticos
 
Como é de costume, a pressão começa cedo na Red Bull. E Gasly viveu um início complicado, marcado por dois acidentes sérios na pré-temporada. Depois, teve apenas bons momentos, como no Bahrein, China, Azerbaijão e Mônaco. Muito pouco diante do que faz Verstappen. Além disso, há a insistência em querer moldar o time para si – algo que vem irritando a cúpula energética.  
Helmut Marko, o severo consultor e responsável pelos pilotos da Red Bull (Foto: Red Bull)
"Gasly não superou as expectativas. Ele tem de corresponder agora", já brada o consultador da Red Bull. De fato, Gasly se encontra na berlinda e, para seu azar, é refém da pouquíssima tolerância que a esquadra de Dietrich Mateschitz possui com aqueles que não entregam os resultados esperados. Ao longo da história, é notório perceber que a Red Bull se desfaz rapidamente de quem não lhe agrada. A lista é grande e tem nomes como os campeões da Fórmula E, Sébastien Buemi e Jean-Éric Vergne. Daí a margem para os rumores.
 
"Tudo deu errado desde o começo, com os dois acidentes em Barcelona, e ele já estava preocupado. Então fez boa corrida no Bahrein, onde foi eliminado em razão de um erro técnico da nossa parte, e fez uma boa corrida em Mônaco. Quando ele pilota sozinho, sempre há bons tempos de volta, mas o pacote no geral não se encaixa".
 
Diante do drama vivido por Gasly e do cenário que começa a se formar, é preciso entender como o francês alcançou esse ponto crítico, para também compreender quem são e onde estão as possibilidades que a Red Bull possui para 2020. E, sim, há opções interessantes e que podem chacoalhar o grid na próxima temporada.
 

O que acontece com Gasly?

 
Hoje com 23 anos, Gasly faz parte da renovação do automobilismo francês, que tem investido pesado com sua federação para ter mais e mais pilotos nas principais categorias do mundo. Destaque nos tempos de kart, Pierre foi aos monopostos em 2011 e, com algumas oscilações, concluiu o plano de chegar à F1 em 2017.
 
O caminho real para a F1 começou na F4 Francesa, seu primeiro passo depois do kart. O título não veio, mas o acesso para a F-Renault estava garantido. 2012 foi um ano em que Gasly esteve completamente irreconhecível e sequer vitórias teve, precisando seguir na mesma categoria no ano seguinte para, dominante, sagrar-se campeão. Era o primeiro grande momento de montanha-russa.
 
A temporada 2014 foi a que mostrou pela primeira vez que, sim, Pierre tinha potencial para estar no grid da F1 em pouco tempo. Em um dos melhores campeonatos da World Series nos últimos anos, o francês acabou com o vice ao perder para o promissor Carlos Sainz Jr. De quebra, foi ali que assinou com a Red Bull e entrou para o programa de jovens, algo que mudaria sua vida.
Pierre Gasly vem sofrendo pressão de todos os lados (Foto: AFP)
O acesso para a então GP2 foi garantido em 2015, alinhando com uma Dams que não era tudo isso. No entanto, o resultado poderia ter sido melhor que um oitavo lugar empatado com o companheiro de equipe Alex Lynn, que hoje está na Fórmula E. Em 2016, pela Prema, bateu Antonio Giovinazzi em um bom duelo e foi campeão, fazendo o que parecia ser suficiente para estar na F1.
 
Mas aí entrou em cena Helmut Marko com seu famoso temperamento. Quando Gasly, na empolgação, falou como piloto da Toro Rosso para 2017, o guru da Red Bull tratou de cortar as asinhas do jovem e garantiu que não teria vaga para o francês.
 
Aí, muito mais por orgulho que por qualquer outra coisa, a Toro Rosso de 2017 foi um caos completo. Começou o ano com Sainz e com um contestadíssimo e rebaixado Daniil Kvyat, aí Sainz foi para a Renault, Brendon Hartley saiu do WEC para ganhar uma chance já perto dos 30 anos e, após mais um rebaixamento de Kvyat, chegou a hora de Gasly.
 
O francês estava no Japão tendo talvez a melhor performance de um jovem na Super Formula nos últimos anos e só perdeu o título por uma corrida cancelada. Chamado na correria para tapar buraco na Toro Rosso, foi discreto, mas melhor que Hartley nas provas que fecharam aquela temporada.
 
Em 2018, finalmente a titularidade desde o início. O carro não era bom, ainda era começo de adaptação com o motor Honda, mas algumas provas chamaram muito a atenção de todos. Primeiro que Gasly dominou Hartley o ano inteiro, mas também fez sua parte com bastante competência: sexto na Hungria, sétimo em Mônaco e um espetacular quarto lugar no Bahrein.
 
Tudo indicava que 2019 seria o ano de consolidação para depois pensar em Red Bull, mas a saída surpreendente de Daniel Ricciardo para a Renault fez tudo mudar e Gasly, de forma precoce, foi parar no time principal da marca de energéticos.
Max Verstappen ofusca Gasly (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)
Quem são os candidatos e quais suas chances
 
Alexander Albon, 23 anos: A opção natural para a Red Bull é seguir a linha que vem adotando desde que entrou na F1 e trabalhar na continuidade, ou seja, promovendo alguém da Toro Rosso. Mais jovem e com resultados recentes melhores que o do companheiro, Albon, em tese, seria a primeira opção para o time austríaco.
 
Ainda que, assim como Gasly, tenha tido seus desentendimentos com Marko, Albon tem um claro prestígio na organização. Vale lembrar, por exemplo, que o tailandês foi pescado de fora do programa de jovens da Red Bull para assumir um cockpit na Toro Rosso. O que joga contra é que, por mais que seja talentoso e tenha feito ótimo trabalho na F2 e nas demais categorias de base, tem menos tempo de F1 do que Gasly tinha quando subiu. Seria extremamente precoce.
 
Daniil Kvyat, 25 anos: Pode faltar bastante coisa, mas experiência é algo que Kvyat tem de sobra. Contratado, demitido, renovado, rebaixado, promovido… Enfim, o russo praticamente passou por todos os estágios que um piloto pode encarar. E sobreviveu. 
 
Acontece que, por mais que a Red Bull tenha suas escolhas bem questionáveis, chamar Kvyat de volta seria a maior delas. Ainda muito errático, o russo perdeu totalmente a mão depois do rebaixamento para a promoção de Max Verstappen e parece apenas tapar buraco na Toro Rosso. De toda forma, pode ser tratado como bola de segurança pelos austríacos.
Alexander Albon seria a escolha natural (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)
Jüri Vips, 18 anos: Talvez aí esteja a melhor opção caso a Red Bull pense em insistir mais um pouco com Gasly. Vips é muito promissor, muito talentoso e tem só 18 anos de idade. Por uma Hitech que não é grandes coisas, ocupa a terceira posição na temporada da F3 e vem de luta por título na F3 Europeia e título na F4 Alemã. O estoniano foi recrutado para o programa de jovens dos taurinos não tem nem um ano, mas já é um ótimo candidato.
 
Lucas Auer, 24 anos: Bem mais velho que outros nomes do programa de jovens, o sobrinho de Gerhard Berger sempre pareceu uma boa opção na F1, mas não para uma equipe do tamanho da Red Bull. Auer entrou para o programa apenas este ano e tem a seu favor o fato de estar trilhando uma longa preparação, com F3 Europeia, Super Formula e até anos de DTM, sempre com resultados relevantes. De todo modo, seria no mínimo engraçado uma dupla formada por dois pilotos que estiveram juntos no fortíssimo grid da F3 Europeia de 2014 e se separaram por cinco anos em relação à data de entrada na F1.
 
Pato O'Ward, 20 anos: Meses atrás, quando a Red Bull buscou O'Ward na Indy, estava claro que era efeito do início ruim de Gasly e da falta de confiança nos pilotos da Toro Rosso. Acontece que Pato caiu muito de lá para cá e não aproveitou nem um pouco o final de semana que teve na F2. Agora, já fora da Indy, vai tentar a superlicença no Japão e precisará mostrar muito para não ter o mesmo fim que Dan Ticktum, chutado recentemente pelos austríacos após estar perto da Toro Rosso no ano passado.
 
Yuki Tsunoda e Liam Lawson, 19 e 17 anos, respectivamente: Os dois são completamente azarões no possível processo de substituição de Gasly. O japonês conta com o apoio da Honda no programa de jovens, enquanto o neozelandês é o caçulinha. Ambos estão bem apagados na temporada 2019 da F3, ou seja, já perdem bem no comparativo direto com Vips.
Patricio OWard, a surpreendente escolha da Red Bull (Foto: F2)
Faixa Bônus:
 
Nico Hülkenberg, 31 anos: Hülk certamente não tem o perfil de piloto que a Red Bull costuma contratar, mas parece ser a bola da vez no que seria uma espécie de troco dos austríacos na Renault, que levou Ricciardo ao final de 2018. Em ótima forma mesmo em um carro que não é lá muito competitivo, Nico sempre pareceu merecer ter equipamento para vencer corridas e brigar por título. Mas agora? Aos 31 anos?
 
Não seria muito comum, mas parece realmente insatisfeito com a Renault e, dois anos atrás, quase foi parar na Mercedes. Por tudo isso, apesar da idade, dá para acreditar no alemão na Red Bull, sim.
 
Esteban Ocon, 22 anos: Ainda não tem nada que indique que Ocon seja uma opção e convenhamos que imaginá-lo ao lado de Verstappen é quase uma loucura total, já que são grandes rivais há anos, mas não custa sonhar, né?
 
A Mercedes já avisou que encerra vínculo com o francês caso Ocon tope mudar de equipe, então parece que só um time grande mesmo possa tirá-lo dos prateados. Se Valtteri Bottas renovar, pode ser que Esteban pinte no mercado.
 

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