Como apresentação no PowerPoint convenceu chefe da Mercedes a contratar Russell

Depois de ter conquistado o título da Fórmula 4 Britânica, em 2014, George Russell foi sozinho ao escritório de Toto Wolff na Mercedes vestido em um apertado terno de primeira comunhão para exibir uma apresentação no PowerPoint. O austríaco se encantou com a astúcia do então menino de 15 anos e o contratou para o programa de desenvolvimento da equipe anglo-alemã

O objetivo final de boa parte dos jovens pilotos que desenvolvem suas respectivas carreiras no automobilismo é chegar à Fórmula 1. Quem pode, conta até com a ajuda do chamado ‘paitrocínio’, o dinheiro da família para alcançar seu objetivo, como Lance Stroll e Nicholas Latifi, que contam com a ajuda dos pais bilionários, para citar os exemplos da atualidade. Muitas vezes, contudo, não basta simplesmente ter bons resultados para conseguir a chance tão sonhada. Quando ainda era um menino, no auge da sua adolescência, aos 15 anos, George Russell marcou por e-mail um encontro com Toto Wolff, chefe da Mercedes. O prodígio levou consigo uma apresentação de PowerPoint, que acabou sendo decisiva para que a sua trajetória na carreira ganhasse um novo rumo.

Em entrevista concedida à emissora Sky Sports, Wolff conta como conheceu Russell e como foi convencido pelo piloto, hoje com 22 anos, a ser contratado para o programa de desenvolvimento da Mercedes. Atualmente, George desponta como grande candidato a, num futuro muito próximo, ocupar a vaga de piloto titular da equipe heptacampeã do mundo, ainda mais depois da ótima impressão deixada quando teve a chance ímpar de defender o time — em substituição a Lewis Hamilton, que não correu após ter testado positivo para Covid-19 — e quase vencer o GP de Sakhir, em dezembro de 2020.

“Tenho o contrato dele desde os 15 anos de idade”, explicou o austríaco. “Ele me avisou por e-mail que precisava de um conselho, disse que já havia vencido o campeonato britânico de kart e havia acabado de se tornar campeão da Fórmula 4 Britânica”, relembrou.

George Russell deu espetáculo na única vez que defendeu a Mercedes na F1. A apresentação no PowerPoint, lá em 2014, impulsionou o prodígio britânico (Foto: Mercedes)

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Naquele ano, Russell teve como principal adversário o indiano Arjun Maini. O britânico terminou o campeonato com 483 pontos, somente 3 a mais que o rival. Também fizeram parte daquele campeonato nomes conhecidos do automobilismo brasileiro como Gaetano di Mauro e Guga Lima, além do mexicano Diego Menchaca.

Com o título garantido, Russell foi a Brackley para um encontro decisivo na sua carreira.

“Ele veio ao meu escritório, sozinho em um terno com gravata preta, deve ter sido seu terno de primeira comunhão porque era um pouco apertado, e uma apresentação de PowerPoint. Nesta apresentação, ele listou todos os motivos pelos quais ele poderia ser um piloto de sucesso da Mercedes no futuro”, detalhou Wolff.

“Ele também tinha uma pergunta. Ele queria correr com a Carlin na Fórmula 3 e perguntou se era proibido porque eles usavam motores Volkswagen. E eu disse a ele: ‘Não, tudo bem, se você quer correr com a Carlin, vá em frente’. E ele está sob contrato com a Mercedes desde então”, disse o dirigente.

Russell pavimentou um caminho de enorme sucesso nas categorias de base do automobilismo. Depois de correr pela Carlin na Fórmula 3 Europeia e terminar em sexto na temporada 2015, o piloto seguiu na categoria, mas mudou de equipe e defendeu a Hitech, fechando em terceiro no ano seguinte. O campeão daquele ano foi Stroll. Em 2017, George foi campeão da GP3, hoje F3 Internacional, e continuou sua trajetória de títulos ao garantir a taça da Fórmula 2 em 2018 diante de fortes adversários como Lando Norris e Alex Albon. Em 2019, graças ao impulso da Mercedes, Russell foi alçado ao posto de titular da Fórmula 1 pela equipe Williams.

O que mais impressionou Wolff foi a postura de Russell diante de um dos homens mais influentes e poderosos da Fórmula 1 já naquela época.

“Foi bem feito, embora ele estivesse um pouco nervoso. Ele também parecia mais um contador do que um piloto. Primeiro ele colocou seu currículo junto com suas experiências anteriores. Em seguida, uma página com seus pontos fortes, seguida por outra com seus pontos fracos, seguida de como ele deseja continuar trabalhando em seus pontos fracos”, lembrou.

“Ele tinha também um roteiro de carreira traçado, com o objetivo final de pilotar para a Mercedes na Fórmula 1. Então, ele já tinha tudo planejado na cabeça”, concluiu Toto Wolff.

Em 2021, Russell vai para seu terceiro ano de contrato com a Williams. Mas, no horizonte, aguarda ansiosamente pela oportunidade que traçou na apresentação de PowerPoint que mudou sua vida e defender, como titular, a heptacampeã Mercedes.

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